Durante entrevista concedida ao site ac24horas neste domingo (3), nos estúdios do Parque de Exposições, durante a última noite da 50ª edição da Expoacre 2025, o deputado federal e presidente da Federação das Indústrias do Acre (FIEAC), Zé Adriano, abordou a criação do Condomínio Logístico da Verdelog, destacando a iniciativa como um exemplo bem-sucedido de investimento privado.
Segundo Adriano, a proposta de criação de um polo logístico já existia em governos anteriores, com o objetivo de evitar que cargas pesadas atravessassem a área urbana de Rio Branco. “É um investimento de um empresário do Sul, que já tem outros negócios naquela região. Nossos sócios viram a oportunidade de instalar esse condomínio aqui, que é muito bem-vindo. Sempre tivemos essa proposta em governos anteriores, e agora temos esse investimento privado. Só temos a agradecer ao empresário André, porque é preciso muita coragem para investir, especialmente em um ano de eleição. Agora, é importante que o poder público crie condições para que esse empreendedor continue e amplie seus negócios. Precisamos atrair mais CNPJs de outras atividades para cá”, afirmou.
O parlamentar também destacou a importância do setor supermercadista e sua entrada mais efetiva na Expoacre, por meio da ASA. “Posso falar com propriedade sobre os últimos dez anos à frente da FIEAC. Desde 2016 tentamos melhorar esse ambiente. Naquele momento, a credibilidade dos empresários em relação à Expoacre era baixa. Começamos a fazer pequenas mudanças, mas nos últimos três anos, após a pandemia, tivemos um incremento muito maior. Várias empresas de tecnologia do setor passaram a participar da feira. A grande inovação deste ano, nos 50 anos da feira, foi a realização de rodadas de negócios. Fomos bem-sucedidos, com apoio da Secretaria de Indústria, liderada pelo Assurbanipal, que, apesar das dificuldades, tem feito um trabalho ativo, especialmente na relação com empresários peruanos”, explicou.
Adriano relatou que a rodada de negócios com supermercadistas resultou em quase R$ 30 milhões em expectativas de negócios, dos quais R$ 10 milhões já foram efetivados. “A ideia é replicar esse modelo para outros setores, inclusive com empresários do Amazonas e Rondônia. Estamos pensando no Acre como um hub de integração com o mercado andino. Começamos com a ASA e estamos felizes com os resultados, mas a expectativa é ampliar nos próximos anos”, disse.

Foto: Sérgio Vale
Sobre possível mudança de local da Expoacre
Adriano também comentou a proposta do governador Gladson Cameli de transferir a Expoacre para uma nova área próxima à Cidade do Povo, a partir de 2026. “Primeiramente, quero parabenizar o governador pela grande festa dos 50 anos. De 2019 a 2025, mesmo com os impactos da pandemia, seguimos motivados e mostramos que sabemos fazer essa festa. Esta edição tem sido uma das mais movimentadas financeiramente”, afirmou.
Contudo, o parlamentar ponderou que a proposta de mudança de local não foi discutida com a Federação das Indústrias. “É uma proposta que envolve projeto, plano de negócios e consulta aos empresários que investiram em infraestrutura aqui. Acho que, por ser um ano eleitoral, devemos ser mais razoáveis. Defendo que seja feita uma proposta de aquisição definitiva deste espaço pelo governo estadual, com apoio do governo federal, para que o parque funcione o ano inteiro, e não apenas por nove noites. Há perdas, empregos que poderiam ser mantidos e investimentos feitos anualmente que precisam de retorno. A mudança de um ano para o outro precisa de mais discussão”, defendeu.
José Adriano sugeriu que o governo estadual busque junto à União a cessão definitiva da área. “O governador Gladson tem bom trânsito no governo federal e no Senado. Tenho certeza de que, se ele apresentar a proposta, haverá adesão. Sabemos que, por ser propriedade da União, é necessário um processo de transferência que respeite os critérios legais, mas é viável. Pode ser via permuta, convênio de quatro anos, ou outra modalidade. O importante é ter diálogo e compreensão de ambos os lados”, afirmou.
Obras e reativação da construção civil
Na entrevista, Adriano também comentou sobre investimentos em obras públicas e a recuperação do setor da construção civil. “É lógico que gostaríamos de estar melhor, mas olhando para os últimos 10 anos, especialmente desde 2014, tivemos dificuldades com a mudança de governo federal, quebra de contratos e paralisações. A transição Temer foi muito traumática para o setor produtivo do Acre. A partir de 2019, tivemos a conclusão da ponte sobre o Madeira, que foi um marco. Isso permitiu que a produção de grãos ganhasse força. Assim como aguardamos com expectativa a conclusão do Anel Viário de Brasiléia”, disse.
Ele também citou investimentos estaduais em diversos municípios, muitos ligados a emendas parlamentares e projetos vinculados às eleições municipais de 2024. “Em Rio Branco, o prefeito trabalha na pavimentação de ruas e construção de mais de 2.400 unidades habitacionais em parceria com o governo federal. Isso exige capacitação de mão de obra, principalmente após a fuga de trabalhadores qualificados para outros estados, desde a queda da construção civil em 2014”, explicou.
Segundo Adriano, há um esforço de resgate da mão de obra e fortalecimento das cadeias produtivas relacionadas, como cerâmica, móveis, confecções e alimentos. “A construção civil é, hoje, o setor que mais emprega e mais transfere renda diretamente à população”, destacou.

Foto: Sérgio Vale
Política e cenário eleitoral
O deputado também comentou o cenário político. “A disputa ao Senado está difícil. São seis bons nomes, todos com direito de apresentar suas propostas. Torço muito pelo governador Gladson e espero que o segundo nome para o Senado seja do meu partido. Sou leal ao partido, e minha candidata ao governo é a vice-governadora Mailza, que deve assumir o comando do Estado a partir de abril. O setor produtivo está atento e precisa de previsibilidade. Uma mudança abrupta de gestão gera dificuldades”, avaliou.
Sobre a presidência da República, Adriano criticou os extremos ideológicos. “Hoje, os dois polos estão dominando o debate. Torço para que surja uma candidatura de centro, que apresente uma proposta equilibrada, diferente dessa polarização que só traz prejuízos ao Brasil, inclusive na relação internacional com grandes potências”, opinou.
Estrutura da Expoacre e segurança
Por fim, Zé Adriano elogiou a organização da Expoacre 2025. “O investimento da FIEAC e de outros parceiros tem feito a diferença. A população se sente segura. A Polícia Militar fez um excelente trabalho. Vim sete das nove noites, e não tive dificuldades de acesso. A RBTrans também atuou bem no trânsito. A CISA, o Sebrae e o governo do Estado trabalham juntos na organização. Tudo isso mostra que já temos uma estrutura consolidada, o que deve ser levado em conta ao discutir qualquer mudança de local”, concluiu.
ASSISTA AO VÍDEO:
