O programa Bar do Vaz entrevistou, na tarde desta quinta-feira (4), o senador da República Alan Rick (UB), que abordou diversos temas ligados à política acreana e nacional. Como pré-candidato ao governo do Acre, o parlamentar iniciou destacando sua preocupação com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando o processo como de “cunho pessoal”.
“Com muita preocupação. Se a gente for analisar, falávamos de direito e de justiça. Acho que a primeira atitude do ministro Alexandre de Moraes seria se julgar suspeito. Pelo ponto de vista pessoal, a coisa virou pessoal”, afirmou.
Rick também citou denúncias feitas pelo ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, Eduardo Tagliaferro, que está sendo ouvido por senadores e parlamentares. Segundo o senador, as acusações são graves e apontam ilegalidades em processos conduzidos pelo STF. “Existem denúncias gravíssimas de um processo eivado de ilegalidades, de vícios, onde a gente percebe que viseja a ilegalidade: pesca probatória, formulação e direcionamento de denúncias contra aqueles que o ministro decidia que eram inimigos a serem atingidos”, declarou.
O parlamentar ainda ponderou sobre os atos de 8 de janeiro, afirmando que, embora os responsáveis pela depredação das sedes dos Três Poderes devam ser punidos, as penas precisam ser proporcionais. “O presidente pode ter cometido seus erros, é ser humano, mas eu tenho absoluta certeza que aquelas pessoas que cometeram um erro grave de invadir e depredar têm que ser punidas. Ninguém está passando a mão na cabeça de quem destruiu coisa pública. Essas pessoas têm que pagar sua pena conforme a lei determina, conforme a dosimetria da pena para os crimes que cometeram”, disse.
Rick ainda questionou a tese de golpe de Estado relacionada aos manifestantes. “Você acha que vão dar um golpe de Estado sem um tanque na rua, sem um general, sem armas, sem nada? Pelo amor de Deus! Pessoas, no momento de comoção, cometeram erros terríveis, depredaram prédio público, e têm que ser punidas, mas não com penas absurdas de abolição”, concluiu.
O senador comentou nesta quinta-feira (4) sobre o impacto do chamado “tarifaço” imposto pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e avaliou a postura do governo brasileiro em relação à política norte-americana. Ele também citou a atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA no contexto de interlocução entre os dois países.
Segundo o parlamentar, a medida de Trump já havia sido anunciada durante sua campanha, quando prometeu proteger a indústria americana e aumentar impostos sobre países com os quais os EUA não registravam superávit comercial. “Ele fez isso com a China, com a Europa, com vários países e também com o Brasil”, lembrou.

Foto: Jardy Lopes/ac24horas
O senador avaliou que a postura do governo brasileiro em relação aos americanos foi equivocada. “Os Estados Unidos são o nosso segundo maior parceiro comercial, representando quase 18% da nossa balança. Romper relações comerciais com o Brasil não faz nem cosquinha neles, mas para nós é terrível”, afirmou.
Ele também apontou equívocos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Houve posições contrárias a Trump, críticas que poderiam ter sido evitadas, como ao dólar como moeda internacional, além de alinhamento com países que são inimigos dos EUA, como Irã e Venezuela, e posturas contrárias a parceiros como Israel”, disse.
Ao falar sobre Eduardo Bolsonaro, o senador defendeu que sua atuação não configurou tentativa de golpe. “Se ele cometeu erros, foi tentando mostrar ao mundo as ilegalidades do processo contra Bolsonaro e contra aquelas pessoas que cometeram excessos no Rio de Janeiro. Mas de maneira nenhuma aquilo foi uma tentativa de golpe. Essa é uma narrativa criada e alimentada por setores da esquerda e pela imprensa”, declarou.
O parlamentar reforçou que o Brasil erra ao enfrentar os EUA e destacou a necessidade de negociação. Ele citou a Argentina como exemplo, mencionando a aproximação do presidente Javier Milei com os americanos, que resultou em vantagens comerciais, redução de impostos e até a adoção do dólar como referência. “O Brasil não pode seguir caminhos políticos equivocados como os da Argentina no passado ou da Venezuela. Temos que defender o que é nosso, sentar e dialogar. Quem perde com esse embate é a nossa indústria, o agronegócio e as exportações para os Estados Unidos. É preciso deixar de lado as questões ideológicas e negociar de forma serena”.

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Alan Rick pede pacificação política e elogia investimentos federais no Acre
Alan destacou, durante a entrevista, que é necessário pacificar o Brasil, acabar com a guerra política e garantir às pessoas o direito à defesa e à justiça. “É incabível uma mulher que usou um batom para borrar um obstáculo receber pena de 14 ou 17 anos de prisão. Isso é inadmissível. Enquanto isso, criminosos como estupradores, assassinos e traficantes recebem oito ou dez anos, no máximo, e ainda conseguem sair com a metade da pena. A coisa está totalmente fora do eixo”, afirmou.
