O deputado estadual Tio Pablo (PSD) foi o entrevistado do programa Bar do Vaz nesta terça-feira (16). Em um bate-papo descontraído, o parlamentar falou sobre sua trajetória profissional e política, além de detalhar sua atuação na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), com ênfase em projetos voltados a crianças com autismo.
Ao comentar os principais desafios enfrentados no estado, Pablo destacou as dificuldades de acesso ao crédito rural para os pequenos produtores, principalmente devido a entraves burocráticos. “É um dos maiores desafios hoje dentro do setor bancário. Porque dinheiro tem, não faltam recursos. O problema está na questão agrária, de documentação, de regularidade e de licenciamento. No Acre, muita gente ainda não tem documento de terra. E quando isso entra no sistema bancário, ficamos atrás de estados como Pará e Tocantins, que já estão mais avançados”, explicou.
Segundo o deputado, a falta de regularização fundiária continua sendo um dos principais obstáculos para o desenvolvimento da agricultura familiar. Ainda assim, afirmou que busca alternativas para apoiar os produtores. “Sempre procuramos encontrar possibilidades dentro do que estava disponível e tentamos ajudar. Tivemos um papel importante, por exemplo, no incentivo aos pequenos produtores de café que estavam começando e também na produção de milho, que cresceu bastante com linhas de crédito mais flexíveis”, comentou.
O parlamentar relembrou experiências profissionais e sociais que antecederam sua eleição para a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). O parlamentar destacou o trabalho realizado em momentos de crise, que segundo ele, tiveram peso decisivo na conquista de seu mandato.
Pablo recordou a atuação entre 2010 e 2012, em Sena Madureira, quando a região enfrentou um período de seca. Na ocasião, foram liberados créditos emergenciais para famílias atingidas.“Foi um microcrédito de R$ 2.500, e nós começamos a desbravar comunidades muito pobres, levando documentação e tratando com dignidade aquelas pessoas que chegavam com seus filhos. Era um esforço enorme, com embarcações que naufragavam, carros que atolavam nas estradas, mas conseguimos atender quem mais precisava. Essa memória ficou presente no momento da eleição”, relatou.
O parlamentar também citou sua atuação em Plácido de Castro durante a pandemia da Covid-19. Segundo ele, o período foi transformado em uma oportunidade para apoiar empresários locais. “Conseguimos garantir acesso a créditos para que os empresários não precisassem demitir funcionários, preservando o capital de giro das empresas. Em Plácido e Acrelândia, que têm grande força econômica, conseguimos evitar que a produção parasse e que os comércios fechassem”, explicou.
Em entrevista ao jornalista Roberto Vaz nesta terça-feira (16), o deputado estadual Tio Pablo (PSD) falou sobre seu trabalho em defesa das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O parlamentar destacou que sua atuação vai além de uma causa política, sendo também uma experiência de vida, já que é pai de uma criança autista.
“Minha política sobre a questão do autismo vai muito além de uma propaganda para me eleger. Eu sou pai atípico, tenho um filho com TEA em casa. É uma bandeira que assumi para deixar um legado a ele, para que, quando meu mandato terminar, tenha pelo menos um caminho menos árduo, com leis que garantam inclusão na sociedade”, declarou.
Entre os projetos aprovados, Pablo citou a criação do colar de girassol, que funciona como dispositivo de identificação para pessoas com deficiências ocultas, incluindo autistas, pessoas com fibromialgia, endometriose, depressão e doenças crônicas em estágios iniciais. “Meu filho, por exemplo, não apresenta nenhuma diferença visível, mas tem um transtorno. O colar serve justamente para identificar essas condições ocultas”, explicou.
O deputado ressaltou também a rotina como pai de um autista, destacando a necessidade de dedicação redobrada. “É uma jornada dupla. Muitos dias eu saio da Assembleia e vou direto levá-lo para terapias. Ele gosta da minha comida, então faço o jantar dele. É uma rotina que exige atenção especial, acompanhamento diário. Hoje, meu filho já está olhando mais no olho quando chamamos pelo nome. São pequenas conquistas que para nós significam muito”, contou emocionado.
O parlamentar comentou sobre as formas de tratamento de crianças atípicas, destacando a necessidade de união entre a família e as políticas públicas. “É uma junção, Vaz, do âmbito familiar com as políticas públicas voltadas ao autismo, né? Que hoje, por ser ainda algo novo na sociedade, e algo novo e crescente, nós trabalhávamos. Agora, é importante que a gente diga para as pessoas que essas síndromes precisam de atenção, para que não façamos besteira. Às vezes a gente vê uma criança e faz tudo errado. Então nós temos que saber essas diferenças para não cometer erros, para não desgastar os pais e para deixar as crianças mais tranquilas”, afirmou.
