Shows de ódio, vingança e hipocrisia

Por
Valterlucio Campelo

Em algumas capitais, alguns milhares de pessoas compareceram às ruas neste domingo, 21 de setembro, para aplaudirem os artistas que resolveram cantar em protesto contra o PL da Anistia que deve ser votado brevemente, quando for apresentado o relatório do deputado Paulinho da Força. Contraditoriamente, na juventude, muitos deles estiveram nas mesmas ruas para, em sentido contrário, pedirem anistia. É como dizer que que os idosos da praça dos três poderes em 8 de janeiro são mais perigosos do que os terroristas da VAR Palmares, ALN e VPR juntas.


É oportuno lembrar que assaltantes, sequestradores e assassinos do movimento de esquerda que queriam implantar uma ditadura socialista no Brasil, foram alvo de uma anistia em 1979, ampla, geral e irrestrita. Basicamente, promulgada em 28 de agosto daquele ano, a Lei nº 6.683 lei anistiou:


Ativistas e militantes que haviam cometido crimes políticos ou correlatos durante o regime, como membros de organizações de esquerda que participaram da luta armada.
Membros das forças de segurança que cometeram crimes no exercício de suas funções. Este ponto em particular gerou controvérsia.


A partir daí, todos os terroristas foram indenizados e muitos até hoje vivem às custas do povo brasileiro, em valores que somam mais de 5,0 bilhões de reais anuais. Alguns voltaram para a carreira política e ocuparam/ocupam generosos espaços no governo Lula e Dilma, sendo ela mesma uma das terroristas anistiadas. Foi o verdadeiro processo de pacificação pelo esquecimento de lado a lado, de um período de enfrentamento político radicalizado pelas condições da época.


Podemos dizer que tivemos hoje nas ruas um movimento tático e oportunista. A esquerda, que nos últimos anos andava escondida ou incapaz de sair às ruas, juntou artistas populares, a insatisfação com a PEC da Blindagem, o falso patriotismo que exibe sem pudor contra toda a sua natureza, as bandeiras das minorias e o PL da Anistia. É um golpe hipócrita, realizado com apoio da mídia, para superestimar o movimento anti-bolsonarista.


Hipócrita porque sabem que aquelas pessoas da praça dos três poderes estão presas injustamente para compor uma narrativa de bem antes, que elas são totalmente inocentes, que jamais, nem que sonhassem, poderiam dar qualquer golpe de estado.


Hipócrita porque a ideia de um socialismo nacionalista é um conceito que contraria a visão tradicional do socialismo, que é internacionalista. O socialismo clássico, como o de Karl Marx, assim como o da Escola de Frankfurt de onde egressa toda essa gente moderna, via a luta de classes como algo que transcende fronteiras nacionais, unindo a classe trabalhadora de todo o mundo. Sabe quando o socialismo foi nacionalista? Com o NAZISMO. Ah! E na China, com Mao Tse-Tung.


Hipócrita porque os artistas ali presentes e muitos dos políticos que dão força a esse movimento contra a anistia, foram beneficiados por ela quando praticaram verdadeiros crimes (tortura, sequestro, assassinato, assaltos…). Ou seja, querem para o adversário, o veneno que se negaram a tomar em seu tempo.


Hipócrita porque misturam solertemente, no mesmo protesto, coisas diferentes. Uma coisa é o PL da anistia, outra coisa a PEC da Blindagem e, mais outra, é a reação americana à violação de direitos humanos praticada por Alexandre de Moraes, segundo a Lei Magnitsky. Sem razão nem capacidade de mobilização contra a anistia, ampliaram o leque de protestos e pediram socorro aos artistas. Show de graça, falsas bandeiras e alguma festa tem que haver.


Quatro vezes hipócritas é o que são. Mentirosos, farsantes vingativos que querem impor ao brasileiro uma visão de mundo atrasada, vencida pela história, que só trouxe miséria e morte por onde andou. Com o objetivo de afastar das urnas os concorrentes que ameaçam o establishment, esse mesmo grupo de poderosos que rouba bilhões do INSS, que tem diálogos cabulosos com as organizações criminosas e, por isso, detestam a ideia de que sejam declaradas organizações terroristas pelos EUA, se passam por democratas.


Enquanto fazem shows flopados com velhos mamateiros da Lei Rouanet, sete em cada dez brasileiros em idade ativa para o trabalho começaram este semestre inscritos nos programas sociais do governo federal. Já são 94 milhões de pessoas com idade variável entre 15 e 64 anos que podem ser encontrados no Cad-Único, inscritos em dezenas de programas que consomem quase meio trilhão de reais anualmente. É um governo que aumenta o número de dependentes, diz que a família que junta 3,4 mil reais por mês já é classe média e, portanto, a pobreza está caindo.


Partidos e líderes de direita que querem alterar essa situação são perseguidos permanentemente, caçados em suas contas, em suas vidas e cassados em suas palavras sempre monitoradas por quem deveria estar garantindo a sua liberdade. A esquerda os quer mortos como tentaram com Bolsonaro e conseguiram com Charlie Kirk. O Brasil que ontem foi às ruas é uma piada. É a ponta de lança do retrocesso onde balança pálido o estandarte do ódio, da inveja e do autoritarismo.


Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.


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