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O IBGE publicou no último dia 24/7 os dados do Módulo de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) da PNAD Contínua de 2024. Os dados revelam mudanças importantes no acesso a tecnologias digitais nos domicílios do Acre entre os anos de 2016 e 2024.
Domicílios com microcomputador ou tablet
Em 2016, o estado contava com 233 mil domicílios, dos quais 73 mil (31,3%) possuíam algum tipo de microcomputador ou tablet. Em 2024, o número total de domicílios subiu para 307 mil, e os que dispunham desses equipamentos chegaram a 85 mil (27,7%). Embora o número absoluto de domicílios com tecnologia digital tenha aumentado, observa-se uma redução proporcional, indicando que o crescimento populacional e da quantidade de moradias não foi acompanhado por um avanço equivalente na inclusão digital.
Mais detalhadamente: 1) A presença de microcomputadores cresceu de 68 mil para 76 mil domicílios; 2) o número de lares com tablet aumentou de 18 mil para 23 mil; 3) os domicílios que possuíam tanto microcomputador quanto tablet evoluíram discretamente, de 13 mil para 14 mil; 4) em contrapartida, os domicílios sem nenhum desses dispositivos passaram de 160 mil em 2016 para 222 mil em 2024, representando 72,3% do total no último ano.
Esses dados indicam que, apesar do avanço tecnológico em números absolutos, a exclusão digital permanece elevada no Acre. A tendência sugere a necessidade de investimentos em políticas públicas de inclusão digital, especialmente em áreas rurais e periféricas, para garantir que mais famílias tenham acesso a dispositivos que são cada vez mais essenciais para educação, trabalho, comunicação e acesso a serviços.
Com base nos dados da PNAD Contínua Anual (4º trimestre) do IBGE, que trata da existência de televisão nos domicílios do Acre, é possível observar um crescimento no número absoluto de domicílios com televisão entre 2016 e 2024, mas também um leve aumento na proporção de lares sem esse equipamento.
Acesso à Televisão nos Domicílios do Acre: 2016–2024
No ano de 2016, o Acre contava com 233 mil domicílios, dos quais 213 mil (91,4%) possuíam pelo menos uma televisão. Já em 2024, o total de domicílios aumentou para 307 mil, e 273 mil (88,9%) dispunham do aparelho. Embora o número absoluto de residências com televisão tenha crescido em 60 mil unidades, houve uma redução percentual no acesso, passando de 91,4% para 88,9%.
Por outro lado, o número de domicílios sem televisão passou de 20 mil em 2016 para 34 mil em 2024, o que representa um crescimento de 70% no número de lares sem esse equipamento, e uma elevação na participação relativa de 8,6% para 11,1%.
Esses dados sugerem que, apesar da televisão continuar sendo um equipamento presente na grande maioria dos lares acreanos, sua presença proporcional vem diminuindo, o que pode estar relacionado à mudança nos hábitos de consumo de conteúdo, com maior uso de dispositivos móveis e plataformas de streaming, especialmente entre as camadas mais jovens da população.
A análise reforça a importância de considerar os novos padrões de acesso à informação e entretenimento, que já não se concentram exclusivamente na televisão tradicional.
Com base nos dados, é possível traçar um panorama sobre o rendimento médio mensal real domiciliar per capita em domicílios com televisão no Acre, considerando a existência ou não de acesso à televisão por assinatura, nos anos de 2016 e 2024.
Expansão do Acesso à Internet nos Domicílios do Acre (2016–2024)
Em 2016, 140 mil domicílios (60,1%) no Acre declararam utilizar a internet. Já em 2024, esse número subiu para 268 mil (87,3%) domicílios — um crescimento absoluto de 128 mil unidades em oito anos. Paralelamente, o número de domicílios sem acesso à internet caiu de 92 mil para 38 mil, representando apenas 12,4% do total em 2024, contra 39,5% em 2016.
Esse avanço reflete o impacto positivo de políticas públicas, da expansão da infraestrutura de telecomunicações e da crescente importância da internet no cotidiano das famílias, seja para educação, trabalho remoto, serviços bancários, acesso a programas sociais ou entretenimento.
Apesar do progresso, ainda há cerca de 38 mil domicílios sem acesso à internet no estado, o que reforça a necessidade de ações complementares para universalizar o serviço, com foco especial em áreas rurais, comunidades tradicionais e populações de baixa renda.
Televisão por Assinatura e Desigualdade de Renda nos Domicílios do Acre (2016–2024)
Em 2016, o rendimento médio per capita nos domicílios acreanos com televisão era de R$ 1.172. Contudo, essa média ocultava uma importante desigualdade: nos domicílios com acesso à televisão por assinatura, o rendimento médio era de R$ 2.375, enquanto nos que não tinham acesso a esse serviço o rendimento era significativamente menor, R$ 824.
Em 2024, os valores médios aumentaram, mas a diferença entre os dois grupos permaneceu marcante. O rendimento médio domiciliar per capita em lares com televisão passou a R$ 1.323, com R$ 2.301 nos domicílios com TV por assinatura e R$ 1.183 nos que não dispunham do serviço.
Apesar de a renda média ter aumentado de forma geral, a desigualdade persiste: 1) a diferença de renda entre quem tem e quem não tem TV por assinatura era de R$ 1.551 em 2016 e passou para R$ 1.118 em 2024; 2) isso indica uma leve redução da desigualdade relativa, mas ainda revela que o acesso à TV por assinatura está fortemente associado a níveis mais altos de renda. No gráfico a seguir constam alguns indicadores de utilização de tecnologias de informações e comunicação.
A análise dos dados da PNAD Contínua (IBGE) mostra que o Acre avançou significativamente no número absoluto de domicílios com acesso a tecnologias digitais entre 2016 e 2024, especialmente no que diz respeito à utilização da internet, que passou a estar presente em 87,3% dos domicílios. Esse é um indicador importante de progresso, considerando o papel central da conectividade na vida contemporânea.
No entanto, os dados também revelam que esse crescimento não ocorreu de forma proporcional em todas as frentes. A presença de microcomputadores e tablets não acompanhou o aumento do número de domicílios, e a desigualdade de acesso a serviços pagos, como a televisão por assinatura, permanece marcada por diferenças significativas de renda. Além disso, a televisão tradicional, embora ainda presente na maioria dos lares, tem perdido espaço para outras formas de consumo digital.
Portanto, o cenário é de avanços parciais e desafios persistentes. A ampliação do acesso à internet representa um passo importante rumo à inclusão digital, mas é necessário garantir que o acesso seja de qualidade, com dispositivos adequados e competências digitais mínimas. Somente assim será possível assegurar que a tecnologia funcione como instrumento de redução das desigualdades — e não como fator de aprofundamento delas.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas