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Governo Trump ameaça esvaziar o G20 e limitar agenda do bloco

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O governo do presidente Donald Trump está ameaçando esvaziar o G20 quando assumir a Presidência do grupo, em 2026.


Durante uma reunião de autoridades do bloco realizada nesta quinta-feira (25) às margens da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, a representante americana, Allison Hooker, deixou claro que Trump pretende retirar da agenda do G20 todos os temas considerados “secundários” para Washington, especialmente os ligados à justiça social, à proteção ambiental e à garantia da paz.


Segundo Hooker, o G20 “precisa voltar às suas origens”, quando era um fórum limitado a ministros da Fazenda, criado em 1999 para discutir as crises financeiras internacionais.

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“A agenda do G20 se expandiu para áreas muito além de seu limite original. Em vez de se concentrar nas questões econômicas globais urgentes, o G20 passou a debater todas as questões políticas controversas do momento”, criticou ela.


A representante americana apresentou na sequência a receita de Washington para esfacelar o grupo durante a sua Presidência em 2026:


“Primeiro, vamos reorientar o G20 para sua missão econômica central. Não passaremos horas debatendo questões de gênero ou vigilância de pandemias. Segundo, vamos simplificar os processos do G20. Vamos reduzir o número de grupos de trabalho, reduzir a burocracia e vamos aprimorar nossas linhas de ação. Terceiro, vamos nos concentrar em resultados. Palavras vazias não resolvem guerras, nem colocam comida na mesa das pessoas”, disse ela.


A mensagem foi muito clara. Enfraquecer o G20 é parte importante da estratégia isolacionista da política externa americana, baseada no lema de “America first”.


Este posicionamento contrasta fortemente com as conquistas recentes do G20.


Composto pelas maiores economias do planeta, o grupo se consolidou nos últimos anos como um dos espaços mais importantes para a busca de soluções para problemas globais que extrapolam a esfera econômica.


Muitos líderes passaram inclusive a enxergar o G20 como mais relevante que a própria ONU, diante do enfraquecimento do sistema das Nações Unidas provocado entre outras coisas pelo uso recorrente do poder de veto dos países com assento permanente no Conselho de Segurança – especialmente Estados Unidos e Rússia.


Não por acaso, o G20 se converteu em palco de articulações sobre clima, combate à fome e gestão de crises internacionais.


O Brasil teve papel importante nesse processo ao assumir pela primeira vez a Presidência do fórum em 2024.


O governo brasileiro impulsionou iniciativas como a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que mobilizou dezenas de países e organismos internacionais, além de promover a primeira Cúpula Social do G20, dedicada a temas de inclusão e igualdade.


Também houve avanço na discussão sobre a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, num esforço para ampliar o acesso ao crédito para países do sul global.


Um trabalho similar está sendo desenvolvido este ano pela África do Sul, ocupando a Presidência temporária do bloco.


Na mesma reunião em que Hooker apresentou a versão de um G20 completamente esvaziado, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, adotou uma linha diferente, elencando muitos pontos sociais que serão debatidos na cúpula de Joanesburgo, em novembro.


“Sem paz, não pode haver desenvolvimento sustentável”, afirmou.


“Mais de 85% dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estão atualmente fora do caminho. Os retrocessos são particularmente graves no combate à fome, à pobreza extrema e ao aumento da desigualdade e precisamos combater isso”, disse ele.


Caso consiga de fato reverter o papel do G20, Trump vai dar continuidade aos seus movimentos isolacionistas que enfraquecem órgãos globais.


O presidente já retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, o principal instrumento internacional de combate às mudanças climáticas, promoveu cortes severos em contribuições a agências da ONU, saiu da Unesco e bloqueou iniciativas na Organização Mundial do Comércio.


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