Foto: Airton Fernandes
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) inicia, neste sábado (20), a operação do sistema Defesa Civil Alerta em Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Brasiléia e Jordão. A plataforma, desenvolvida pelo Governo Federal, promete revolucionar a comunicação de riscos iminentes, enviando avisos diretamente para celulares sem necessidade de cadastro. Em entrevista exclusiva ao ac24horas, nesta quarta-feira (17), Ricardo Branco, coordenador de Alerta e Inovação do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), detalhou o funcionamento da ferramenta, suas limitações e responsabilidade pela operação.
O lançamento ocorre em meio a desafios regionais, como a precariedade de sinal de celular em áreas remotas do Acre. “Fizemos um treinamento com todas as defesas civis que estão recebendo o sistema. Vencida essa etapa, vamos demonstrar para a população como funciona a ferramenta: não precisa de cadastro nenhum, as pessoas vão receber os alertas toda vez que a defesa civil estadual detectar um risco iminente naquela localidade”, explicou Branco. O teste está marcado para às 15h (horário de Brasília), ou 13h no Acre. “A ferramenta vai funcionar, posteriormente, para qualquer município. Qualquer risco que a Defesa Civil Estadual julgar ser necessário fazer o alerta, vai ser possível fazer o envio”, complementou.
Sobre a efetividade do alerta em localidades conhecidas por interrupções frequentes de sinal e internet, Branco enfatizou que o Defesa Civil Alerta é um complemento, não o único meio de comunicação. “O Defesa Civil Alerta é mais uma forma de alertar, mas não deve ser considerada a única. A gente sempre recomenda que as defesas civis estaduais divulguem, inclusive por rádio, televisão, fazendo comunicação ponto a ponto mesmo”, indicou.
Sobre a velocidade de envio, o coordenador destacou a simultaneidade: “A ferramenta é simultânea, única para o Brasil inteiro, desenvolvida pelo Governo Federal. Uma vez que o agente entrar na plataforma e fizer as configurações de alerta – lembrando que estamos falando sobre diversos tipos de alertas, como chuvas, deslizamentos, alagamentos, incêndios florestais –, ele seleciona por quais métodos quer que sejam enviados: pode ser só por WhatsApp, Google, TV por assinatura, ou todos simultaneamente”.
Preocupações com golpes cibernéticos, comuns em áreas com baixa instrução digital, também foram abordadas durante a entrevista. “Ele não é enviado por número nenhum. Na hora que esse alerta chega em seu telefone celular, ele abre um pop-up na tela, interrompe tudo o que você está fazendo. Se o telefone estiver silencioso, ele vai fazer um barulho. A única interação que vai pedir é um clique em ‘OK’, mas não faz coleta de dados nenhuma, nem pede qualquer tipo de interação”, tranquilizou Branco. O sistema é “one way”, ou seja, unidirecional, e atinge todos os aparelhos em uma localidade via torres de celular – inclusive turistas. “Temos reuniões constantes com a Anatel e com operadoras de telefonia celular, fazendo sempre apontamentos sobre questões de segurança, mas não há como fingir o recebimento de alerta com as características que estamos descrevendo”, respondeu.
Quanto ao alcance, Branco revelou que não há contagem exata de receptores. “Como característica do sistema de distribuição do aviso, não há como saber a quantidade de pessoas que recebem um aviso. A tecnologia foi feita para irradiar uma mensagem de emergência, então não coleta informações. Todas as pessoas que têm telefone celular fabricado a partir de 2020, homologados pela Anatel, e que estiverem conectados nas regiões 4G e 5G, no momento do alerta, vão estar recebendo”, destacou o coordenador.
A demonstração ocorre no dia 20, próximo sábado, e a partir do dia 24, o sistema estará disponível para todo o Acre, operado pela Defesa Civil Estadual. O ac24horas conversou com o Coronel Carlos Batista, coordenador da Defesa Civil Estadual do Acre. “O sistema de alerta IDAP [Interface de Divulgação de Alertas Públicos] a defesa civil estadual já teve capacitados seis integrantes, para que nós possamos fazer os deveres das alertas”, afirmou Batista.
O centro de operação fica na sede da Defesa Civil, ao lado do Corpo de Bombeiros, no bairro Morada do Sol, em Rio Branco. O disparo das mensagens obedece a uma linha de comando. “Essa linha de comando funciona através do monitoramento dos desastres. Após fazer toda uma avaliação pelos órgãos de monitoramento, e se mostra que tem um evento extremo que está com a iminência de ocorrer, eu autorizo o devido envio para a população de interesse”, colocou Batista.