Jorge Viana vive hoje uma vida de marajá. Duas aposentadorias milionárias — uma de ex-governador, outra de ex-senador — e ainda a façanha de ter mexido no estatuto da Apex para garantir um cargo de salário gordo, mesmo sem saber dizer um “good morning” sem sotaque. É a vida boa. Mas, apesar disso, o ex-reizinho do Acre parece estar em modo desespero.
E dá pra entender. A dor de cotovelo é antiga e a pereba longe de ser cicatrizada. Em 2018, na tentativa de se reeleger ao Senado, Jorge levou uma surra daquelas: apenas 14% dos votos. Um fiasco. Ficou com menos da metade de Sérgio Petecão e 10% de votos abaixo de Márcio Bittar — ambos apoiados por Gladson Cameli. Já em 2022, foi outra pancada: Gladson atropelou todo mundo no primeiro turno. De cada dez eleitores, seis escolheram Cameli, enquanto Jorge se arrastou com 2,4. São derrotas tão pesadas que até hoje parecem atravessadas na garganta de quem já reinou absoluto por 20 anos.
Em 2024, Jorge encarnou a “amante argentina”: apoiava Marcos Alexandre, mas não podia aparecer em público ao lado dele. Nos debates, nas caminhadas, nas fotos, nada. Apoio escondido, quase clandestino. Uma vergonha.
E, se depender das pesquisas, 2026 promete ser o terceiro tombo seguido. Caso se confirme, Jorge vai poder pedir música no Fantástico. O único índice em que ele lidera disparado é o da rejeição.
Talvez fosse a hora de relaxar. Tomar um refrigerante ou uma cajuína atravessando a ponte da Sibéria, obra finalmente entregue por Gladson depois de duas décadas de promessas petistas. Se animar, pode esticar até Xapuri pela Estrada Variante — também prometida pelo PT e realizada pelo atual governador. Em Sena Madureira, um mandi frito debaixo da ponte cai bem. Se exagerar na porção, não tem problema: basta passar no Pronto-Socorro que o PT deixou inacabado por mais de 10 anos.
E quando vier passear no Acre bancado pelas viagens da Apex, que tal brindar com um refrigerante Cruzeirense no Igarapé Preto, indo pela duplicação da AC-405. A paisagem ajuda a refrescar a cabeça.
Ah! Já que gosta de falar de quem foi embora, Jorge poderia incluir na lista alguns colegas de estrada: Binho Marques, Aníbal Diniz, Leo de Brito… nomes que, assim como ele, perderam o fôlego político por aqui.
No fim, o destino parece traçado. Nas tantas viagens pelo mundo, talvez Jorge já tenha aprendido a palavra que deve ouvir das urnas em 2026: goodbye. Em bom português, adeus.
*Luiz Calixto é o atual secretário de Governo