A vice-governadora Mailza Assis se reuniu nesta terça-feira, 8, com representantes do Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre e produtores rurais, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (FAEAC), em Rio Branco. No encontro, Mailza recebeu um documento com as pautas prioritárias do setor produtivo e defendeu uma agenda contínua de trabalho entre governo, entidades e cadeia produtiva.
Participaram o presidente do Fórum e da FAEAC, Assuero Veronez; o deputado federal e presidente da Fieac, José Adriano; o secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia, Assurbanípal Mesquita, o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Mauro Marcelo, além de produtores rurais como Jorge Moura e Edilson Araújo.
“Mesmo com um momento político se aproximando, antes dele eu terei uma gestão aberta. Não há como decidir sem ouvir quem produz. Vamos dar continuidade ao que está dando certo e minimizar os maiores problemas com decisões pactuadas”, afirmou a vice-governadora.
Assuero Veronez explicou que o documento é fruto de câmaras e grupos de trabalho. “Esse fórum desenvolve uma série de estudos a respeito dos rumos do nosso desenvolvimento, de aquilo que a gente identifica que tem potencial, tem vocação, e a gente trabalha esses temas através de câmaras, através de grupos de trabalho específicos para cada produto. Temos desenvolvido um trabalho bastante interessante para tentar ajudar nessa discussão, porque aqui a gente precisa realmente de juntar forças e não dividir, e a ideia é sempre racionalizar essa discussão através de temas,” disse.
O deputado federal José Adriano reforçou a importância de previsibilidade e continuidade. “O governo não precisa fazer muito, desde que não atrapalhe. Pequenas mudanças destravam diálogos e incentivam o produtor a continuar acreditando. Quando a gente olha para o desenvolvimento de um Estado, isso é muito claro, a gente vê os estados do Brasil, onde o agro está fortalecido, a gente tem toda a cadeia produtiva. E isso quer dizer política pública, a melhor forma de você ter a autonomia do cidadão é fazer geração de emprego,” destacou.
O secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia, Assurbanípal Mesquita, propôs aprofundar tecnicamente as pautas, começando pelo agro. “Existe um ambiente favorável para avançarmos com conhecimento técnico, especialmente na agenda ambiental e regulatória. A oportunidade que nós temos aqui agora é de construir essa conexão e eu fico à disposição também, até porque a base da indústria é o agro,” afirmou.
Produtores também relataram entraves práticos. O pecuarista e produtor de soja Jorge Moura descreveu impactos financeiros de embargos decorrentes de ações de terceiros, pedindo celeridade para evitar perdas na safra.
“Recebi embargos por ação de terceiros e isso travou a fazenda. Já tive financiamento antecipado pelo banco, fui desclassificado e estou pagando dívidas altas sem conseguir produzir. Acreditei no potencial do Acre, mas tudo isso está indo pelo ralo se não houver uma solução rápida. Precisamos de celeridade para destravar a área e plantar,” pediu.
Já o produtor Edilson Araújo solicitou atenção aos ramais e pontes, apontando que atrasos comprometem o acesso e o escoamento. “Nossos ramais e pontes são o gargalo. O cronograma de entrada das máquinas não é cumprido, e quando chega já é tarde. Sem ponte definitiva e com ramais ruins, o produtor não escoa e não chega. Pedimos uma parceria efetiva com as prefeituras para manter os ramais e substituir as pontes de madeira por estruturas definitivas.”
O material entregue reúne ações em andamento e 11 prioridades para o agro e a agroindústria, além de sugestões de melhoria regulatória e de infraestrutura. Entre os destaques:
• Apoio do governo para buscar equilíbrio fiscal do milho produzido no Acre frente ao produto de outros estados.
• Isenção de ICMS para peças de reposição de máquinas e equipamentos agrícolas, visando recuperar áreas degradadas, para a produção integrada de grãos e pecuária.
• Prioridade nas compras governamentais de produtos locais, com foco na agricultura familiar (ex.: retomada da cadeia do maracujá em Capixaba).
• Reforço de pessoal no IMAC e no Escritório do CAR para acelerar a validação de mais de 52 mil cadastros e destravar acesso a crédito rural.
• Adequação da legislação ambiental do Acre à Lei Geral de Licenciamento Ambiental (15.190/2025).
• Prioridade junto ao Imac para promover adequações no Sistema informatizado de Licenciamento Ambiental para permitir protocolo remoto via gov.br por técnicos municipais e consultores.
• Negociação com a Direção Nacional do IPHAN para estudo e proteção dos mais de 800 geoglifos, com normatização dos protocolos a serem adotados para a sua efetiva proteção no processo de licenciamento de atividades agropecuárias nas áreas consolidadas com regras que evitem bloqueios generalizados ao crédito rural.
• Substituição de pontes de madeira por estruturas definitivas e manutenção de ramais para escoamento da produção.
• Ampliação da capacidade de armazenagem de silos graneleiros e câmaras frias para armazenamento de polpas de frutas, com atenção à regional do Juruá.
• Política fiscal para a mandioca, beneficiando mais de 20 mil produtores da farinha e goma.
• Atração de investimentos para ampliar a capacidade de abate com inspeção federal (SIF) ou com adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) , reduzindo a saída de animais e agregando valor no Acre.
Mailza propôs a formação de uma mesa permanente Governo–Fórum para priorizar medidas de efeito imediato (infraestrutura de ramais, pontes e melhorias de licenciamento) e mapear ações estruturantes (armazenagem, abate e compras públicas).
“De temas simples aos mais complexos, como o caso do Seu Jorge, vamos insistir e buscar as soluções. Algumas providências já podem ser encaminhadas agora; outras exigem pactuação com a bancada e órgãos federais. O essencial é conhecer os anseios, trabalhar juntos e não perder o ritmo,” concluiu.
O Fórum Empresarial é uma associação civil de direito privado sem fins lucrativos criada pela Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Acre (Fecomércio-AC) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (Faeac), com o objetivo de fortalecer as iniciativas do setor público e privado, estabelecer estratégias que visem ao desenvolvimento do Acre e debater, coletivamente, informações sociais, econômicas e ambientais.