O Acre convive há décadas com um modelo econômico sustentado majoritariamente pelo setor público e pelo chamado “contracheque”. Esse arranjo, somado a políticas de cunho assistencialista, garante alívio imediato para muitas famílias, mas não promove a autonomia necessária para romper o ciclo da dependência. Para que o estado avance, é urgente virar a chave do assistencialismo para o educacionismo.
A dependência do Estado como principal empregador e mantenedor da economia gera fragilidade estrutural. Quando a máquina pública não consegue absorver novos empregos ou aumentar benefícios, a economia local encolhe. O assistencialismo, ainda que alivie a pobreza, perpetua uma lógica onde o crescimento é travado pela falta de protagonismo da população.
O Acre precisa enxergar a educação como ferramenta central de transformação. Mais do que escolarização, trata-se de promover educação técnica, empreendedora, financeira e emocional.
• Educação financeira garante que as famílias aprendam a administrar recursos, fugir do endividamento e investir em oportunidades de crescimento.
• Inteligência emocional fortalece a capacidade de lidar com desafios, tomar decisões equilibradas, conviver em sociedade e ter resiliência para empreender.
E há uma verdade dura, mas necessária: um povo que não tem independência financeira também não tem independência de opinião. Quem depende permanentemente de benefícios ou favores acaba refém das decisões de terceiros e perde o poder de voz e de escolha. Autonomia econômica é, portanto, condição essencial para uma cidadania plena.
Ao priorizar o educacionismo, o Acre passa a oferecer oportunidades de autonomia, em vez de benefícios permanentes. Programas sociais tornam-se transitórios, acompanhados de qualificação e incentivo ao empreendedorismo. O objetivo não é só distribuir renda, mas criar riqueza e protagonismo — com cidadãos capazes de empreender, inovar e participar ativamente do desenvolvimento local.
O estado possui riquezas culturais, ambientais e humanas que podem ser alavancadas com a educação:
• Turismo sustentável com profissionais preparados para gerir e valorizar a natureza;
• Economia criativa e cultural fortalecida por cidadãos financeiramente conscientes e emocionalmente equilibrados;
• Agronegócio tecnológico com agricultores instruídos em gestão financeira e inovação;
• Startups e negócios digitais desenvolvidos por jovens treinados em tecnologia e inteligência socioemocional.
O Acre não pode ficar preso ao modelo de dependência do contracheque e do assistencialismo. Virar a chave para o educacionismo significa investir em conhecimento aliado à educação financeira e inteligência emocional, formando cidadãos completos, capazes de sonhar e realizar. Porque sem independência financeira não há verdadeira liberdade, nem o direito pleno à opinião. Só assim o Acre poderá transformar sua realidade econômica, gerar prosperidade e dar às próximas gerações a chance de viver em um estado autônomo, inovador e sustentável.
Marcello Moura é empresário, presidente do CDL Rio Branco e idealizador do movimento Cidadania Empreendedora.