Pablo relatou sua experiência pessoal no tratamento do filho, ressaltando que o processo é longo e exige paciência. “Olha, primeiramente a gente não deve minimizar o tratamento, que é a longo prazo. Ele não vai te dar uma resposta em dois, três, quatro meses. Uma resposta pode levar um ano. Eu utilizo sempre o exemplo lá de casa: o meu filho veio falar ‘papai, papai’ com três anos. E o seguro ‘papai’ demorou mais um ano. E, com cinco anos, agora, nesse mês, ele realmente olha para mim e diz: ‘papai’. Foi demorado, mas é uma vitória. É emocionante para ele dar um beijo. Se eu ganhei 10 beijos até hoje, com cinco anos, é pouco. A minha mulher é quem ganha sempre o beijinho dele. Mas eu, agora, ele chama: ‘não, papai, vai lá dar um beijo’. Então é algo que tem que ter paciência, saber que é a longo prazo”, contou.
Ele também destacou que essas crianças possuem grande potencial. “Não podemos inutilizar essas crianças, até porque elas têm uma inteligência muito maior do que se percebe. São pessoas que têm uma inteligência enorme. É tanta inteligência que eles se confundem. Eles não focam numa coisa porque é muita informação. O cérebro deles processa informações três, quatro, cinco vezes mais do que o normal”, completou.
Segundo o parlamentar, o sistema para educar um filho autista é muito mais complexo que o de uma criança neurotípica. “Exatamente, bem mais complexo. Por isso que nós temos essas leis. Hoje, dentro do mandato, nós criamos cinco leis. Uma delas é o Colar de Girassol. Nós temos também o PIA, que é o Protocolo de Individualização de Avaliação, que determina que essas crianças tenham uma avaliação diferenciada, extra sala de aula. Inclusive, nós temos a revistinha do Tio Pablo, que retrata essas cinco leis que criamos”.
Tio Pablo destacou que as mudanças de rotina podem ser prejudiciais às crianças autistas. “Qualquer coisa que impeça que essa rotina aconteça todos os dias provoca crises — crises de ansiedade, crises de irritação. E aí é que começa o embate, porque, dependendo do grau, isso é constante, é recorrente. É nesse contexto que acontecem separações de casais. Existem números que mostram que, dentro de famílias que têm uma criança ou um adulto com TEA, o índice de suicídio aumenta em 30% e o de depressão em 50%. A ausência de tratamento em uma rede especializada, com o acompanhamento médico adequado e, quando necessário, o uso de medicamentos, também traz riscos. Sem isso, a criança acaba sendo tratada de forma equivocada, como acontecia antigamente, sendo confundida, por exemplo, com casos de esquizofrenia. É uma situação perigosa e uma das partes mais tristes ao se falar do TEA”, afirmou.
O deputado Pablo Bregense explicou o programa Visita das Rosas e os mutirões de cirurgias realizadas por meio de seu mandato. “Não sei se é essa que está aí, mas nós temos o nosso programa, que é a Visita das Rosas, juntamente com os nossos mutirões de cirurgias. A Instituição Santa Casa foi parceira nesse processo. Nós começamos o projeto em Sena Madureira, estendemos para Rio Branco, Plácido de Castro, Acrelândia e, esporadicamente, para outros municípios, sempre a partir da demanda de quem nos procurava. Então, nós temos esse trabalho”, explicou.
O deputado Tio Pablo destacou que, por meio do projeto multirão de cirurgias, já foram realizadas cerca de 200 cirurgias em vários municípios. “Do ano passado para cá, foram cerca de 200 cirurgias, tendo como público-alvo principalmente mulheres e crianças, além de alguns homens, chefes de família. Nosso foco sempre foi atender, em especial, mulheres solteiras e mães solo, que sofrem ainda mais com a falta de acesso à saúde. Conseguimos retirar quase 200 pessoas da fila de espera da Fundação Hospitalar, dentro do nosso projeto social”, afirmou.
Pablo também ressaltou que direcionou suas emendas parlamentares para apoiar o público com Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Colocamos recursos para a APAE de Sena Madureira e para a APAE de Plácido de Castro. Também destinamos uma emenda para a Prefeitura de Acrelândia, com o objetivo de viabilizar laudos que estavam em falta na cidade. O prefeito vai estruturar um núcleo para estudar os casos de autismo no município”, explicou.
Em Sena Madureira, segundo o parlamentar, foi firmada parceria com a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB). “Destinamos uma emenda para realizar laudos e, além disso, criar um espaço lúdico para que as terapias possam ser desenvolvidas dentro da associação”, concluiu.
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