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Paulo Santoyo projeta produção 100% acreana de suínos e aposta na Ásia como mercado

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Da redação ac24horas

O CEO da Acreaves e Dom Porquito, Paulo Santoyo, concedeu entrevista ao ac24horas no estúdio montado durante a 50ª edição da Expoacre, nesta quinta-feira, 31. Na conversa, ele destacou a crescente expansão da empresa no mercado internacional, com foco na habilitação para novos destinos e aumento da capacidade produtiva.


Segundo Santoyo, a Dom Porquito já possui habilitação para exportar carne suína a diversos países da Ásia e América do Sul, com destaque para Filipinas, Camboja, Vietnã, Hong Kong, Bolívia e Peru. O executivo ressaltou que a Filipinas é o primeiro destino de grande volume da empresa no sudeste asiático. “Nós somos habilitados para muitos países. Nosso grande volume hoje está concentrado na Bolívia, no Peru e em Hong Kong. Exportávamos muito para o Caribe, mas recuamos por questões tarifárias. Não é só os Estados Unidos que têm esse tipo de barreira, o mundo inteiro impõe esse tipo de programa”, explicou.


Atualmente, a Dom Porquito está em processo de habilitação para a Malásia, e, com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e do Ministério da Agricultura, trabalha para abrir mercados como o Japão e o Chile, considerados estratégicos por oferecerem alta demanda e valores atrativos para a carne suína.


Santoyo também reforçou o papel da defesa sanitária no Acre como um diferencial para a expansão internacional da empresa:


“A Dom Porquito está inserida nesse processo porque o Acre tem uma proteção sanitária muito forte. Isso nos permite alcançar mercados exigentes.”


Além da busca por novos destinos, o CEO revelou que a empresa está em processo de ampliação da produção com o objetivo de atingir um abate de dois mil suínos por dia, o que demandará uma logística robusta de exportação. “Esse é o propósito da empresa: ampliar a produção, cumprir metas e conquistar novos mercados para escoar esse volume. A Apex e o Ministério da Agricultura têm sido grandes parceiros nesse caminho”.


Santoyo falou sobre o planejamento da empresa para alcançar, nos próximos anos, a autossuficiência na produção de suínos no Acre. Segundo ele, a meta é que, até 2030, 100% dos animais abatidos pela indústria sejam oriundos de criadores locais. A previsão pode ser antecipada para 2027 ou 2028, a depender do avanço das ações já em andamento.


“Nosso planejamento prevê que, até 2030, toda a produção de suínos será local. Estamos trabalhando para antecipar esse prazo para 2027, com apoio do Banco da Amazônia e de políticas públicas que vêm desburocratizando o acesso a crédito no campo”, afirmou Santoyo.


Foto: Jardy Lopes

O executivo também comentou o convênio de aproximadamente R$ 80 milhões firmado com o Banco da Amazônia (Basa), voltado à expansão da cadeia produtiva de suínos no estado. De acordo com ele, o momento é propício para o crescimento da suinocultura acreana, com grande interesse de produtores e agilidade na liberação de financiamentos. “Tem muita granja sendo construída. O Banco da Amazônia está liberando os projetos com agilidade, e o produtor está confiante. Muitos estão investindo, pegando financiamento, porque sabem que terão retorno e poderão melhorar a qualidade de vida de suas famílias”, destacou.


Santoyo também fez questão de reconhecer o papel do governo do Estado do Acre, em especial do governador Gladson Cameli, no fortalecimento do agronegócio:


“O governador teve a brilhante ideia de apoiar o agronegócio como vocação natural do Acre. Ele convenceu o secretariado disso e nos deu condições para crescer. Acreditamos que o solo, o relevo e o clima tornam o Acre extremamente propício para a produção de grãos como milho e soja. E, com isso, não há razão para não produzir proteína”, disse.


Ainda segundo o CEO, desde a implantação da Dom Porquito no estado, o governo tem sido um parceiro estratégico, permitindo que a empresa amadurecesse e expandisse sua atuação nacional e internacionalmente. “A terra do Acre ainda é como um bebê, com muito potencial a ser explorado. Estamos no lugar certo para fazer o agronegócio crescer com força e sustentabilidade”,


Paulo Santoyo, destacou o impacto social do projeto de expansão da suinocultura no estado, realizado em parceria com o governo do Acre. Segundo ele, o trabalho técnico desenvolvido junto a pequenos produtores tem mudado realidades e proporcionado acesso à renda, estabilidade e dignidade a centenas de famílias da agricultura familiar.


