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Novenário de Nossa Senhora da Glória é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Acre

Por
Sandra Assunção

A segunda maior festa religiosa da Amazônia, o Novenário de Nossa Senhora da Glória, em Cruzeiro do Sul, que fará sua 107ª edição, agora é oficialmente patrimônio cultural imaterial do Acre. O registro foi aprovado pelo Conselho Estadual de Patrimônio e será publicado no Diário Oficial do Acre, na categoria de celebrações, tornando-se o primeiro patrimônio cultural imaterial a seguir esse trâmite.


A historiadora e gestora de políticas públicas do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação de Cultura Elias Mansour, Iri Nobre, responsável pela condução do processo, disse que o trabalho para o reconhecimento levou mais de um ano, com a elaboração de um dossiê histórico e cultural sobre o evento. A pesquisa incluiu entrevistas com pagadores de promessas, devotos, levantamento bibliográfico e análise de registros audiovisuais disponíveis na mídia e internet.


“O Novenário já é por si um bem cultural centenário, com 107 anos nesta edição. Mas, quando passa por todo esse processo minucioso, seguindo rigorosa metodologia e avaliação do Conselho Estadual de Patrimônio Histórico, ele se torna oficialmente registrado. O Conselho analisou o material e aprovou por unanimidade. No caso do Novenário, ele é registrado por seu valor cultural e histórico para a comunidade”, conta.


Ela ressalta a importância da participação popular no processo. “A Fundação de Cultura Elias Mansour não demanda esse tipo de registro por conta própria. É necessário que a comunidade solicite. E Cruzeiro do Sul está de parabéns, porque recebemos o pedido diretamente no gabinete do presidente da Fundação, professor Minoru Kinpara. Isso mostra o envolvimento da população na preservação de sua história”.


A Catedral Nossa Senhora da Glória, símbolo de Cruzeiro do Sul e palco central das celebrações, também ganhou destaque no estudo. O Conselho recomendou que fosse incluído um capítulo especial sobre a catedral dentro do dossiê, devido à relação inseparável entre ela e o Novenário.


Na prática, segundo Iri, isso garante a continuidade do Novenário por muitas décadas, com acompanhamento anual por meio do Plano de Salvaguarda do Patrimônio. “Vamos verificar todos os anos se o evento mantém sua essência, ainda que possa receber melhorias e acréscimos. É importante que o Novenário continue reunindo famílias, movimentando o comércio, atraindo turistas e fortalecendo a fé. Agora, ele tem um respaldo documental que assegura sua preservação para as futuras gerações”, concluiu.


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Sandra Assunção