A cúpula bilateral entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, no Alasca, terminou sem um acordo concreto.
O líder americano enfatizou que houve progresso durante a reunião e que ligará para o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, e conversará com a Otan, a aliança militar ocidental. No entanto, Trump pontuou que nenhum acordo foi fechado.
“Houve muitos, muitos pontos com os quais concordamos, a maioria deles, eu diria, alguns grandes que ainda não chegamos lá, mas fizemos alguns progressos”, disse ele a repórteres durante uma coletiva de imprensa conjunta após a reunião.
Trump disse que o encontro no Alasca foi “extremamente positivo” e voltou a dizer sempre teve um relacionamento “fantástico” com o Putin, mas que isso foi prejudicado por investigações durante o primeiro mandato sobre acusações que Moscou teria tentado interferir nas eleições americanas de 2016.
Putin volta a citar “causas primárias do conflito”
Em contrapartida, o líder russo disse que as principais causas da guerra devem ser eliminadas para que a guerra na Ucrânia termine. “A situação na Ucrânia tem a ver com as ameaças fundamentais à nossa segurança”.
Putin disse, embora a Rússia esteja interessada em pôr fim ao que está acontecendo na Ucrânia, as preocupações de Moscou devem ser consideradas.
“Estamos convencidos de que, para tornar o acordo duradouro e de longo prazo, precisamos eliminar todas as raízes primárias, as causas primárias desse conflito”, disse Putin.
“Para considerar todas as preocupações legítimas da Rússia e restabelecer um equilíbrio justo de segurança na Europa e no mundo como um todo. E concordo com o Presidente Trump, como ele (disse) hoje, que, naturalmente, a segurança da Ucrânia também deve ser garantida”, continuou.
Telefonemas para Zelensky e Otan
Trump finalizou a reunião afirmando que tem várias ligações a fazer após sua cúpula com Putin — algumas das quais incluem ligações para a Otan, para o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e outras autoridades relevantes.
“Vou começar a fazer alguns telefonemas e contar a eles o que aconteceu”, disse Trump aos repórteres após sua discussão com Putin.
Putin encerrou o encontro dizendo que os líderes ucraniano e europeus não devem interferir nas negociações com a Ucrânia.
“Esperamos que Kiev e as capitais europeias percebam tudo isso de forma construtiva e não criem obstáculos, nem tentem interromper o progresso emergente por meio de provocações e intrigas nos bastidores”.
Em inglês, o líder russo sugeriu um novo encontro com Trump em Moscou, o que provocou uma reação ambivalente de Trump. O presidente americano reconheceu que concordar com essa proposta seria altamente controverso, mas não a fechou completamente.
“Essa é uma questão interessante, vou ser um pouco criticado por isso”, disse Trump. “Mas eu consigo ver uma possibilidade de acontecer.”
Entenda a guerra na Ucrânia
A Rússia iniciou a invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022 e detém atualmente cerca de um quinto do território do país vizinho.
Ainda em 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, decretou a anexação de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia.
Os russos avançam lentamente pelo leste e Moscou não dá sinais de abandonar seus principais objetivos de guerra. Enquanto isso, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, pressiona por um acordo de paz.
A Ucrânia tem realizado ataques cada vez mais ousados dentro da Rússia e diz que as operações visam destruir infraestrutura essencial do Exército russo.
O governo de Putin, por sua vez, intensificou os ataques aéreos, incluindo ofensivas com drones. Os dois lados negam ter como alvo civis, mas milhares morreram no conflito, a grande maioria deles ucranianos.
Acredita-se também que milhares de soldados morreram na linha de frente, mas nenhum dos lados divulga números de baixas militares. Os Estados Unidos afirmam que 1,2 milhão de pessoas ficaram feridas ou mortas na guerra.