O senador defendeu que o país precisa colocar a anistia em pauta, virar a página e focar no desenvolvimento. Ele citou como exemplo a luta pela recuperação da BR, lembrando que, em março de 2023, a bancada federal, prefeitos e órgãos estaduais se uniram em busca de uma solução.
“O presidente [Lula] veio, anunciou o recurso e atendeu ao clamor do Acre. Fez exatamente o que a população queria: investir na reconstrução da estrada. Da mesma forma, precisamos parabenizar quando o governo sentar para negociar com os Estados Unidos, junto à equipe diplomática e ao vice-presidente Geraldo Alckmin, para buscar soluções que fortaleçam nosso comércio”, disse.
Alan também criticou o radicalismo político. “O extremismo é a pior desgraça que pode acontecer, tanto de um lado quanto do outro. Pessoas de centro, de esquerda, de direita precisam dialogar. A vida não é só uma eleição”, pontuou.
O senador abordou seu projeto de saneamento público e destacou que o trabalho vem sendo executado desde 2021. “Quando nós votamos e aprovamos o novo marco legal de saneamento, revolucionamos a gestão de saneamento no Brasil. Antes, cabia apenas a estados e municípios, e isso se demonstrou uma tragédia, um caos, porque não há dinheiro suficiente. É muito caro fazer saneamento”, afirmou.
O parlamentar relatou uma visita recente ao bairro Belo Jardim, em Rio Branco, onde alocou emenda para obras de esgoto, drenagem e asfaltamento. “Toda obra pública hoje tem que ter esgoto e drenagem para evitar alagamentos e o esgoto a céu aberto, que prejudica a vida das pessoas. Na Rua das Árvores, por exemplo, havia um lago de dejetos. Conversei com a população, fui de casa em casa, e ouvir relatos como: ‘quando chove, isso entra dentro da minha casa’. É uma tristeza”, disse.
Alan Rick destacou que o saneamento é uma prioridade, principalmente na Amazônia e no Acre. “Em locais como Rodrigues Alves, ainda temos esgoto a céu aberto. É uma situação crítica, mesmo longe de grandes centros. Investir em saneamento é fundamental, porque cada real aplicado economiza cinco em saúde”, ressaltou.
Desde 2021, o senador trabalha em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional, quando Rogério Marinho era ministro, e agora com Valdez Góes, mantendo o projeto em andamento. “Precisamos criar uma modelagem completa para o Acre: aterros sanitários, água e esgoto tratados, drenagem urbana. Sem isso, nossas cidades, principalmente no interior, não têm qualidade de vida, e os recursos federais para habitação popular exigem saneamento estruturado”, explicou.
Ele acrescentou que a modelagem vai definir quantas estações de tratamento de água e esgoto serão executadas, adutoras, aterros sanitários, estações de transbordo e todo o plano para o estado. O projeto será financiado pelo NDR, que arcará com toda a modelagem e estruturação do saneamento no Acre.
O senador também destacou a possibilidade de parcerias público-privadas (PPP) para a execução. “Não precisamos privatizar totalmente como em São Paulo. A infraestrutura continua do Estado e dos municípios, e a empresa parceira vai construir e operar pelo período da concessão”, disse. O investimento total estimado é de R$ 6,8 bilhões, gerando empregos e renda para o estado, segundo o parlamentar.

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O senador Alan Rick afirmou que algumas autoridades se negaram a assinar um contrato fundamental para o avanço do saneamento no Acre. “Olha, se negou. Em novembro do ano passado, nós nos reunimos com o prefeito de Rio Branco e demais prefeitos do estado para avançar na modelagem do saneamento. O prefeito Bocalom, talvez, tenha um temor em relação à palavra PPP ou concessão. Eu até entendo, mas é importante destacar que se trata de uma concessão, sim, mas, acima de tudo, é uma oportunidade de tirar o Acre da situação dramática em que se encontra. Já está demonstrado que nem o estado nem os municípios têm recursos suficientes para realizar essas obras”, afirmou o parlamentar.
Rick ressaltou que está tentando sensibilizar o prefeito, que ainda não desistiu do projeto. “Acredito que, colocando a mão na consciência e avaliando que o futuro do Acre passa pelo saneamento, ele vai iniciar. Esse contrato é o pontapé inicial para a modelagem dos aterros sanitários e do gerenciamento de resíduos sólidos em todo o estado. É a primeira etapa de um investimento total de R$ 6,8 bilhões.”
O parlamentar destacou os impactos positivos do projeto para a população. “A concessão trará royalties para os municípios, geração de empregos e renda, construção de adutoras e melhorias na saúde pública. Vamos evitar doenças e problemas que hoje lotam as unidades básicas de saúde, como diarreias, viroses, leishmaniose, malária, chikungunya e dengue, todas relacionadas à falta de saneamento. Não adianta apenas levar a criança ao posto de saúde; precisamos atacar a raiz do problema.”
