Em entrevista concedida ao ac24agro neste domingo (3), nos estúdios montados no Parque de Exposições durante a última noite da Expoacre 2025, o diretor de produção da Dom Porquito, Luiz Fernando, abordou temas relevantes sobre a expansão do frigorífico no mercado internacional e o impacto socioeconômico da empresa no Acre.
Ele destacou a atuação conjunta de diversos atores que têm contribuído para a ampliação das exportações: “Esses acontecimentos são resultado de uma gama de fatores que impulsionam esse mercado. A Dom Porquito, o Estado do Acre, o governo estadual, o governo federal, a Apex — todos têm ajudado para que isso aconteça. Já atingimos alguns mercados que esperávamos alcançar, mas com uma velocidade cada vez maior”, disse.
Atualmente, a empresa exporta para mais de 10 países, entre eles Peru, República Dominicana, Vietnã, Hong Kong e Camboja. De acordo com o diretor, novas oportunidades seguem se abrindo. “Foi anunciado aqui na feira, pelo próprio governador, que abrimos o mercado das Filipinas. A partir de agosto, iniciaremos as exportações para lá.”
Luiz Fernando também comentou o empenho do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, para a abertura de novos mercados. “O Jorge está trabalhando duramente para que possamos entrar no Japão e no Chile, que são mercados importantíssimos. O Japão, em especial, é extremamente exigente. Mas o frigorífico que exporta para o Japão exporta para qualquer lugar do mundo.”
Barreiras sanitárias dificultam entrada no Chile
O diretor explicou o porquê, apesar da abertura de mercados vizinhos como o Peru, a Dom Porquito ainda não conseguiu acessar o mercado chileno. “O Chile é um mercado bastante exigente. Há algumas pendências sanitárias. O Acre já é livre de febre aftosa sem vacinação, assim como Rondônia e o Paraná, que já teve seu acesso liberado. Porém, no nosso caso, algumas pendências estão sendo sanadas pelo Ministério da Agricultura e pelo IDAF.”
Ele revelou que já há um planejamento estratégico em andamento para resolver as questões técnicas. “O presidente do IDAF esteve reunido nesta semana com foco nessa pauta. Acredito que, em pouco tempo, essa liberação acontecerá.”
Para além das exportações, Luiz Fernando enfatizou a transformação que vem ocorrendo nas propriedades rurais do estado. “É uma revolução. Estamos mais do que quadruplicando os espaços de terminação de suínos no campo, inclusive em pequenas propriedades. Produtores com áreas de 5, 10, 20 hectares agora têm uma atividade que gera renda.”
Ele agradeceu o apoio do Banco da Amazônia, que tem financiado grande parte dos investimentos. “Hoje temos 20 galpões em construção na região do Alto Acre, todos com financiamento do banco. O presidente da instituição esteve aqui, a convite do Jorge Viana, para lançar o projeto.”
Atualmente, cerca de 70% dos suínos abatidos pela Dom Porquito são produzidos no Acre; o restante vem de fora. “Estamos processando 600 animais por dia e a meta é chegar a 2 mil até 2028. Até 2026 ou início de 2027, devemos atingir 1.200 animais por dia, sendo 80% de produção local.”
Mudança nos hábitos de consumo
Questionado sobre o potencial da carne suína substituir a bovina na mesa dos brasileiros, Luiz Fernando destacou que o consumo está crescendo. “Existe ainda um certo desconhecimento sobre a carne suína, mas percebemos uma mudança no hábito de consumo, tanto no Acre quanto em todo o país. É um mercado que ainda tem muito a crescer, tanto no cenário nacional quanto estadual.”
Parceria com o governo
O diretor ressaltou a boa relação com os órgãos de fiscalização e com o governo do Estado. “Quero agradecer ao governo pela parceria. Todas as demandas que recebemos, tanto da Dom Porquito quanto dos produtores, são atendidas prontamente. Sempre costumo dizer: a Dom Porquito é um projeto de sociedade, não de governo A ou B.”
Luiz Fernando finalizou dizendo que a empresa continuará empenhada em ampliar mercados e fortalecer a produção local. “Com o apoio dos parceiros e o engajamento da sociedade, vamos continuar crescendo e colocando o Acre no mapa da exportação de proteína animal de qualidade.”
Assista à entrevista:
