O ministro do STF Luiz Fux interrompeu a fala inicial do ministro Alexandre de Moraes durante o julgamento da trama golpista.
O que aconteceu
Moraes falava das preliminares (questionamentos em relação ao processo) apresentadas pelas defesas dos réus. Fux disse ao presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, que voltaria à análise das preliminares antes de seu voto. “Desde o recebimento da denúncia, por uma questão de coerência, sempre ressalvei e fiquei vencido nessas posições, por sorte que vou voltar a essa, muito embora, assim como a Vossa Excelência votando direto”, afirmou.
A declaração de Fux faz referência ao entendimento dele de que o caso deveria ir ao Plenário e, não na Primeira Turma. O ministro chegou a discordar, durante a análise do STF da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), dessa preliminar.
Moraes respondeu que todas as preliminares expostas por ele haviam sido votadas por unanimidade. Fux interrompeu novamente e disse “durante o recebimento da denúncia”. Moraes consentiu e o ministro rebateu “estamos em julgamento”.
Em relação à análise das preliminares, estou dividindo, até para ganharmos em eficiência e celeridade, em relação às que já foram decididas pela Corte e não houve nenhum fato superveniente que pudesse alterar o posicionamento. De outra parte, aquelas preliminares alegadas durante a instrução processual penal, então essas eu farei uma referência mais detalhada.
Alexandre de Moraes
Fux tem sido visto, nos bastidores, como uma esperança aos apoiadores de Bolsonaro no julgamento. Além de divergir sobre o caso ficar na Primeira Turma, o ministro criticou o número de versões dadas por Mauro Cid em sua delação premiada. Ele também foi o único ministro da Turma a votar contra o uso da tornozeleira para o ex-presidente.
O julgamento da trama golpista foi retomado hoje com o voto de Moraes. Na sequência, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Zanin proferem seus votos —há sessões na Primeira Turma prevista até sexta-feira (12).