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Peru vê a piscicultura como ponto central na integração com o Brasil

Foto: Whidy Melo
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Na quarta noite da Expoacre 50 anos, o ac24agro conversou nesta terça-feira, 29, com duas figuras centrais no processo de integração econômica entre Acre e Peru: Alejandro Salinas, CEO da PerBra Holding, e Salvador Medrano, biólogo e representante do Centro de Inovação e Transferência Tecnológica Aquícola do Ministério da Produção do Peru. Ambos defenderam a viabilidade e o potencial estratégico da piscicultura como eixo de desenvolvimento regional e internacional.


A Pebra Holding, liderada por Alejandro, é uma empresa com atuação multinacional e especialização em logística multimodal (aérea, fluvial e terrestre), que utiliza o Acre como porta de entrada e saída para o mercado brasileiro e latino-americano.


“A integração já vem sendo trabalhada há muitos anos. Estou no Acre há 6 anos e estamos implementando aqui toda a nossa experiência. Visamos uma integração muito forte, não somente com o estado do Acre, mas com toda a região norte do Brasil, usando o Acre como porta de entrada e porta de saída”, afirmou Salinas.

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Segundo ele, o Acre tem vantagens logísticas estratégicas em relação a outros estados da região Norte, por estar mais próximo ao Peru e contar com incentivos fiscais tanto da Zona Franca de Manaus quanto da Zona de Processamento de Exportação (ZPE). “O Acre está melhor situado que qualquer outro estado da região norte quando se trata de logística rodoviária”, explicou.
Alejandro também destacou a necessidade de alavancar a ZPE do Acre. “Estamos trabalhando muito para que isso aconteça, tentando viabilizar negócios e trazer empresários e dando o maior apoio ao Governo do Estado. Eu sei que é um sonho do Acre há mais de 10 anos”, disse.


Na sequência, Salvador Medrano trouxe um panorama sobre o interesse do Peru em intensificar a relação comercial na área da piscicultura. Segundo ele, há grande potencial de intercâmbio de trutas e de alevinos entre os dois países.”Nós vimos a possibilidade de fazer um intercâmbio comercial com vocês e trazer produtos de muita qualidade e a um preço realmente competitivo e atrativo”, explicou o biólogo peruano, acrescentando que o Peru produziu até 50 mil toneladas de truta por ano, mas que esse volume foi afetado por problemas na Bolívia, principal mercado consumidor.


Durante visita a piscicultores de Rio Branco, Salvador identificou possibilidades concretas de parceria. “Aqui tem alevinos constantes e abundantes de peixes amazônicos, e nós poderíamos aproveitar essa oferta para integrarmos nosso setor aquícola com o de vocês”, apontou.


Um dos pontos da conversa foi o reconhecimento da deficiência peruana na produção de alevinos. “Eles não têm como hoje fomentar a piscicultura porque não têm a semente, os alevinos. Nós temos esse potencial aqui”, reforçou Salvador.


A exportação desses alevinos, aliada à qualidade da ração produzida no Brasil, especialmente por empresas como a Nutrac, já inserida no mercado peruano, cria condições reais para um modelo de negócio vantajoso para os dois lados. “A possibilidade está aberta, é real. Se pudermos corrigir alguns processos e abrir nossos canais, há enorme potencial para integrar e alcançar objetivos globais, como exportações para China e Europa”, pontuou.


Para além da piscicultura, a agenda da PerBra Holding na Expoacre também inclui a chegada de produtores peruanos de laranja do Vale de Guiabamba, em Cusco, para uma rodada de negócios. Alejandro garantiu que a iniciativa respeita a economia local. “Nós não pretendemos competir com a produção local. Estamos trazendo produtos conforme a demanda que alguns supermercados nos solicitaram e que já é suprida por outros estados ou importações”, explicou Alejandro.


No final da entrevista, Salvador reforçou o interesse do governo peruano em acelerar os processos. “Temos bastante motivação para fortalecer os processos, fazer as pontes comerciais e gerar as condições governamentais para que os negócios possam fluir. Por exemplo, nós temos potencial de cultivo no Peru, vocês têm produtos em oferta, têm potencial, por exemplo, para abastecer e também têm tecnologia. Então, se em um trabalho integrado nos transferem tecnologia, nós colaboramos também com os produtos, podemos fazer uma integração, só em aquicultura, por exemplo, uma integração aquícola em toda esta região amazônica para fortalecer muito mais a oferta de peixes e colocar em outros mercados, como mercado asiático, mercado europeu”, finalizou Salvador.


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