A liberdade de expressão e a imunidade parlamentar, para além de determinados limites, torna-se crime.
No dia 4 de dezembro de 1963, o então senador Arnon de Melo, pai do ex-presidente Fernando Collor, dispara o seu revolver contra seu inimigo e também senador, Silvestre Pericles, ambos presentes no plenário do nosso plenário e acaba atingindo e causando a morte do também senador José Kairala, este por sua vez, representando o nosso Estado do Acre.
No referido dia, o senador Arnon de Melo, propositadamente ou não, havia levado a sua própria esposa e vários familiares, todos portando armas de fogo, como se estivessem esperando o pior.
De repente, o senador Arnon de Melo pede licença para fazer uso da palavra e já começa insultando seu arquiinimigo e também senador Silvestre Péricles, pelo fato do mesmo tê-lo jurado de morte. Em resposta, o seu desafeto, senador Silvestre Péricles, aos gritos, passou a acusá-lo de canalha, crápula e cafajeste. Resultado: deu-se uma das maiores tragédias que a nossa história política já registrou. Ainda assim, e até hoje, a imunidade parlamentar, assim como a liberdade de expressão, para alguns, trata-se de direito absoluto.
Embora consagrados como dois dos nossos mais emblemáticos direitos, jamais os mesmos poderão ser exercidos desprovidos de suas correspondentes responsabilidades, afinal de contas, nas nossas vidas nada é absoluto, a não ser, a absoluta certeza de que tudo é relativo.
A nossa preocupante e gravíssima polarização, por sê-la de natureza mais pessoal que política partidária, precisa ter fim, posto que, maldito é o país que precisa de heróis, conforme prescreveu o imortal Bertolt Brecht.
Desta feita, nem o atual presidente Lula e nem o ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo as minhas interpretações, merecem ser tratados como heróis, até porque, em vida, para que ninguém venha se decepcionar com os seus falsos heróis, somente após as suas mortes, assim se distinguirão.
A polarização Lula/Bolsonaro, politicamente, precisa ter fim, até porque, se continuarmos rotulando-os de “ladrão de nove dedos” e de “genocida e golpista”, jamais a nossa sociedade será pacificada.
Eu, particularmente, chego a crer que o bolsonarismo só existe por conta do ante-lulismo e, reciprocamente. Volto a repetir: esta maldita polarização jamais atenderá os superiores interesses do nosso país.
Em relação à disputa presidencial de 2026, para a nossa democracia, nada melhor que seus nomes sequer aparecessem nas nossas urnas eletrônicas, até porque, o próprio descrédito do nosso sistema eleitoral, não apenas as suas supostas, tem alimentado o nossa maldita polarização.
Por último: o lulismo e o bolsonarismo precisam ter fim, justamente, por se tratar de dois mais agressivos dos cânceres, tanto politicamente, economicamente e socialmente.