“A gente acompanha no campo. Você tira um produtor da zona de subsistência e o leva para a classe média rural. Faz isso com alguém que não teve herança, não teve pai rico, mas que, sozinho, monta sua granja, forma o filho, compra um carro, melhora a propriedade. Isso muda a vida da família e faz essas pessoas voltarem a acreditar nelas mesmas”, afirmou.


Santoyo ressaltou que, ao contrário de rendimentos instáveis, a suinocultura proporciona uma renda planejada ao produtor rural, o que permite que ele se organize financeiramente, busque crédito com segurança e invista no crescimento da propriedade. “Essa renda é planejada. O produtor sabe quanto vai ganhar no ano. Isso dá estabilidade, coragem e condições para acessar o banco e conseguir financiamento. É um processo muito interessante e transformador.”


O CEO da Dom Porquito também mencionou que o projeto deve beneficiar, nos próximos anos, cerca de 500 famílias diretamente, além de gerar impactos indiretos em diversas outras cadeias produtivas ligadas ao setor. “Os empregos no frigorífico são muitos, mas o impacto vai além. Envolve o campo, que é a base da produção, o suporte técnico e logístico a essas famílias e ainda o plantio de milho e soja, que abastece o sistema. Isso começa a mudar o PIB do estado de forma significativa.”


Durante entrevista concedida na Expoacre, o CEO da Dom Porquito, Paulo Santoyo, comentou sobre o cenário internacional da exportação de carne suína e minimizou o impacto da recente decisão dos Estados Unidos de suspender a importação do produto brasileiro. Para ele, o país norte-americano não representa um mercado relevante para o setor e a abertura comercial com países asiáticos é o caminho mais promissor para o Brasil. “Primeiro, respondendo à sua pergunta: o Brasil não é um grande exportador de carne suína para os Estados Unidos. Esse mercado representa praticamente nada — 0,0000 alguma coisa na curva. Essa taxa não influencia em nada. Na minha visão, inclusive, acredito que os Estados Unidos ainda vão recuar, especialmente nas questões relacionadas ao café e à carne bovina. É só uma questão de tempo”, afirmou.


Foto: Jardy Lopes

Santoyo destacou o trabalho estratégico conduzido pelo governo brasileiro, especialmente por meio do Ministério da Agricultura e da ApexBrasil, para diversificar os mercados de destino e reduzir a dependência de países como os EUA. “O Brasil tomou uma atitude muito inteligente. Começou a abrir mercados, a fazer aquilo que talvez seu avô diria: ‘não coloque todos os ovos na mesma cesta’. E foi exatamente isso que fizemos. Abrimos mercados, construímos relações com o BRICS e com países com grandes populações que consomem carne suína por tradição cultural.”


Segundo o empresário, o avanço do Brasil no mercado asiático é visto com preocupação pelos norte-americanos, que hoje enfrentam forte concorrência do país sul-americano na exportação de proteínas. “Poucas pessoas sabem, mas os EUA eram líderes em exportação de carne suína e de frango. Hoje, o Brasil é o maior exportador — não o maior produtor —, mas já ultrapassou os americanos em vendas. Estamos incomodando. A carne suína brasileira está crescendo, ganhando mercado, porque temos um fator essencial: comida barata. Produzir proteína requer insumos, e o Brasil tem milho e soja de baixo custo e uma agricultura altamente tecnificada.”


Santoyo ainda criticou o que chamou de “cortina de fumaça ideológica” sobre o tema, e reforçou que a real motivação por trás da resistência dos Estados Unidos ao produto brasileiro seria a competitividade crescente do Brasil no setor de alimentos. “Na minha visão, há uma cortina de fumaça sobre essa questão ideológica e política. O que está por trás disso é preocupação. O Brasil está se tornando um país de grande potência na produção de alimentos. E isso incomoda.”


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