Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O dólar completou nesta segunda-feira a quarta sessão consecutiva de baixa ante o real, encerrando no menor valor desde junho do ano passado, em sintonia com o recuo da moeda norte-americana no exterior, em meio à expectativa antes das decisões sobre juros do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, ambas na quarta-feira.
A divisa norte-americana à vista encerrou em baixa de 0,59%, aos R$5,3220 — menor valor desde 6 de junho de 2024, quando fechou em R$5,2493. No ano, o dólar acumula queda de 13,97%.
Às 17h03 na B3 o dólar para outubro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,56%, aos R$5,3405.
As cotações da moeda norte-americana despencaram desde o início do dia dando continuidade ao movimento mais recente, com a percepção entre os agentes de que o Fed cortará sua taxa de juros em pelo menos 25 pontos-base na quarta-feira — podendo até aplicar um corte maior, de 50 pontos-base.
A expectativa por juros menores nos EUA, somada à certeza entre os investidores de que o BC manterá a taxa Selic em 15% ao ano, manteve a avaliação de que o Brasil está atrativo ao capital estrangeiro, o que derrubou o dólar.
Após registrar a máxima de R$5,3558 (+0,04%) às 9h, na abertura, o dólar à vista cedeu à mínima de R$5,3092 (-0,83%) às 13h00.
“O movimento (de queda do dólar ante o real) antecipa a decisão do Federal Reserve na quarta-feira, para a qual o mercado projeta uma probabilidade de 96% de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros, com base em dados recentes de arrefecimento da economia americana”, escreveu Nickolas Lobo, especialista em investimentos da Nomad.
A queda do dólar esteve em sintonia com o avanço firme do Ibovespa e a baixa das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), em uma sessão no geral positiva para os ativos brasileiros.
Com a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado, na semana passada, o mercado se concentra agora em possíveis retaliações dos EUA ao Brasil em função do resultado do processo.
Em julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, justificou uma tarifa de 50% para os produtos brasileiros citando, entre outros pontos, o julgamento de Bolsonaro, seu aliado. Além disso, no fim de julho os EUA aplicaram a Lei Magnitsky — que limita operações financeiras dentro da jurisdição norte-americana — contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do caso contra Bolsonaro. Passado o julgamento, por enquanto nenhuma medida adicional foi anunciada.
Às 17h10, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,36%, a 97,306.