O secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, participou nesta sexta-feira (1º), dos estúdios do ac24horas montados no Parque de Exposições da Expoacre 2025, em Rio Branco. Durante a entrevista, ele falou sobre as ocorrências registradas durante o evento, ações estruturantes da saúde e os resultados do programa Opera Acre.
Segundo o secretário, o principal tipo de ocorrência atendida nos arredores do parque tem sido relacionado a acidentes de trânsito. Ele aproveitou a ocasião para fazer um apelo ao público: “Meu pedido é para que, nessas últimas noites da Expoacre, as pessoas se divirtam com responsabilidade. Não vamos colocar nossas vidas ou a de terceiros em risco”.
Pascoal também comentou um episódio marcante que ocorreu durante o evento: o nascimento de uma criança nas proximidades do parque. “Ontem fizemos um parto aqui na frente. Graças a Deus, mãe e bebê estão bem. O bebê deve receber alta amanhã. Isso mostra a importância de termos um suporte médico avançado e próximo durante grandes eventos como esse”, destacou.
Opera Acre: mais de 33 mil cirurgias realizadas em dois anos
Questionado sobre o programa Opera Acre, o secretário afirmou que a iniciativa já se tornou uma política permanente do governo. “A gente até evita chamar de mutirão, porque isso dá ideia de algo pontual. O Opera Acre é uma bandeira de governo, com planejamento e metas concretas”, disse.
Pascoal ressaltou que o objetivo é reduzir significativamente as filas de cirurgias, agravadas pela pandemia da Covid-19. “Em 2023, realizamos quase 13 mil cirurgias. Em 2024, já ultrapassamos 14 mil. Só no primeiro semestre deste ano, já foram mais de 7 mil procedimentos. Em agosto, o governador Gladson Cameli deve entregar 1.100 novas cirurgias”, afirmou.
Segundo ele, os avanços são resultados de um processo de regionalização da saúde. “Reabrimos centros cirúrgicos que estavam fechados há décadas, como os de Mâncio Lima e Plácido de Castro. O hospital de Sena Madureira teve sua primeira etapa entregue, e o centro cirúrgico também já está em funcionamento”.

Foto: Jardy Lopes
Expansão da rede e novos serviços no interior
Pedro Pascoal também destacou a instalação de serviços especializados no interior do estado, como o centro de cateterismo e a quimioterapia no Juruá, que evitam o deslocamento de pacientes até Rio Branco. “Hoje, um paciente de Cruzeiro do Sul não precisa mais ser transferido às pressas de UTI aérea para a capital. Essa descentralização salva-vidas e garante dignidade”, avaliou.
Ele reconheceu que ainda há desafios, mas garantiu que a gestão está comprometida com a melhoria contínua dos serviços: “Sabemos que zerar as filas é impossível, pois a demanda é constante. Mas estamos reduzindo significativamente e com transparência. Não somos perfeitos, mas estamos corrigindo os erros e entregando o que o povo acreano merece”.
Pedro Pascoal, também comentou outros temas relevantes. Um dos assuntos abordados foi a superlotação em unidades de urgência e emergência, como o pronto-socorro de Rio Branco, problema histórico que, segundo ele, tem sido enfrentado com gestão direta e novas estratégias.
Pascoal reconheceu que, nas últimas semanas, houve um leve aumento nos atendimentos, com o retorno pontual de pacientes em macas nos corredores, mas afirmou que o governo já está atuando. “Tivemos falta de algumas medicações específicas. Esta semana assinamos mais de 33 contratos para aquisição de medicamentos. Em breve, nenhuma unidade de saúde estará desabastecida”, garantiu.
Entre as medidas para desafogar os atendimentos de baixa complexidade, o secretário destacou o início do modelo Fast Track na UPA da Sobral. O protocolo permite que pacientes com sintomas leves — como dores musculares, náuseas ou queixas crônicas — sejam atendidos de forma mais ágil e encaminhados diretamente ao ponto de atenção ideal, sem passar por longos períodos em observação.

