Dra. Cássia Ribeiro alerta sobre sarampo, influenza e tuberculose no Acre

Por
Whidy Melo

Nesta segunda-feira (4), o programa Médico 24 Horas, exibido no site ac24horas.com e nas redes sociais do portal, trouxe uma entrevista esclarecedora com a médica pediatra e infectologista Dra. Cássia Ribeiro do Vale, apresentada pelo médico Fabrício Lemos. Com vasta experiência em pediatria e infectologia, Dra. Cássia abordou temas críticos para a saúde pública no Acre, como o ressurgimento do sarampo, o surto de influenza e os desafios das doenças respiratórias em meio às queimadas, além de questões como tuberculose, malária e leishmaniose.


Dra. Cássia, que atua no Acre desde 2012, se formou em São Paulo, onde também realizou sua especialização em pediatria. Apaixonada por infectologia pediátrica, Dra. Cássia buscou especialização na USP de Ribeirão Preto em 2023, sob a orientação da renomada Dra. Maria Célia Cervi. Durante um ano, aprofundou seus conhecimentos em doenças infecciosas, retornando ao Acre com ainda mais expertise para enfrentar os desafios locais. “Eu estava na ponta do iceberg. A infectologia pediátrica abriu um mundo de discussões clínicas enriquecedoras”, destacou.


Um dos principais alertas da entrevista foi o ressurgimento do sarampo, uma doença que estava erradicada no Brasil, mas que voltou a preocupar devido à queda na cobertura vacinal após a pandemia de Covid-19. “O sarampo é altamente contagioso, com 90% de chance de infecção ao contato. Não há tratamento específico, apenas suporte, e as complicações podem ser graves, como encefalite, pneumonia e até óbito”, explicou Dra. Cássia.


Com quatro casos suspeitos no Acre, possivelmente relacionados à proximidade com a Bolívia, onde há surtos, a médica reforçou a importância da vacinação. A tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, é aplicada aos 15 meses, com proteção superior a 90%. Adultos até 29 anos que nunca foram vacinados devem tomar duas doses, enquanto acima dos 30 anos, uma dose é suficiente. “Na dúvida, é melhor vacinar”, orientou, destacando que a vacina é segura e não causa a doença.


Outro tema abordado foi o surto de influenza A e B, que tem lotado hospitais e unidades de saúde em Rio Branco. Dra. Cássia explicou que a alta transmissibilidade do vírus, aliada a fatores climáticos e sociais, como ambientes fechados com ar-condicionado, favorece a disseminação. “Uma criança gripada em uma sala de aula com janelas fechadas contamina facilmente as outras”, alertou.


A vacina contra influenza, disponível anualmente, não previne completamente a infecção, mas reduz significativamente as complicações. A médica desmitificou a crença de que a vacina causa gripe, esclarecendo que ela é feita com vírus inativado, sendo segura. Para prevenir, recomendou hidratação, alimentação saudável, ambientes ventilados e evitar contato com pessoas doentes.


Foto: Iago Nascimento/ac24horas

Com a temporada de queimadas se aproximando, Dra. Cássia alertou para o impacto nas doenças respiratórias, especialmente em crianças e idosos. “As queimadas são assustadoras. Desencadeiam crises de asma, rinite e até pneumonias. Hidratar as vias aéreas e manter uma boa alimentação são medidas essenciais, mas o clima é difícil de controlar”, lamentou. A médica reforçou a importância de cuidados preventivos, como lavagem nasal e ingestão de líquidos.


Dra. Cássia também abordou doenças endêmicas no Acre, como tuberculose, malária e leishmaniose. Sobre a tuberculose, destacou que é subdiagnosticada por falta de suspeição clínica. “Se uma criança tem pneumonias recorrentes, é preciso investigar. Geralmente, há um adulto com a doença no convívio próximo”, explicou. O tratamento, que pode durar de quatro a seis meses, exige acompanhamento rigoroso.


A malária, ainda presente em áreas como Cruzeiro do Sul, e a leishmaniose, com casos em crianças, também foram mencionadas. Para a leishmaniose, o tratamento em crianças pequenas utiliza anfotericina lipossomal, já que o glucantime não é indicado para menores de dois anos.


A entrevista reforçou a importância da prevenção e da confiança nas vacinas, que passam por anos de testes antes de serem liberadas. Dra. Cássia enfatizou que a queda na adesão vacinal pós-Covid, motivada por desinformação, tem contribuído para o retorno de doenças evitáveis. “Vacinas são seguras e salvam vidas. Além disso, hábitos simples como boa alimentação, hidratação e sono de qualidade fortalecem a imunidade”, concluiu.


Assista à entrevista completa:


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Whidy Melo