No dia 06/01/2021 faltou um Xandão na Suprema corte de Justiça dos EUA para reagir ao trumpismo.
O que aconteceu no nosso país no dia 08/01/2023, o quebra-quebra que os bolsonaristas promoveram na Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi uma cópia do que havia acontecido nos EUA, no dia 06/01/2021. Lá, insatisfeito com a derrota eleitoral que sofrera quando buscava a sua reeleição, Donald Trump estimulou e propiciou a invasão do Capitólio, a sede do poder legislativo dos EUA. Nada assemelhado havia acontecido.
Cá entre nós, dois anos e dois dias após, o que havia acontecido nos EUA, também tomados pelo ódio, os bolsonaristas decidiram contestar os resultados eleitorais que resultaram na derrota do seu “mito” e promoveram àquele que veio ser a última ação golpista do já concluso mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por que a última? Porque outras tentativas já haviam ocorridas no decorrer do seu mandato.
O que aconteceu e no que resultou, nos EUA e aqui no Brasil, de pleno e de pronto podemos concluir: na Suprema Corte de Justiça dos EUA faltou um Xandão para enquadrar o ex-presidente Donald Trump como golpista e torná-lo inelegível, mas cá ente nós, o Xandão se fez presente e vem conseguindo salvar a nossa democracia.
Não me tenha na conta de um lulista, até porque, politicamente falando-se, detesto a polarização que se estabeleceu no nosso país, mas entre os dois: Lula e Bolsonaro, nas eleições de presidenciais de 2022 optei pelo que entendi como o mal necessário, ou seja, o menor. Pela primeira vez, em toda a minha vida, votei no candidato Lula.
Nas eleições de 2022, por incrível que pareça, o anti-lulismo se transformou no principal cabo-eleitoral em favor do candidato Jair Bolsonaro e o anti-bolsonarismo, no principal cabo-eleitoral em favor do candidato Lula. De uma coisa tenhamos a absoluta certeza: nem Lula e nem Bolsonaro merecem ser tratados como sendo as nossas duas únicas referências políticas, menos ainda como potenciais heróis.
Em se encontrando inelegível e sem mínima possibilidade de recuperar os seus direitos políticos, pelo ao menos até as próximas eleições, ainda assim, Jair Bolsonaro não prece disposto a transferir a sua bagagem eleitoral para nenhum dos pré-candidatos oposicionistas que já se apresentaram dispostos a participar da disputa presidencial de 2026, e isto porque, se assim fizerem, o bolsonarismo minguará.
O atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entre os presidenciáveis da oposição, o mais destacado, já deve ter entendido que a sua identificação com o bolsonarismo precisa ser menos exposto e cuidadosamente regulado, do contrário, ele não obterá os votos dos eleitores anti-bolsonaristas e nem dos eleitores anti-trumpistas.