Foto: Jardy Lopes
“O médico da triagem já direciona o paciente. Se é algo crônico ou de baixo risco, como uma dor de coluna ou uma crise leve de vesícula, ele já sai com o encaminhamento adequado. Isso evita internações desnecessárias, libera leitos e agiliza o atendimento para quem realmente precisa”, explicou. Segundo Pascoal, a ideia é expandir o modelo para outras unidades após o período de teste.
Síndromes respiratórias: alerta, cuidados com crianças e expectativa por vacina
O secretário também falou sobre a preocupação com as síndromes respiratórias, especialmente em crianças, que são as principais vítimas desse tipo de infecção.
“Ainda estamos em queda dos casos de síndrome respiratória aguda grave, graças a Deus. Vencemos mais um ano desse inimigo invisível. Já aprendemos a lidar com a sazonalidade desses surtos, mas seguimos em estado de alerta”, afirmou.
Pedro Pascoal explicou que o governo estadual tem atuado fortemente para estruturar o atendimento, inclusive no interior, e lembrou que, apesar de haver vacina contra a gripe disponível no SUS, a vacina contra a bronquiolite ainda não foi incorporada à rede pública.
“A bronquiolite é uma das principais causas de internação de crianças. Estamos lutando para que o Acre seja o primeiro estado a receber essa vacina, assim como fomos pioneiros na vacinação contra a dengue. A expectativa é que chegue em dezembro ou janeiro”, afirmou.
Por fim, o secretário reforçou o apelo à população para manter a caderneta de vacinação atualizada. “Vamos vacinar nossas crianças, nossos idosos, todos que amamos. Leve a carteirinha, confira o que está faltando. Esse cuidado salva-vidas”, concluiu.
Pascoal, respondeu a críticas sobre a situação da saúde pública e voltou a destacar os avanços promovidos nos últimos anos, especialmente no pós-pandemia.
“Sabemos dos gargalos que precisam ser corrigidos e temos uma equipe comprometida em resolver os problemas. Existem cirurgias que estavam sendo aguardadas há quatro, cinco anos, agravadas durante a pandemia, e estamos enfrentando isso de forma direta”, afirmou.
Pascoal citou como exemplo os mutirões cirúrgicos promovidos pelo programa Opera Acre. “Mais de 14 mil cirurgias foram realizadas só no último ano. Reabrimos centros cirúrgicos que estavam fechados há décadas. Durante muito tempo, o melhor hospital de Cruzeiro do Sul era o aeroporto, porque o paciente tinha que ser transferido para Rio Branco. Isso gerava um gasto enorme com Tratamento Fora de Domicílio (TFD)”, disse.
Segundo o secretário, a atual gestão tem conseguido oferecer exames e tratamentos que antes não eram possíveis no interior, como ressonância magnética, cateterismo, quimioterapia e até neurocirurgias. “Tudo isso é fruto de planejamento. A saúde do Acre avançou e isso não é só discurso do governo estadual. São dados do próprio Ministério da Saúde”, enfatizou.
Pedro também mencionou o programa federal PlanificaSUS, onde o Acre alcançou o primeiro lugar em desempenho. “De 2022 a 2024, o Acre foi o estado com maior taxa de expansão de cirurgias no país. Além disso, dobramos os repasses do SUS, conforme os dados disponíveis no site do Fundo Nacional de Saúde. Respeito as críticas, mas não concordo com narrativas baseadas em interesses pessoais.”

Foto: Jardy Lopes
Possível candidatura em 2026
Ao final da entrevista, Pascoal também foi questionado sobre especulações de uma possível candidatura nas eleições de 2026. Ele tem sido citado nos bastidores políticos como possível postulante a um cargo federal.
“O governo ainda não terminou. Temos um ano e meio de muito trabalho pela frente. Vamos entregar os 10 novos leitos de UTI no Hospital do Juruá, o centro cirúrgico de Sena Madureira e, principalmente, a regionalização de Brasileia, que é uma das nossas grandes bandeiras agora. O governador já pediu que seja entregue a mesma estrutura que temos hoje em Cruzeiro do Sul, lá em Brasileia”, declarou.
Sobre a possibilidade de disputar uma vaga em Brasília, o secretário respondeu com cautela: “Dizer que dessa água não beberei, não posso. Estamos em um governo que está dando certo, entregando resultados. Existem novos campos a serem explorados, mas ainda é cedo para falar de política. A população acabou de sair de uma eleição municipal e quer ver resultados, não campanha antecipada. Se for da vontade de Deus e da população acreana, quem sabe no futuro”, concluiu.
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