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Aluno indígena do Ceja é aprovado em Engenharia Civil na Ufac

Foto: Mardilson Gomes/SEE
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A trajetória de Nixiwaka Brasil Yawanawa, 21 anos, conhecido como Nick, é exemplo de superação, dedicação e valorização da cultura indígena. Ex-aluno do Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), em Rio Branco, o jovem foi aprovado no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Acre (Ufac), por meio do processo seletivo específico para estudantes indígenas, para o 2º semestre do ano letivo de 2025. Sua jornada é marcada pela persistência e pelo desejo de transformação por meio da educação.


Nick é do povo Yawanawa e cursou o ensino fundamental na Escola Estadual Indígena Nixiwaka, em Tarauacá. Ao chegar à capital para concluir os estudos, encontrou no Ceja um espaço acolhedor para seguir em busca de seus sonhos. Mesmo sendo uma pessoa reservada, destacou-se pelo comprometimento com os estudos e pelo respeito com colegas e professores. Contribuiu ativamente nas atividades escolares, trazendo para as discussões em sala de aula temas relacionados à cultura e aos saberes tradicionais de seu povo.


“Receber a notícia da aprovação foi muito bom. Era uma faculdade que eu já pretendia cursar. Fiz o seletivo específico para indígenas e passei. Foram muitos concorrentes, então, essa conquista foi maravilhosa para mim”, relata.

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A escolha por Engenharia Civil, segundo Nick, veio do interesse pessoal e da influência familiar.“Sempre gostei dessa área da construção. Tenho tios que não são engenheiros, mas trabalham na área. Então, sempre tive essa proximidade”, conta.


A maior dificuldade enfrentada por ele foi a transição da aldeia para a cidade. “Foi um impacto forte. Tive que me adaptar aos costumes urbanos, à cultura diferente. Mas estudar no Ceja foi muito bom. Fiz amigos que levo até hoje. A educação transformou minha vida e pode transformar a de muitos outros jovens”.


Foto: Mardilson Gomes/SEE

Mesmo em um novo ambiente, o estudante fez questão de levar a cultura Yawanawa para a sala de aula: “Manter minha cultura em um ambiente urbano e escolar é muito importante. Eu venho de uma luta, de uma resistência ancestral. Representar meu povo na universidade é mostrar que indígenas também pertencem a esses espaços. Universidade também é território indígena”.


Entre os valores que leva à universidade, Nick destaca o respeito: “Fui criado com essa base de respeitar o outro. E quando se dá respeito, também se é respeitado. Isso levo comigo”.


O jovem conta que já sofreu bullying e preconceito, mas sempre buscou lidar com essas situações de forma pacífica: “Nunca quis saber de violência. As pessoas carregam isso com elas, e ninguém pode mudar. Quando você discute com uma pessoa assim, acaba se tornando pior do que ela. Então, sempre procuro levar para o lado bom, descarto o preconceito e o bullying, porque isso não agrega nada na minha vida”.


A mensagem que ele deixa a outros jovens indígenas é clara: “Persistam. Nunca desistam. A universidade também é um lugar para nós”.


A gestora do Ceja, Ana Lúcia de Luca Bertoncini, acompanhou de perto a trajetória de Nick e relembra momentos marcantes:


“Ele era um aluno tranquilo, observador e muito focado nos estudos. Participava atentamente das atividades e interagia com todos. Em uma aula de Biologia, sobre o estudo dos seres vivos e a biodiversidade no planeta, fez relatos riquíssimos sobre a relação entre homem e natureza a partir da vivência do seu povo”, conta.


Fonte: Agência de Notícias do Acre


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