Raquel (Taís Araujo) em Vale Tudo: ela foi à lona e deu a volta por cima em passe de mágica - Foto: Reprodução/TV Globo
A trajetória profissional de Raquel (Taís Araújo) em Vale Tudo virou um dos maiores absurdos do remake. A personagem até começou com coerência dramática, mas a gangorra criada pela autora Manuela Dias tornou a trama inverossímil. Depois de perder tudo, a empreendedora já recuperou o mesmo patamar de sucesso em um passe de mágica.
Raquel construiu seu negócio depois de vender sanduíches na praia, abriu um restaurante de sucesso, venceu um reality show de culinária, estrelou comercial e se tornou referência como empresária batalhadora. Mas a narrativa degringolou em seguida.
Depois de perder a Paladar por causa da traição de Celina (Malu Galli), que vendeu sua parte para Odete (Debora Bloch), Raquel foi à lona: viu sua empresa ser liquidada por vingança e voltou a vender sanduíches na areia.
As perdas significativas e o golpe duro na heroína não duraram nem três capítulos completos até tudo ser desfeito outra vez. Celina repassou o imóvel onde funcionava a Paladar aos nomes dos ex-sócios para se redimir, e Raquel reabriu a empresa –misteriosamente com o mesmo nome–, como se nada tivesse acontecido.
Mesmo a Paladar tendo sido extinta judicialmente e nas mãos da vilã que era sócia majoritária, não houve explicação para essa reconstrução, que incluiu até a recontratação dos funcionários.
A partir daí, a escalada de Raquel ganhou um ritmo tão irreal que serviu apenas para escancarar a barriga criada pela autora. Em pouco mais de três meses, Raquel reconstruiu a Paladar, virou capa de revista, conquistou um contrato com uma rede de universidades e, agora, fechará uma festa milionária com Laurita (Maria Padilha).
O problema não é a volta por cima, que faz parte da narrativa dos folhetins, mas o atropelo no roteiro. Essa virada na história anula o impacto da queda anterior, minimiza o sofrimento da protagonista e até banaliza suas conquistas. Os altos e baixos sem consequências transformam a protagonista em uma caricatura de resiliência, infelizmente.