Foto: Iago Nascimento
O deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) foi entrevistado no programa Boa Conversa, Edição Aleac, nesta terça-feira, 16, onde comentou sobre a pauta da Assembleia Legislativa, a mobilização do PCdoB para as eleições de 2026 e o impacto histórico da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Logo no início, Magalhães destacou a necessidade de destravar a pauta de votações na Casa. “É necessário que se destrave para que se vote qualquer outra propositura. O que trava a pauta são alguns vetos e alguns que vão merecer debate, debate no plenário, porque, na minha opinião, inclusive, não tinha sentido de existir. O veto, por exemplo, que trata do sistema penitenciário, que foi uma emenda à lei de diretrizes orçamentárias, é de autonomia do parlamento propor aprovar. Então, o veto não é um veto jurídico, é um veto político. E quando é um veto político, a gente tem que fazer a discussão política sobre ele”, afirmou.
O parlamentar também falou sobre o ciclo de conferências do PCdoB, que percorreu 21 dos 22 municípios do Acre e culminará na conferência estadual, marcada para esta sexta e sábado. “Nós fizemos e tomamos a decisão mais acertada, que é a de fazer o diálogo olho no olho, de forma presencial, com as nossas militâncias, com os nossos dirigentes, com os aliados que prestigiaram vários municípios, as conferências municipais, e com novos filiados. Nosso partido tem essa prática de fazer o diálogo de corpo presente. A gente não só funciona nos anos eleitorais”, disse.
Segundo ele, a meta inicial era mobilizar mil militantes, mas o número superou as expectativas. “Nós mobilizamos, nas nossas conferências todas as municipais, 1.186 militantes. Uma grande participação de jovens e uma grande participação de mulheres. Portanto, é um momento de efervescência, de retomada da mobilização partidária, de fortalecimento dos movimentos sociais onde a gente atua. A nossa expectativa é de que a Conferência Estadual vai coroar esse momento. Nós devemos ter a presença de 250 delegados e mais convidados nesta conferência, que irá discutir na sexta, com a sua abertura à noite, e durante todo o dia do sábado, a estratégia eleitoral. Mas também fazer uma análise do momento político que passa o país, que passa o mundo e também que passa o nosso Estado”, explicou.
Ao ser questionado sobre as metas eleitorais de 2026, Magalhães lembrou que o PCdoB integra a federação com o PT e o PV. “O que nós defendemos é um palanque fortalecido. São chapas competitivas para deputado federal, chapas competitivas para deputado estadual. A disputa do governo e a disputa do Senado. Nós temos que nos apresentar com essa característica, com um programa que fale para o futuro do Estado do Acre, que enfrente as mazelas que nós estamos vivendo, um Estado que tem decrescido a sua economia, que baixou a sua capacidade de fazer investimento público, que rebaixou do ponto de vista o nosso posicionamento da qualidade do ensino no plano nacional. Nós já disputamos os 10 primeiros lugares, agora estamos nos últimos lugares. Então há uma necessidade de fazer uma mudança profunda do ponto de vista daquilo que é um programa avançado de desenvolvimento para o nosso Estado e de políticas sociais para o nosso povo. Nosso objetivo é ampliar a nossa participação no parlamento, inclusive, recobrando a nossa vaga de deputado federal com a candidatura da Perpétua Almeida”, destacou.
Sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pelo crime de tentativa de golpe de Estado, o deputado classificou o julgamento como histórico por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). “Primeiro que o Acre, o Brasil e o mundo assistiram ao vivo um processo transparente, onde o excesso de provas, no curso da instrução, dos depoimentos e depois dos julgamentos, foram apresentados de forma clara, transparente para o mundo inteiro. Ontem mesmo, num lapso, houve uma crise de sincericídio por parte do presidente nacional do PL [Valdemar da Costa Neto], que afirmou: houve sim a preparação de um golpe, só que não ocorreu. O crime é justamente preparado. Então, nesse sentido, o julgamento teve o seu desfecho histórico, porque pela primeira vez na história do Brasil se punem golpistas, num país que a sua história é marcada por vários golpes efetuados, liberdades subtraídas, assassinatos e perseguição política imposta, como do último, que durou 20 anos. Esse julgamento aponta para o futuro, dizendo: olha, não tentem macular, destruir as instituições democráticas porque serão punidos. Isso vai servir de exemplo não apenas para as gerações atuais, mas para gerações futuras e também serve de exemplo para outras democracias no mundo inteiro. O Brasil afirmou a sua democracia. Eu não celebro a desgraça de ninguém, mas eu comemoro a afirmação da democracia”, declarou.
“É impossível a tal da anistia para os golpistas, para aqueles que organizaram, estiveram liderando essa organização criminosa golpista, ter anistia, porque ela, primeiro, é inconstitucional. Isso não prosperará. Isso é apenas uma, digamos assim, uma bandeira colocada para continuar mantendo mobilizados esse grupo que foi derrotado no julgamento do Supremo Tribunal Federal. Agora, pode haver aqui e acolá alguma alteração na legislação infraconstitucional que trata das penas, do acúmulo ou não de penas, da redução de penas para aqueles que foram bucha de canhão dos golpistas e que foram punidos conforme as penas que a legislação estabelece hoje, que são altíssimas. Isso pode haver algum tipo de redução. Mas anistia para os que tramaram com o golpe, para o ex-presidente e para os generais e para os coronéis e para aqueles que estiveram na linha de frente da trama, isso é impossível”, acrescentou.