O vice-presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado estadual Pedro Longo (PDT), participou da transmissão ao vivo do ac24horas nesta terça-feira (29), durante a 50ª edição da Expoacre. Na ocasião, o parlamentar abordou temas como o papel da produção rural no desenvolvimento do Acre e elogiou a trajetória do ex-ministro Aldo Rebelo, que esteve presente na feira.
Durante a entrevista, Longo defendeu que o Acre precisa reduzir sua dependência do setor público e investir nas potencialidades econômicas, especialmente na agricultura e pecuária. “Eu nem diria agronegócio. Eu sou dos tempos antigos: da agricultura, da pecuária, da produção rural. A gente está sempre dizendo que o Acre precisa deixar de ser uma economia baseada no contracheque, que depende de prefeitura e governo. Não é possível que os órgãos públicos consigam empregar todo mundo, principalmente a juventude que está se formando. A alternativa é aproveitar nossas potencialidades em todas as áreas, seja no turismo, seja na produção. Temos terras férteis e uma população que quer trabalhar.”
Pedro Longo também comentou sobre os recentes embargos ambientais na Reserva Extrativista Chico Mendes e criticou ações consideradas excessivas por parte de órgãos de fiscalização, como o ICMBio. “Tivemos recentemente aquelas ações truculentas do ICMBio na Reserva Chico Mendes e em outras regiões. Nós quisemos fazer um contraponto, trazer outra narrativa, mostrar que é possível ter uma outra visão sobre a Amazônia. É possível produzir com responsabilidade ambiental, mas é necessário incentivar de fato, não apenas com palavras”, comentou.

Foto: Jardy Lopes
O deputado enalteceu a participação do ex-ministro Aldo Rebelo na Expoacre e sua contribuição ao debate sobre o desenvolvimento da região. “Aldo Rebelo é um estudioso. Queremos discutir uma Amazônia que seja preservada, mas que também ofereça alternativas para quem vive nela. Se não pode desmatar, vamos mecanizar, oferecer outros caminhos. É isso que queremos debater.”
Longo defendeu uma mudança no tratamento da legislação ambiental e alertou para o impacto dos embargos em propriedades rurais no estado. Segundo Longo, apenas no município de Feijó, há cerca de 700 propriedades embargadas. “Olha, eu vou dar um exemplo para vocês. Só no município de Feijó, nós temos notícias de que são 700 propriedades embargadas, entre propriedades e posses. Então você imagina: quando olhamos os mapas gerados por satélite, o Acre está praticamente todo em vermelho”, afirmou.
O parlamentar alertou que, com a implementação completa do rastreamento de bovinos até 2027, propriedades com irregularidades ambientais poderão ser bloqueadas de comercializar seus rebanhos, afetando diretamente a cadeia produtiva. “Hoje, a fazenda que finaliza o gado já precisa estar regular para conseguir vender. Com o rastreamento desde a origem, quem cria os bezerros — geralmente os pequenos produtores — também terá que estar em conformidade. Imagine o desastre se Feijó tem 700 embargos”, disse.
Pedro defendeu que o Estado use os instrumentos previstos no Código Florestal e avance na regularização fundiária e ambiental. “Estamos fazendo nossa parte. O Código permite algumas medidas estaduais, como compensação ambiental. Estamos chamando a atenção dos órgãos do governo para que agilizem os processos de regularização daqueles que estão aptos, dentro da legislação.”
Ele também propôs a ampliação da anistia para pequenos produtores. “O que foi feito até 2008 já foi anistiado. Queremos agora ampliar isso. Além disso, há um ponto que pode ser resolvido aqui mesmo no Acre. O Código Florestal prevê que, se o estado tiver ao menos 65% do território sob preservação permanente — como terras indígenas e unidades de conservação —, as demais áreas podem ter exploração de até 50% da reserva legal, em vez dos 80% exigidos na Amazônia. Isso faria uma diferença enorme na vida dessas pessoas.”
Pedro Longo confirmou em entrevista durante a Expoacre que decidiu disputar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2026. Segundo o parlamentar, a decisão foi tomada em conjunto com sua equipe de apoio e visa ampliar sua contribuição à sociedade. “Eu, de fato, já reuni com o grupo que nos assessora, que nos dá aconselhamento, e nós tomamos a decisão de concorrer a deputado federal na próxima eleição. Talvez eu seja o único, lá da Assembleia, que já tomou essa decisão. Estamos construindo esse caminho”, afirmou.

Foto: Jardy Lopes
Longo, que tem formação jurídica e atuou por décadas no Poder Judiciário antes de ingressar na política, destacou que muitas das leis que impactam diretamente a vida da população são definidas em âmbito federal.
“Exatamente por ter vindo da área jurídica, a gente sabe que as leis que mais afetam a vida das pessoas — começando pela Constituição, Código Civil, Código Penal, as leis tributárias, as leis ambientais — quase tudo é feito em Brasília. O espaço que sobra para a legislação estadual e municipal é bem residual, apenas daquilo que Brasília não trata.”
O deputado também ressaltou que pretende levar para o Congresso Nacional não apenas sua formação jurídica, mas, principalmente, a experiência acumulada ao longo de seus dois mandatos na Aleac e o conhecimento prático sobre os desafios enfrentados pela população acreana.
“Quero levar um pouco desse conhecimento jurídico, mas principalmente a experiência que adquiri nesses dois mandatos para Brasília. E também esse conhecimento da realidade do nosso povo. Tenho viajado muito, ido a todos os municípios, inclusive aos mais isolados. Acredito que hoje tenho um acervo de informações que pode ser útil, por exemplo, para tratar de temas ambientais, aliando o conhecimento técnico com a vivência do que enfrenta a população no dia a dia”.
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