Na 50ª edição da Expoacre, o artesanato acreano conquistou protagonismo devido à atuação do Sebrae, que dedica um espaço exclusivo ao segmento no estande da instituição. Durante entrevista ao ac24horas na noite desta quarta-feira, 30, Aldemar Maciel, gestor de projetos do Sebrae, destacou a importância do artesanato como atividade econômica e cultural para o estado.
“O Sebrae atua com diversos segmentos da atividade econômica, segmentos de atividades agrárias, rurais, atividades de comércio, de serviço e, entre elas, o artesanato. O artesanato é uma expressão da cultura material de um estado. Ele representa a identidade e representa também uma alternativa de produção de renda para diversas comunidades: rurais, indígenas, ribeirinhas, tradicionais. O Sebrae identifica essa atividade como econômica e, portanto, investe em projetos”, afirmou.
Um dos principais destaques da feira é o lançamento da coleção “Respira Acre”, uma iniciativa em parceria com a ApexBrasil, a Sintecal, o Grupo Arezzo e a Brasilia Materials. “Foi feito o lançamento aqui na Expoacre. Essa coleção já foi apresentada em outras praças, como São Paulo e Rio Grande do Sul, acompanhada de um livro e um vídeo-documentário que mostra todo o processo, reuniões e visitas com os artesãos”, explicou.
Sobre a comercialização, Maciel explicou que parte dos produtos está em exposição e outra parte é destinada à venda. “A ideia é fazer uma aproximação comercial entre o artesão e grandes empresas que produzem calçados, bolsas e acessórios”, ressaltou.
Segundo o gestor, o artesanato acreano movimenta, atualmente, cerca de R$ 2,5 milhões por ano, podendo chegar a mais, dependendo das condições de mercado e eventos comerciais. “Em algumas aldeias indígenas, como lá em Mâncio Lima, o cacique Joel Buenal me disse: ‘A nossa renda principal é a farinha. A segunda maior renda é o artesanato’”, destacou.

Foto: Jardy Lopes
Apesar do potencial, o consumo local ainda é pequeno. “No Acre, a gente consome pouco do que se produz. Aquela velha história de que santo de casa não faz milagre. Muitos artesãos vendem para outras praças e até exportam. O Maxon, por exemplo, tem compradores em vários lugares do Brasil e até de fora”, pontuou.
O principal mercado consumidor do artesanato acreano é São Paulo, pela sua dimensão e rede de consumo. “Agora, por exemplo, dois artesãos daqui, Rodinei Paiva e Maxon, participaram de uma rodada de negócios em Lisboa, após serem selecionados em um edital nacional da Apex, O artesanato acreano é feito com matérias-primas regionais, de origem florestal, de forma sustentável. Para o artesão obter essas matérias, ele precisa manter a floresta em pé. Ele está, com isso, prestando um serviço ambiental”, explicou.
Além da geração de renda, o segmento também impulsiona a economia criativa e promove a valorização cultural do Acre. “Quando mandamos artesanato para São Paulo, estamos trazendo dinheiro novo para o Estado. Qual outro setor econômico faz isso fora da indústria?”, questionou.

Foto: Jardy Lopes
O Sebrae, segundo Maciel, atua em todas as etapas da cadeia produtiva do artesanato: da capacitação à comercialização. “Trabalhamos com parceiros como o governo estadual, prefeituras, ONGs, associações. Temos que atuar em toda a cadeia, senão a atividade não se sustenta”, justificou.
Para os interessados em ingressar nesse mercado, o Sebrae oferece apoio por meio de seus escritórios em Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Brasileia. “A Secretaria de Empreendedorismo e Turismo é responsável pelo Programa do Artesanato Brasileiro no Estado. Eles fazem o cadastro dos artesãos. Com isso, a pessoa passa a fazer parte do mapeamento, pode participar de feiras e receber capacitações. Toda semana recebemos pessoas interessadas. Às vezes é um saber aprendido num curso, ou herdado de uma avó, de uma tia e pode virar um negócio”, finalizou.
ASSISTA ENTREVISTA:
