A semana ferveu. Assim como já havia feito com mais de 30 países, o Donald Trump tascou no Brasil uma tarifa gigante de 50% sobre todo e qualquer produto exportado daqui para lá. A pancada é a maior e tem seus motivos. Vejamos:
Lula se meteu nas eleições americanas ostensivamente tomando partido pela candidata democrata; Lula chamou Trump de fascista e nazista durante a campanha para a Casa Branca; Lula apoiou Biden na perseguição ao Trump que por pouco não foi impedido de concorrer (tal como Bolsonaro); Lula estendeu tapete para Nicolas Maduro, que o governo americano declarou como narcotraficante; Lula permitiu que o Irã atracasse no Rio de Janeiro com navio militar para sabe-se lá o quê; Lula apoiou a Palestina contra Israel; Lula apoiou o Irã contra Israel e os EUA; Lula chamou Trump de genocida (associado ao “genocida” Netanyahu); Lula propôs ao BRICS criar uma moeda própria e abandonar o dólar; Janja mandou SIFU a Elon Musk, então secretário do Trump.
Como vemos, não se pode dizer que Trump tenha motivos para gostar do Lula e de sua política antiamericana, de sua aproximação de ditaduras e governos adversários, como se desafiasse ou se colocasse a serviço de uma geopolítica de negação dos valores e tradições ocidentais, e de transformação do Brasil em proxy da China no continente. Portanto, Lula pediu, e veio. A pergunta é se a pancada precisava ser tão violenta e agregar, como na carta enviada, fatores não econômicos.
Trump menciona dois motivos para o tarifaço que o transforma em sanção política. Apontou a perseguição ao presidente Bolsonaro e a empresas americanas e a pessoas físicas residentes nos EUA, o que no seu entendimento configura uma tendência de alinhamento contrário aos seus interesses e atentado à liberdade de expressão, inclusive nos EUA, o que seria inaceitável. Os dois motivos apontados, além do econômico, tem origem no lawfare do STF. A rigor, Donald Trump disse: “Estamos vendo para onde vocês estão indo e não vamos ficar inertes”.
É claro que, oportunista como é, Lula, que estava nas cordas apanhando de todo lado por causa de seu governo fracassado e de escândalos de corrupção, encontrou aí uma tábua de salvação de sua popularidade, gostou e correu para uma propaganda chinfrim logo derrotada nas mídias sociais. O globalista do Fórum Econômico Mundial imediatamente deu lugar a um nacionalista picareta, na tentativa de atrair o bom patriota. Não durou nada. Em algumas horas o “Defenda o Brasil” virou “Defenda o Brasil do PT”.
Paralelamente, promoveu através dos sabujos de sempre, a versão “é culpa do Bolsonaro”. Ridículo, soa como se o Bolsonaro tivesse condições de cochichar ao ouvido do Trump conselhos econômicos que ele vem praticando a torto e a direito com dezenas de países, bloco europeu, asiáticos, enfim, todos que comerciam com os EUA estão sentando-se para reavaliar as tarifas comerciais. De tão absurda a coisa não se sustenta além das mentes perturbadas de esquerdistas. Bolsonaro quer apenas que cesse a perseguição aos patriotas e sejam arquivados os inquéritos aloprados.
Pelas causas apontadas, engana-se quem acha que vai resolver a situação apenas com negociações tarifárias, setor a setor ou produto a produto. A coisa é essencialmente política e o presidente americano deixou isso claro. O STF não fará nenhum recuo, claro, mas o parlamento pode trazer para si a responsabilidade e ajudar o país.
A julgar pela nota pública de Barroso neste domingo à noite, eles estão convictos de que mudar o regimento do STF para julgar cidadãos comuns como se tivessem prerrogativa de foro e a toque de caixa é certo, que fazer fishing expedition a granel é legal, que torturar presos em solitárias é humano, que trazer para si próprio o papel de vítima, delegado, promotor e juiz é normal, que pedir ajuda ao Biden para promover a vitória de um candidato é soberano, que deixar morrer à mingua um preso político (Clesão) é do jogo, que cassar passaportes e perseguir no exílio jornalistas e opositores é bacana, que distribuir multas e silenciamento de pessoas nas mídias é liberdade… enfim, as barrosidades da carta do presidente do STF atestam que eles simplesmente não veem o que estão fazendo, não sentem, não se incomodam. A carta mais esconde do que esclarece.
Desconfio que antes do Trump recuar, o Congresso sinalizará a aprovação de uma legislação de anistia que remova do cenário político a mancha da perseguição à oposição, restaurando a democracia. Resolvida a questão da anistia (lembram dos posts “deixem Bolsonaro em paz”?), será ainda necessário rever a legislação sobre as big techs assinalada na carta-sanção.
Se isso não acontecer, é bem possível que acordemos qualquer dia desses com outras medidas duras e consequentes. Que tal uma Lai Magnitsky no lombo de quem mandou dar? Que tal o Trump congelar o colchão cambial de 347 bilhões de dólares que o Brasil tem? Que tal uma venda coordenada por americanos dos títulos brasileiros? Que tal tirar o Brasil do Switch?
O brasileiro precisa entender que há uma estrutura internacional, historicamente construída, e que nossa inserção se dá no nível de aliado das grandes potências, mas não de líder. A escolha que Lula faz por ditaduras de esquerda e por alimentar delírios socialistas no Foro de São Paulo, tem um preço que não será pago, como ele pensa, com jabuticabas.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.