Há exatos vinte e um anos e um mês (05/07/2005) a cidade de Rio Branco-Acre elegia o Mala do Ano. O evento foi encabeçado e meticulosamente engendrado pelo encapetado e maior mala-sem-alça daquele momento: jornalista Jorge Natal. A mim foi dada a missão de criar o material de divulgação do evento e, para tal peleja, exigi peremptoriamente, com papel passado em cartório e tudo (além de ameaça de morte) que eu não fosse indicado ao prêmio.
Foi uma brincadeira entre amigos que tomou um corpo inesperado, agigantou-se e ganhou a opinião pública, pois todos os veículos de comunicação trataram de divulgar o fatídico evento. Era pura presepada mesmo. Era para ser apenas uma farra boêmia, uma confraternização de artistas, publicitários e jornalistas frequentadores dos mesmos ambientes sociais, notadamente bares e restaurantes, casas de cultura e diversos outros ambientes nada alvissareiros. O tempo fechou.
Sim, o tempo não era benfazejo para muita risada e diversão, mas para nós, aquilo sim era que era um bom tempo de rir e ser feliz. Pra gente era beber e sorrir. Não havia tempo ruim pra gente. A festa ganhou corpo, apareceu uma multidão querendo votar no Mala do Ano, mesmo não podendo – como regra absoluta da eleição – indicar, nem votar em políticos apenas em celebridades da imprensa ou da nobre sociedade local (Devo dizer que não havia acesso à internet como há hoje?).
Não sei dizer exatamente como foi feita a indicação, mas era algo bem espontâneo. Tinha uma lista de candidatos conhecidos do público e mais uma folha em branco para que cada pessoa que entrasse na festa indicasse quem considerasse, ao seu bel prazer, o/a mala-sem-alça do ano. Poderia ser seu melhor amigo, sua esposa, seu marido, a sogra, seu vizinho, etc. Era só diversão mesmo. Mas, tinha prêmio valioso. O artista plástico Danilo de S’Acre criou uma magnífica obra e doou como troféu para o vencedor.
Era uma mala daquelas de retirante do nordeste sabe? Aquelas de papelão, cintadas de couro – sem alça, obviamente -, toda esfolada, mas com a pintura espetacular de um dos maiores expoentes da arte acreana.
Todo mundo passou a querer ser eleito, só pra ganhar a obra de arte. Acredita que a concorrência foi tanta, a festa foi tão maneira e divertida, foi tanta risada e e distração que os organizadores esqueceram de guardar o troféu em segurança? Roubaram a mala! Eu sei onde foi parar, mas essa é outra história.