Dependendo da natureza de um crime, anistiar quem dele tenha participado não se prestar como exemplo.
O movimento revolucionário que vigorou no nosso país, entre os anos 1964/1985 só chegou ao fim quando uma proposta de anistia ampla, geral e irrestrita, beneficiando as partes em conflito foi proposta e aprovada. Reporto-me aos torturados e aos corpos dos revoltosos que desapareceram e aos torturadores e assassinos que em nome poder cometeram os mais inaceitáveis e horripilantes crimes.
Acontece que, determinados crimes não são passíveis de anistia, entre eles e a se destacar, os golpes de Estados, efetivados e/ou tentados, afinal de contas, nenhum outro crime poderá ser mais grave do que aquele que conspira e ameaça a nossa própria democracia.
Lamentavelmente, estamos vivenciando um julgamento que diz respeito a mais uma tentativa de golpe de Estado e tendo como comandante e principal acusado o ex-presidente Jair Bolsonaro, este por sua vez, acumpliciado por vários contingentes de pessoas bem posicionadas nas nossas estruturas de puder, no meio deles, alguns militares de altas patentes das nossas forças armadas.
A despeito das muitas tentativas de golpe de Estados, pois mais de uma dezena delas já ocorreram no nosso país, pela primeira vez, os potenciais golpistas estão sendo julgado pela instância máxima do nosso poder judiciário, no caso, pelo nosso STF-Supremo Tribunal Federal.
Como seria de se esperar, o referido julgamento já resultou numa série de questionamentos e ao invés de resultar nas punições dos culpados ou nas inocências dos acusados, coloca o nosso país numa situação para além de delicada, bastante perigosa, até porque, para os bolsonaristas, o nosso STF, e em particular, o ministro Alexandre de Moraes, não está fazendo justiça, sim e tão somente vingança, enquanto para os lulistas, sim e tão somente, justiça.
Por mais uma vez a radicalização Lula/Bolsonaro impossibilitará que surja um acordo entre as partes, menos ainda, que uma anistia possa acontecer, e em não acontecendo, tempo tenebrosos virão e em suas disputas, o próprio STF, enquanto árbitro, já se encontra com parte de sua própria autoridade, no mínimo, bastante questionada.
Por exemplo: o tratamento que o pastor Silas Malafaia vem dispensando ao nosso STF e com todo ódio e veneno, ao ministro Alexandre de Moraes, não poderá ficar sem respostas, a não ser que o seu poder como todo e qualquer explorador da fé, lhes tenha sido conferido pelo seu “deus” e não pelo nosso “Deus”, este escrito com D maiúsculo. Daí a pergunta que não pode calar: se somos um país laico porque misturarmos justiça, política e religião?