Boletim médico divulgado neste sábado (16) pelo Hospital DF Star, em Brasília, informa que os exames realizados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro mostraram um quadro de infecções pulmonares, esofagite e gastrite.
Bolsonaro deixou a prisão domiciliar pela manhã para realizar coleta de sangue e urina, endoscopia e tomografia abdominal. Ele deixou o hospital à tarde, por volta das 14h, sem falar com a imprensa.
Segundo seus advogados, o ex-presidente tem apresentado refluxo e soluços.
De acordo com o boletim médico, os exames feitos neste sábado evidenciaram “imagem residual de duas infecções pulmonares recentes possivelmente relacionadas a episódios de broncoaspiração”.
“A endoscopia mostrou persistência da esofagite e da gastrite, agora menos intensa, porém com a necessidade de tratamento medicamentoso contínuo”, diz o boletim médico.
A recomendação dos médicos, de acordo com o boletim, é que o ex-presidente siga com tratamento da hipertensão arterial e do quadro de refluxo e com medidas preventivas de broncoaspiração.
O que disseram os médicos
O médico cardiologista Leandro Echenique afirmou que “o tratamento agora é exclusivamente medicamentoso, não precisa de nada de cirurgia”. Ele também disse que Bolsonaro “recebeu as orientações nutricionais e de exercícios para manter massa muscular”.
Segundo Cláudio Birolini, médico chefe da equipe que realizou cirurgia em Bolsonaro em abril, também foram feitos neste sábado exames para avaliar os resultados daquele procedimento.
“Aparentemente está tudo em ordem, o trânsito intestinal está preservado, as hérnias estão resolvidas, mas ele persiste com esse quadro de esofagite e algum grau de refluxo. Esse refluxo, provavelmente, como causa dessas pneumonias de repetição que ele tem tido”, disse Birolini.
“O fato de ele estar em casa agora prejudica um pouco a atividade física, então a gente está sugerindo a ele que intensifique um pouco os exercícios, musculação”, acrescentou.
“A previsão é de que nós sigamos acompanhando o quadro clínico. Não estão previstas novas intervenções, mas eventualmente outros exames podem ser necessários nas semanas subsequentes.”
Prisão domiciliar
Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto. A medida foi imposta pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes porque o ex-presidente é suspeito de atuar, junto com o filho Eduardo, para tentar interferir no processo em que é réu por golpe de Estado.
Eduardo está licenciado do mandato de deputado federal e está morando nos Estados Unidos, onde diz que tem atuado para o governo de Donald Trump impor sanções a autoridades brasileiras.
A saída de Bolsonaro da prisão domiciliar foi autorizada por Moraes. O ministro liberou a realização de exames, mas cobrou a apresentação de atestado de comparecimento ao Hospital DF Star.
Julgamento em setembro
O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, marcou para 2 de setembro a primeira sessão de julgamento da ação penal da tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ser o “principal articulador, maior beneficiário e autor” das ações voltadas à ruptura do Estado Democrático de Direito para se manter no poder após a derrota para Lula (PT) em 2022.
Eles são acusados dos crimes de:
Organização criminosa armada: pratica o crime quem lidera organização de quatro ou mais pessoas, estruturalmente ordenada, com uso de armas, caracterizada pela divisão de tarefas, visando cometer crimes;
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: acontece quando alguém tenta com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais;
Golpe de Estado: fica configurado quando uma pessoa tenta depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído;
Dano qualificado contra o patrimônio da União: ocorre quando alguém age para destruir, inutilizar ou deteriorar o patrimônio da
União, com considerável prejuízo para a vítima;
Deterioração de patrimônio tombado: o crime fica caracterizado quando alguém age para destruir, inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial.
As penas máximas para crimes atribuídos a Bolsonaro podem levar a uma condenação de 43 anos de prisão. Os ministros do STF também definem as penas.
Veja abaixo a íntegra do boletim médico
“O ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro foi admitido no Hospital DF Star hoje, às 9:00hs, para investigação de quadro recente de febre, tosse, persistência de episódios de refluxo gastroesofágico e soluços. Realizou exames laboratoriais e de imagem sob supervisão da equipe médica. Os exames evidenciaram imagem residual de duas infecções pulmonares recentes possivelmente relacionadas a episódios de broncoaspiração. A endoscopia mostrou persistência da esofagite e da gastrite, agora menos intensa, porém com a necessidade de tratamento medicamentoso contínuo. Deverá seguir com o tratamento da hipertensão arterial, do quadro de refluxo e medidas preventivas de broncoaspiração, sendo liberado às 13h58”.