Em vida, Cleriston Pereira da Cunha, jamais imaginou que a sua morte iria provocar tantas especulações.
No dia 21-11-2024, o cidadão Cleriston Pereira da Cunha morreu e em sua homenagem emergiu o personagem Clezão, afinal de contas, num país politicamente radicalizado e polarizado, até mesmo a morte de um presidiário se presta para alimentar a nossa radicalização política, como se a morte do Clezão, no interior de um presídio, fosse algo raro.
Raro não foi. E por que não? Porque no decorrer do ano de 2024, segundo informações oficiais do nosso sistema prisional, 2.063 presos morreram no interior das nossas casas prisionais. Portanto, resta claríssimo que a sua morte está sendo explorada politicamente, e particular, pelos partidários do bolsonarismo.
Quem já teve a infeliz oportunidade de visitar algumas das nossas penitenciárias certamente observaram as condições humanas, ou mais precisamente, sub-humanas, dos seus detentos. Pelas mais diversas motivações os nossos presos, diariamente, estão perdendo suas vidas.
Que os familiares do Clezão continuam indignados com a sua morte, nada mais previsível e consequente. Quanto à exploração política da sua morte por terceiros, nada mais inconsequente.
O nosso país, ao lado dos EUA e da China, perfaz o trio de países, com maior volume de presos no mundo. Bastaria este dado para chamar a atenção da urgentíssima necessidade do nosso sistema prisional passar uma ampla e cuidadosa reformulação.
Se apenas 15 das maiores cidades do nosso país tem suas populações superiores a um milhão de habitantes e o volume dos nossos aprisionados caminha para atingir 1.000.000 de aprisionados e só ainda não atingiu porque milhares de sentenciados continuam vivendo na clandestinidade, não será politizando a morte de um dos nossos presos que o nosso sistema prisional será minimamente humanizado.
Pior que o volume de presos no nosso país vem ser a discriminação racial e social a que são submetidos, posto que, os pretos e pobres invariavelmente compõem a grande maioria deles, e de outro lado, dificilmente, vamos encontrar um branco rico trancafiado.
No Brasil, prende-se muito, mas prende-se mal. Exemplo: quando um jovem é preso por ter cometido um crime de baixa periculosidade e é jogado numa das nossas prisões, muitas delas, tidas e havidas, como verdadeiras faculdades criminosas, quando de lá saem, não raro, saem devidamente treinado para integrar uma das nossas organizações criminosas, entre elas, o PCC e o CV. Não por acaso, no nosso Acre os nossos criminosos já estabeleceram uma organização “Made in Acre”, no caso, a B-13.