Foto: Iago Nascimento/ac24horas
No programa Médico 24 Horas, exibido nesta segunda-feira (14) nas redes sociais e no site do ac24horas, o médico e apresentador Dr. Fabrício Lemos entrevistou o radioncologista Dr. Melk Menezes, referência no tratamento de câncer no Acre. Com 10 anos de dedicação à radioterapia, Dr. Melk destacou os avanços tecnológicos e os desafios na luta contra o câncer, trazendo esperança para milhares de pacientes no estado.
Em apenas cinco anos, o Acre evoluiu “50 anos em tecnologia” na radioterapia, segundo Dr. Melk. Até 2017, o estado utilizava uma máquina de telecobalto, datada das décadas de 1950 e 1960, que causava efeitos colaterais como queimaduras na pele e danos a órgãos saudáveis devido à radiação imprecisa. Em 2021, o Hospital do Câncer do Acre adquiriu um acelerador linear, avaliado em mais de R$ 25 milhões, fruto de investimentos dos governos federal e estadual iniciados em 2012.
O Acre foi o sétimo estado brasileiro a instalar esse equipamento, ganhando destaque internacional pelo sucesso da implementação. “Essa máquina permite direcionar a radiação exatamente onde está o tumor, protegendo órgãos saudáveis com 120 micromotores que funcionam como um escudo”, explicou o especialista.
O acelerador linear reduziu significativamente o tempo de tratamento. Cânceres de mama, que antes exigiam até 30 sessões, agora podem ser tratados em apenas cinco dias em alguns casos, facilitando o acesso de pacientes do interior. O estado está próximo de iniciar a radiossurgery, um procedimento que trata metástases cerebrais em uma única sessão de alta precisão, com previsão de implementação até o final de 2025.
Nos últimos 10 anos, cerca de 14 mil pacientes foram atendidos no Hospital do Câncer, um marco impulsionado por investimentos estaduais, especialmente na gestão do governador Gladson Cameli, que destinou mais de R$ 12 milhões para equipamentos, incluindo um aparelho de braquiterapia, pioneiro no Brasil.
Foto: Iago Nascimento/ac24horas
Os cânceres mais tratados no Acre são o de colo de útero e mama, nas mulheres, e o de próstata, nos homens, seguidos por tumores de pulmão, canal anal, reto e cabeça e pescoço. Dr. Melk destacou a relação do câncer de colo de útero com o HPV e a associação de tumores de cabeça e pescoço com o consumo de álcool e tabaco, que aumenta o risco em 50%.
Apesar dos avanços, o diagnóstico tardio permanece como o maior desafio. “Conseguimos iniciar o tratamento em 3 a 7 dias, mas muitos pacientes chegam com a doença em estágio avançado”, afirmou. Ele sugere a criação de uma “ponte” na rede de saúde, com políticas públicas que agilizem o acesso a biópsias e consultas especializadas, conectando a atenção primária à alta complexidade.
Dr. Melk esclareceu que a radioterapia é indolor, com sessões de 1 a 2 minutos, descritas como um “banho de luz”. Efeitos colaterais, como sensibilidade na pele ou dificuldade para engolir, são temporários e variam conforme a área tratada. O risco de tumores radioinduzidos é mínimo com a tecnologia atual. A radioterapia, junto à quimioterapia e cirurgia, forma um “tripé” no tratamento oncológico, com a escolha do método dependendo do tipo e estágio do câncer. Diagnósticos precoces, como no câncer de mama, podem alcançar 95% de cura.
Para o futuro, Dr. Melk planeja a aquisição de uma segunda máquina de radioterapia, eliminando qualquer risco de espera e ampliando o acesso a tratamentos rápidos. “Não temos fila na radioterapia, mas uma segunda máquina permitirá dedicação exclusiva com tecnologia de ponta”, afirmou. Ele também destacou a importância da prevenção, incentivando a busca por atendimento ao menor sinal de alerta e recomendando atividades físicas e alimentação saudável durante o tratamento.
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