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Dia 07 de agosto entra em vigor o Tarifaço de Trump. Estamos preparados?

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Por Marcelo Zamora, advogado tributarista


Na última semana, os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros, medida que ficou conhecida como o “tarifaço de Trump”. O anúncio, feito em tom de retaliação política, impacta diretamente o agronegócio nacional — em especial a pecuária e a cafeicultura, dois pilares da economia do Norte e Centro-Oeste do país.


A justificativa oficial da Casa Branca é comercial: Trump alega que os EUA enfrentam desvantagem nas trocas com o Brasil. No entanto, a realidade é bem outra — os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial com o Brasil há mais de uma década. A medida vem à tona justamente após o avanço do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, acusado de planejar um golpe de Estado.


A força do agro em jogo

A decisão americana atinge em cheio o agro brasileiro, que hoje representa cerca de 25% do PIB nacional e é um dos setores mais dinâmicos da nossa economia. No Norte, o avanço da pecuária bovina é um exemplo claro disso: estados como Acre e Rondônia vêm ganhando destaque nacional com aumento de produtividade, rastreabilidade e integração com frigoríficos exportadores.
A pecuária no Are representa 60% do agronegócio, que representa algo em torno de 22% do PIB acreano.
A cafeicultura também merece atenção. Embora ainda em expansão no Acre, ela já é realidade nos estados vizinhos, como Rondônia, que se tornou referência na produção de café robusta de qualidade. Os EUA compram 30% do café que consomem do Brasil. Com a nova barreira, o impacto nos produtores e exportadores é inevitável — menos competitividade, redução de margem e risco de queda na demanda.


Um efeito dominó: do campo à cidade

As tarifas não afetam apenas grandes empresas. O impacto se espalha pela cadeia produtiva, atingindo pequenos produtores, transportadoras, cooperativas, fornecedores de insumos e atacadistas.
A carne que não for exportada terá que ser absorvida internamente, pressionando os estoques e os preços locais. Além disso, a queda na renda do campo repercute em outros setores, como comércio e serviços — sobretudo nas cidades do interior.


O que produtores e empresários devem fazer?

Quando um setor perde competitividade por causa de tarifas internacionais, como as impostas pelos Estados Unidos, ele precisa vender por um preço menor ou arcar com prejuízo — o que reduz sua margem de lucro. Nesse cenário, o planejamento tributário deixa de ser apenas uma estratégia de longo prazo e passa a ser uma necessidade urgente de sobrevivência. Torna-se preciso monitorar estoques, fluxo de caixa e oportunidades de financiamento rural.


Conclusão: o agro é forte, mas precisa de estratégia

A pujança do agronegócio brasileiro — e da pecuária amazônica, em especial — é resultado de décadas de investimento, inovação e trabalho no campo. Mas decisões geopolíticas como o tarifaço de Trump mostram que força produtiva sozinha não basta. É preciso inteligência comercial, articulação política e planejamento tributário para proteger o que construímos.


Neste momento, o Norte do país precisa estar atento. O futuro da nossa produção agropecuária depende da capacidade de adaptação, da segurança jurídica e da estabilidade nas relações internacionais, como acomodar os produtos para outros mercados.
Os efeitos do tarifaço ainda são incertos, mas tendem a ter algum impacto relevante, na medida em que aproximadamente 17% das exportações de carne bovina e de café são para os Estados Unidos.


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