Em entrevista ao programa Boa Conversa, do ac24horas, o deputado estadual Adailton Cruz (PSB) falou nesta terça-feira, 19, sobre a devolução de recursos destinados à saúde e os impactos na população acreana. O parlamentar detalhou que, dos mais de R$ 1 milhão destinados em emendas de 2023 para 2024, cerca de R$ 489 mil não foram aplicados pela Secretaria de Estado de Saúde, devido à “inoperância da equipe técnica”.
Na entrevista ao jornalista Marcos Vencius, o parlamentar cobrou uma explicação mais aprofundada da equipe da Sesacre sobre a não utilização dos valores.
“Realmente é lamentável. Eu estou fazendo o levantamento das emendas de 2023 para 2024. De mais de 1 milhão que nós destinamos para a saúde, para serem utilizados para melhorar a nossa saúde e atender bem a população, praticamente a metade, 480 mil, foi devolvido por inoperância da equipe técnica, da Secretaria de Estado de Saúde. É lamentável. Recursos importantes, inclusive, para adquirir equipamentos, por exemplo, o centro cirúrgico do pronto-socorro. Mais de 300 mil foram devolvidos. Equipamentos essenciais para ele operar em uma situação de emergência, que é preciso. E isso impacta em vidas. Mais de 100 mil para o repouso dos profissionais da maternidade foi devolvido somado. Tudo desse 1 milhão e 70 mil, 489 mil foram devolvidos, não foram utilizados, o que é lamentável. Em uma situação crítica que a nossa saúde vive, você deixar de investir meio milhão em saúde é brincadeira. Isso tem que ser revisto, tem que ser levado a sério. E nós vamos cobrar. Porque é recurso que há uma vez não sendo utilizado, o governo vai retomar ele para o fundo e depois utilizar em outras fontes que poderia e deveria, obrigatoriamente, ter sido aplicado na saúde, principalmente numa área crítico, que é o nosso pronto-socorro, que é repouso. Mas também quero reconhecer aqui o trabalho da Fundação Hospitalar. Os 200 mil que nós liberamos para lá para construir o repouso, foi construído em um dos melhores repousos para os profissionais de saúde do Estado. Mas, infelizmente, nessa parte da assistência, como é o centro cirúrgico do nosso pronto-socorro, instrumentar o equipamento foi devolvido, o que é lamentável, e isso implica em perda de vidas”, pontuou.
O deputado também comentou um caso recente de óbito de uma servidora de saúde durante um procedimento do programa Opera Acre, ocorrido em Senador Guiomard (AC). “Nós temos também outro assunto que eu acabei de ter conhecimento, que é sério, não tem a ver com emendas, mas que a gente vai estar falando na tribuna, que é uma situação do Opera Acre que ocorreu no Quinari. Foi procurado por uma família de uma paciente, que é servidora de saúde, há mais de 37 anos servidora de saúde, a Hélida, que, infelizmente, foi a óbito durante, em consequência, segundo a família, em consequência de uma das ações do Opera Acre, e, segundo a família, foi por negligência. Nós vamos estar tomando as devidas providências, inclusive, vamos estar fazendo requerimento para a Secretaria de Estado nos prestar esclarecimento das circunstâncias do que aconteceu. Porque a família culpa o procedimento, culpa a equipe, e a gente precisa saber de fato o que aconteceu, porque é inadmissível você, nos tempos que a gente está hoje, lutar para receber uma cirurgia e morrer em consequência dela”, ressaltou.
Questionado sobre os motivos da devolução dos recursos, Cruz explicou que um relatório não trouxe muitas explicações o motivo da devolução. “Eu recebi o relatório da nossa equipe, e eles estão justificando que foi por impeditivo técnico. Não específica, não disse esse impeditivo técnico. É porque a Sesacre não teve tempo de listar, ou se perdeu alguma carona, ou se não fez o projeto adequado, por exemplo, para adquirir os instrumentos com as especificações corretas. Não influencia. O que a gente sabe é que não foi utilizado e que esse impeditivo é de responsabilidade deles e que a gente vai pagar a conta da população, que não vai ter um equipamento que era para ter, o que é inadmissível, e já me preocupa. Porque, para esse ano, nós já reservamos, por exemplo, só lá para o Hospital do Juruá, meio milhão de reais. E a minha preocupação é, e se o recurso não for para lá? As pessoas que estão esperando a nossa parte reservar e aplicar no sistema, esse valor foi feito”, pontuou.
O parlamentar também anunciou os recursos de R$ 2 milhões que pretende destinar à saúde em 2026. “Nós vamos destinar, no mínimo, dois milhões para a saúde em 2026. Inclusive, nós agora vamos destinar também alguns municípios para a saúde. Já me comprometi, por exemplo, lá em Capixaba, nós vamos destinar 100 mil reais para ser pago na forma de Bolsa de Qualificação para os servidores municipais de saúde. Nós vamos destinar 300 mil para Feijó. Nós já temos o mapeamento todinho, mas, no mínimo, dois milhões para a saúde”, ressaltou.