Ao falar sobre política, Alan Rick comentou ao jornalista e apresentador Roberto Vaz sobre as recentes pesquisas que apontam o parlamentar como líder nas intenções de voto. “Vou te ser sincero, a gente está só trabalhando do mesmo jeito que faz diariamente o nosso mandato. Eu costumo dizer que o Alan está aparecendo muito: obra para lá, obra para cá, visita aqui, mas é o que eu sempre fiz. Minha vida sempre foi assim. Todo o meu mandato, quem está ao meu lado nesse tempo, sabe que sempre fizemos assim”, afirmou.
No fim de semana passado, o senador esteve em Marechal Thaumaturgo, visitando a restauração de uma área distante, e depois seguiu para o Rio Tejo e a cachoeira, acompanhado de Marcelo Moura. Mesmo com a garganta inflamada e imunidade baixa devido a uma injeção na UBS, Alan conferiu o funcionamento da unidade de saúde, destacando o atendimento oferecido por médicos, enfermeiros e psicólogos. “Esse trabalho de atendimento à saúde é muito importante. Tenho investido para levar assistência onde a população mais precisa”, disse.
Alan também esteve em Cruzeiro do Sul, durante o Festival da Farinha. Ele destacou que a lei que tornou o município a capital da zona da farinha é de sua autoria. “Essa lei valoriza nosso produto local, que já possuía o selo de indicação geográfica conquistado pelos produtores com apoio da Embrapa. Agora temos esse produto reconhecido nacionalmente”, ressaltou.
O parlamentar também visitou a obra do viaduto da Avenida Ceará com Getúlio Vargas, com emenda de R$ 18,7 milhões. “Abracei muitas pessoas, incluindo Lúcio, Márcio Pereira e o próprio Nazarene. Recebi críticas apenas por tirar fotos e abraçar a população. Essa perseguição precisa acabar, porque a população não aceita isso e não combina com a gestão de Gladson”, concluiu.

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Rick afirma não ter divergências com Mailza Assis e defende diálogo político no Acre
O senador Alan Rick destacou que não possui atritos com a vice-governadora Mailza Assis. “Eu nunca tive nenhum problema com a Mailza. O que precisamos discutir são questões fundamentais: qual é a proposta para os ramais? Qual a ideia de segurança pública de qualidade? O que será feito pelo sistema prisional? Ontem mesmo estive no presídio Francisco de Oliveira Conde, almocei com os servidores e pude constatar o descaso. Os próprios servidores precisaram fazer uma vaquinha para comprar uma geladeira. Isso é muito triste dentro de uma unidade prisional”, afirmou.
O parlamentar também disse não pensar em ter o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, como adversário político.
“Eu espero que o prefeito Bocalom faça um grande trabalho, porque todos nós ganhamos com isso. Não gostaria de tê-lo como adversário. Quero ser sincero: preferia tê-lo como aliado. É possível o PL vir nos apoiar? Eu tenho uma boa relação com todos no partido, inclusive com o presidente Valdemar da Costa Neto e com a família Bolsonaro. Mas o que precisamos pensar é no Acre e no Brasil, sem extremismos e sem arroubos, focando no desenvolvimento do país”.
Alan Rick defende diálogo com todas as forças políticas e aponta Mara Rocha como forte candidata ao Senado em 2026
O senador Alan Rick (UB) destacou que não vê problemas em dialogar com diferentes forças políticas em prol do Acre. “Eu acho que todo mundo que está no Acre tem que dialogar. Quem está no Acre tem que conversar. Eu jamais vou chegar aqui e dizer: ‘ah, no centro, não converse com ninguém’. Esse não é o caminho. O caminho é conversar com todo mundo”, afirmou.
Ao citar possíveis alianças, o senador ressaltou nomes importantes no cenário estadual. “O prefeito é prefeito, você acha que ele vai abandonar a prefeitura no serviço de alguém? Acho que não caberia. Agora, seria um bom aliado? Seria. Vagner Sales é um grande aliado. Emerson Jarude, um grande aliado. Nossa querida Mara Rocha, que hoje caminha comigo todos os dias, é uma grande aliada. O Roberto (Duarte) é meu parceiro, meu irmão. Hoje o Republicanos é o partido que nos dá toda essa força de agenda. Mas precisamos também do MDB, do Novo e de todos que possam agregar ao nosso projeto”, completou.
Alan Rick também reforçou a confiança na pré-candidatura de Mara Rocha ao Senado em 2026. “Eu acho que a Mara, com toda sinceridade, é uma fortíssima candidata a senadora da República. Pode anotar o que estou dizendo”, declarou.
Alan Rick fez duras críticas, em especial ao uso de jatinho particular pelo atual governo de Gladson Cameli. Segundo ele, em uma eventual gestão sua, o uso de aeronaves particulares deve servir exclusivamente à população. “Se um dia for governador do Estado, esse tipo de projeto a gente tem que trabalhar. Sim, pode-se até fazer, mas para transportar paciente, para transportar doente, para levar a equipe de governo ao interior para trabalhar. Porque, às vezes, eu acho que o equipamento é usado para a pessoa passear e tal. Aí não dá”.
Assista à entrevista:
