O CLP – Centro de Liderança Pública publicou recentemente o Ranking de Competitividade dos Estados de 2025. O CPL é uma organização suprapartidária que busca engajar a sociedade e formar líderes públicos para enfrentar os principais desafios do Brasil e seu objetivo é ampliar a competitividade dos estados, entendida como a capacidade de promover bem-estar social por meio de políticas, instituições e ações eficazes. Para o CLP, a competição saudável estimula os estados a melhorar serviços públicos, atraindo empresas, trabalhadores e estudantes.
A metodologia do ranking avalia 10 pilares, cada um com peso específico: Segurança Pública (12,6%), Sustentabilidade Social (11,7%), Educação (11,4%), Infraestrutura (11,4%), Solidez Fiscal (11,0%), Eficiência da Máquina Pública (10,0%), Sustentabilidade Ambiental (9,2%), Potencial de Mercado (8,2%), Capital Humano (7,6%) e Inovação (6,9%).
Acre amarga penúltimas posições no Ranking Geral de Competitividade dos Estados 2025, mas mostra potencial de mercado
O Acre aparece em 26º lugar no Ranking de Competitividade dos Estados 2025. O resultado evidencia fragilidades históricas em áreas estratégicas, mas também aponta nichos de oportunidade para o desenvolvimento. No gráfico a seguir constam o posição do Estado no ranking geral e nos 10 pilares que compõem o indicador.
O desempenho mais preocupante está na Educação, onde o estado ocupa o último lugar (27º), com nota zero em 2025, confirmando o colapso já observado em indicadores anteriores. Outras áreas críticas são Sustentabilidade Ambiental (26º) e Infraestrutura (26º), que expõem deficiências na gestão ambiental e em investimentos em logística, energia e saneamento. Também aparecem em situação delicada a Sustentabilidade Social (23º) e a Solidez Fiscal (23º), refletindo desafios tanto na área social quanto no equilíbrio das contas públicas.
O Acre figura em posições medianas em alguns pilares: Eficiência da Máquina Pública (22º), que aponta necessidade de avanços na gestão governamental, Inovação (20º), ainda insuficiente para ganhos tecnológicos expressivos.
Dois indicadores mostram resultados positivos: a Segurança Pública (12º), setor em que o estado apresenta desempenho relativamente melhor, embora siga enfrentando problemas de criminalidade urbana e fronteiriça; o Potencial de Mercado, em que o Acre ocupa a 6ª posição nacional, sinalizando capacidade de expansão econômica e atração de negócios; e o Capital Humano (15º), que, apesar de mediano, sugere avanços na qualificação da força de trabalho.
Educação leva Acre ao último lugar no Ranking de Competitividade 2025, mas IDEB mostra sinais de avanço
Como demostrado, o Acre amarga a 27ª colocação no pilar Educação do Ranking de Competitividade dos Estados 2025, ocupando a última posição no país e a 7ª na Região Norte. O estado obteve nota normalizada zero na avaliação geral, reflexo de fragilidades estruturais e de desempenho frente às demais unidades da federação.
É importante destacar que o levantamento utiliza a metodologia de normalização min-máx, que transforma indicadores de diferentes naturezas (percentuais, taxas e valores absolutos) em uma escala de 0 a 100. Nesse processo, a pior unidade federativa recebe nota zero e a melhor, nota 100, permitindo comparações entre estados. Na tabela a seguir constam os números do pilar Educação do Acre, em 2025.
Apesar do resultado global negativo, alguns indicadores revelam pontos positivos. O IDEB 2023 colocou o Acre em 15º lugar nacional e 1º no Norte, com nota 5,7, mostrando desempenho superior ao dos vizinhos amazônicos. No entanto, no ENEM 2024, o estado caiu para a 23ª posição nacional (516,9 pontos), evidenciando fragilidades no ensino médio.
Outros indicadores expõem desigualdades persistentes. O Índice de Oportunidade da Educação 2023 deixou o Acre no 23º lugar nacional e 5º no Norte, com nota 4,5, reforçando as dificuldades de acesso. Já a Taxa de Frequência Líquida no Ensino Fundamental 2024, de 93,5%, foi considerada insuficiente em comparação ao padrão nacional, resultando em apenas 5,7 pontos e o 23º lugar no ranking.
Os maiores gargalos, entretanto, estão no ensino médio e na educação infantil. Em 2024, a taxa de frequência líquida do ensino médio alcançou 66,8%, deixando o estado em 25º lugar nacional, mesma posição ocupada pela taxa de atendimento da educação infantil, que atingiu apenas 40,2%.
O quadro confirma que, embora haja avanços pontuais — como o bom resultado no IDEB —, o sistema educacional acreano segue enfrentando graves desafios para ampliar o acesso e elevar a qualidade da aprendizagem em todos os níveis.
Do auge ao colapso: Acre despenca no Ranking de Competitividade da Educação
O desempenho do Acre no pilar Educação do Ranking de Competitividade dos Estados apresentou uma queda dramática entre 2022 e 2025. Depois de atingir seu melhor resultado em 2022, com 42,4 pontos, o estado iniciou um processo de colapso: caiu para 20,2 em 2023, 4,9 em 2024 e chegou a zero em 2025, última posição no cenário regional e nacional.
Na tabela a seguir, constam as notas obtidas no perfil educação de todos os estados da Região Norte de 2017 a 2025.
Enquanto Rondônia (44,9) e Tocantins (54,6) lideraram a região com trajetória consistente, o Acre ficou atrás até mesmo de estados historicamente frágeis, como Roraima (33,2) e Amapá (1,3). O quadro evidencia dois problemas centrais: a instabilidade histórica dos indicadores acreanos e a crise aguda recente, associada a falhas de gestão e ao baixo desempenho em ensino infantil, médio e no ENEM.
O resultado isola o Acre como o estado com a situação mais crítica da educação no Norte e no Brasil em 2025, revertendo avanços que já haviam colocado a unidade federativa em patamares médios de competitividade educacional na região.
Em resumo, o Acre registrou em 2025 o pior desempenho do país no pilar Educação do Ranking de Competitividade dos Estados, pela ótica e metodologia usadas pelo CLP (Centro de Liderança Pública). Com nota zero e a 27ª colocação nacional, o estado se isolou como o mais frágil tanto no cenário brasileiro quanto no Norte, após forte queda desde 2022, quando havia alcançado seu melhor resultado dos últimos anos. Apesar de avanços pontuais, como o 1º lugar regional no IDEB 2023, o colapso recente reflete problemas estruturais, baixa cobertura no ensino infantil e médio, desempenho insatisfatório no ENEM e falhas persistentes de gestão. O contraste com Rondônia e Tocantins, que lideram a região, evidencia a necessidade de uma mudança de estratégia para resolver a crise educacional acreana.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas