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Interior em crescimento: o dinamismo das regionais do Acre no mercado formal

Por
Orlando Sabino

Nos últimos cinco anos, o Acre vivenciou uma trajetória de expansão do emprego formal, evidenciada pelos dados do Novo CAGED. Essa base de informações permite compreender com mais clareza a dinâmica do mercado de trabalho formal, fornecendo subsídios para políticas públicas e estratégias de desenvolvimento econômico.


No artigo de hoje vamos analisar o desempenho das Regionais e dos municípios do Acre. Acreditamos, que o acompanhamento do Novo CAGED é uma ferramenta de inteligência econômica. Para o Estado, serve como guia para políticas macroeconômicas, qualificação de mão de obra e atração de investimentos. Para os municípios, é um insumo essencial para alinhar desenvolvimento local, arrecadação e políticas sociais.


Na tabela a seguir do Novo CAGED,  mostra a evolução do número (estoque) de trabalhadores com carteira assinada no Acre e suas regionais. Os dados são anuais, referentes os meses de julho, iniciando em 2021 e indo até 2025. Os dados revelam um crescimento consistente do emprego formal em todas as regionais, mas com ritmos diferenciados.



No total do estado, o estoque de vínculos formais passou de 88,7 mil em 2021 para 114,4 mil em 2025, uma variação de 29% no período. Esse avanço indica expansão da formalização do trabalho, ainda que concentrada em alguns polos regionais.


O Purus foi a regional que mais cresceu proporcionalmente (+89,8%), saltando de 3,2 mil para 6,2 mil vínculos. Isso mostra uma forte dinamização do emprego formal, possivelmente ligada à expansão de serviços públicos, comércio e atividades agroextrativistas. O Juruá também apresentou aumento expressivo (+33,7%), atingindo mais de 10,9 mil trabalhadores formais em 2025. O Alto Acre seguiu a mesma tendência, com crescimento de 32,9%, consolidando-se como polo regional de empregos. A do Tarauacá/Envira avançou 28,8%, mantendo trajetória estável. O Baixo Acre, região que concentra a capital Rio Branco e a maior parte da atividade econômica do estado, cresceu 25,3%, passando de 69,6 mil para 87,2 mil vínculos. Apesar de ser a menor variação relativa, é o maior volume absoluto de empregos criados. 


O cenário mostra que: o crescimento do emprego formal não se restringe à capital, já que as regionais do interior, especialmente o Purus, tiveram ritmo mais acelerado. A evolução positiva em todas as regionais sugere uma descentralização gradual das oportunidades de trabalho, ainda que em níveis distintos. Em síntese, entre 2021 e 2025, o Acre registrou avanços relevantes no mercado formal, com destaque para o dinamismo do interior, mas mantendo a capital e o Baixo Acre como eixos centrais do emprego. A seguir descrevem-se o desempenho de cada regional e os seus respectivos municípios nos últimos 5 anos.


Regional do Purus


A evolução do emprego formal na regional entre julho de 2021 e julho de 2025, mostra um saldo  bastante positivo: o número de trabalhadores com carteira assinada quase dobrou (+89,8%), passando de 3,3 mil para 6,2 mil, conforme tabela a seguir.



Sena Madureira é o grande motor da região, responsável pela maior parte dos vínculos (de 3,0 mil para 5,7 mil, crescimento de 90,9%). Manoel Urbano também apresentou desempenho expressivo, quase duplicando o estoque de empregos (+94,5%). Em contrapartida, Santa Rosa do Purus foi o único município com queda acentuada (-40%), refletindo limitações econômicas locais e baixa diversificação produtiva. A Regional Purus mostra dinamismo no mercado de trabalho formal, puxado por Sena Madureira e Manoel Urbano, enquanto Santa Rosa do Purus segue como ponto crítico de estagnação.


Regional do Juruá


Na regional o estoque de trabalhadores formais cresceu 33,7% entre 2021 e 2025, passando de 8,1 mil para 10,9 mil vínculos. Cruzeiro do Sul concentra a maior parte dos empregos e cresceu 28%, mantendo-se como polo regional. Os números de Rodrigues Alves estão fora da curva em relação aos demais municípios do Acre. 



Apesar de ter sido o destaque relativo, com expansão de 227,7%, pode significar alguma política de emprego temporário que justifique esse forte dinamismo no período, conforme tabela a seguir.


Marechal Thaumaturgo (+84,4%) e Mâncio Lima (+63%) também tiveram avanços significativos. Já Porto Walter mostrou estagnação, com crescimento modesto de apenas 6%. Em síntese: o Juruá teve desempenho positivo e diversificado, mas ainda fortemente dependente de Cruzeiro do Sul, enquanto alguns municípios menores despontaram com crescimentos mais moderados.


Regional do Alto Acre


Os dados da regional  mostram que o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 32,9% entre julho de 2021 e julho de 2025, passando de 4,8 mil para 6,4 mil vínculos.


Brasileia liderou em expansão relativa, com aumento de 37,6%, seguida de Epitaciolândia (+34,9%), justificado, em parte, pela existência  do Complexo Agroindustrial próximos aos municípios. Xapuri também apresentou crescimento expressivo (+26,2%), reforçando sua importância histórica na região. Já Assis Brasil teve avanço mais tímido (+13,8%), permanecendo como o município com menor estoque de empregos formais, conforme tabela a seguir.



Em síntese, o Alto Acre obteve crescimento consistente no mercado formal, impulsionado principalmente por Brasileia e Epitaciolândia, que juntos concentram a maior parte das novas vagas criadas.


Regional do Tarauacá/Envira


Essa  regional mostra crescimento de 28,8% no estoque de trabalhadores formais entre 2021 e 2025, passando de 2,8 mil para 3,6 mil vínculos.


Feijó foi o destaque, com aumento de 47%, alcançando 1.485 empregos formais em 2025. Tarauacá também apresentou evolução consistente, crescendo 28,9% no período, conforme tabela a seguir.



Jordão praticamente não avançou, registrando variação positiva de apenas 2,4%, permanecendo como o município mais frágil da regional


Em resumo: a região Tarauacá/Envira teve desempenho positivo no mercado de trabalho formal, sustentado principalmente por Feijó e Tarauacá, enquanto Jordão se manteve estagnado.


Regional do Baixo Acre


Finalmente, a tabela a seguir é da Regional do Baixo Acre e mostra que o número de trabalhadores formais cresceu 25,3% entre 2021 e 2025, passando de 69,6 mil para 87,2 mil vínculos.


A capital Rio Branco, que concentra a maior parte dos empregos, avançou 23,7%, chegando a mais de 77 mil vínculos. Entre os municípios do interior, os maiores destaques foram Senador Guiomard (+75,4%), Plácido de Castro (+42,7%) e Bujari (+42,5%).



Acrelândia (+6,5%) e Capixaba (+6,2%) tiveram crescimento tímido, enquanto Porto Acre ficou em nível intermediário (+20,9%). 


Em síntese: o Baixo Acre continua sendo o principal polo de empregos do estado, puxado por Rio Branco, mas o dinamismo relativo maior no período foi observado em municípios menores, especialmente Senador Guiomard.


Comentários finais


O desempenho recente do Acre no emprego formal revela duas tendências complementares. De um lado, mantém-se a hegemonia do Baixo Acre, que concentra cerca de três quartos dos vínculos formais do estado. De outro, observa-se o dinamismo crescente do interior, sobretudo em Manoel Urbano, Sena Madureira, Marechal Thaumaturgo, Senador Guiomard, Mâncio Lima, Feijó, Placido de Castro, Bujari, Brasileia e Epitaciolândia, que lideraram em termos relativos. 


Esse cenário aponta para uma gradual descentralização econômica, ainda que desigual, reforçando a importância de políticas voltadas à diversificação produtiva, infraestrutura e qualificação profissional em todas as regionais. A consolidação dessas tendências poderá ampliar as oportunidades de trabalho, reduzir disparidades regionais e fortalecer a base do desenvolvimento sustentável no Acre.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas


 


 


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