Boa Conversa: aliados de Mailza e Bocalom “se estranham”; PT precisa de remédio pra verme

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Da redação ac24horas

Na edição desta sexta-feira (11) do programa Boa Conversa, os jornalistas Marcos Venícios, Luís Carlos Moreira Jorge e Astério Moreira discutiram os bastidores da política acreana, com destaque para a possível candidatura do prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, ao governo do Estado em 2026.


O tema surgiu a partir de uma informação publicada na coluna Crica, de Luís Carlos Moreira Jorge, segundo a qual o ex-articulador político da gestão municipal, Jhonatan Santiago, teria confirmado a intenção de Bocalom em disputar o Palácio Rio Branco na próxima eleição estadual. A estratégia incluiria a entrega de todas as obras da prefeitura até abril do próximo ano — prazo exigido pela legislação eleitoral para desincompatibilização de prefeitos que desejam concorrer a outros cargos. “Conversei com o Jhonatan e perguntei se o prefeito Bocalom é candidato. Ele respondeu: ‘candidatíssimo’. Disse que quer fechar todas as obras até abril. O Jhonatan era, até pouco tempo, o homem mais próximo do Bocalom, articulador político desde o primeiro mandato dele”, destacou o colunista.


Durante o programa, os jornalistas também analisaram a ausência de apoio explícito de Bocalom à pré-candidatura da senadora Mailza Assis ao governo. Para eles, o silêncio do prefeito pode indicar uma movimentação estratégica de quem ainda alimenta o desejo de entrar na disputa. “Se ele não declara apoio à Mailza, é porque tem pretensão de ser candidato. Ele mesmo disse: ‘se me chamarem mais na frente…Quem faz uma condicionante dessas está, na verdade, torcendo para que o adversário não cresça, e que ele próprio viabilize sua candidatura”, comentou Luís Carlos.


Foto: Iago Nascimento

O jornalista Astério Moreira também comentou os bastidores envolvendo o prefeito Tião Bocalom e sua possível candidatura ao governo do Acre em 2026.


Segundo Astério, o governador Gladson Cameli é quem conduz o processo político dentro do grupo governista, atuando como o “regente da orquestra” na formação do arco de alianças para a próxima eleição. “Gladson chamou o Bocalom para conversar. Agora, numa hipótese, se o Bocalom tiver dito: ‘Comandante, eu também quero ser comandante. Se a Mailza não der certo, eu estou aqui’, ele já deixou isso sinalizado”, avaliou o jornalista.


Durante o programa Boa Conversa, o jornalista Astério Moreira revelou que o Partido Liberal (PL) não pretende indicar o vice na eventual chapa da vice-governadora Mailza Assis (PP) ao governo do Acre nas eleições de 2026.


Segundo Astério, inicialmente havia a possibilidade de o PL pleitear a vaga de vice na composição majoritária, caso o prefeito Tião Bocalom não fosse candidato. No entanto, após a publicação da especulação em sua coluna, ele recebeu uma ligação do senador Márcio Bittar (União Brasil) esclarecendo a posição do partido. “Recebi uma ligação do senador Márcio Bittar, que leu a coluna, e me disse: ‘Astério, o PL não tem interesse nenhum em indicar o vice da Mailza, porque não cabe na chapa que estamos formando’”, relatou o jornalista.


Com isso, segundo ele, subentende-se que Mailza é a pré-candidata apoiada por Bittar, embora ainda não haja uma declaração oficial. A composição pensada para 2026 envolveria o PP e o União Brasil indicando o nome para a cabeça de chapa, com o vice vindo de outro partido — possivelmente do MDB ou de uma legenda de centro que possa ampliar o arco de alianças.


O programa Boa Conversa também repercutiu a polêmica declaração do ex-vereador Luiz Calixto, que afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “540 mil vezes melhor que Jair Bolsonaro” para a democracia. A fala, feita durante uma entrevista, gerou forte reação entre aliados do ex-presidente Bolsonaro, incluindo o secretário municipal João Marcos Luz, que exigiu uma retratação pública por parte de Calixto.


Foto: Iago Nascimento

Os jornalistas Marcos Venícios, Astério Moreira e Luís Carlos Moreira Jorge (o Crica) analisaram o episódio. Para Crica, a fala de Calixto foi assertiva e coerente com a realidade política recente do país. “O Calixto foi perfeito. A pergunta era: o que é melhor para a democracia, Lula ou Bolsonaro? Lula tem seus problemas, um governo enfraquecido, já esteve envolvido em escândalos de corrupção, mas, para a democracia, ele é melhor que Bolsonaro. Sem discussão”, avaliou o colunista.


Crica lembrou episódios marcantes do bolsonarismo que, segundo ele, ferem princípios democráticos, como as declarações de Eduardo Bolsonaro sugerindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal. “Isso é antidemocrático. Falar em democracia e defender esse tipo de postura não combina”, completou.


O jornalista ainda criticou a postura do secretário João Marcos Luz, que se posicionou publicamente contra Calixto. “Me admiro o João Marcos Luz cobrar retratação. Se os bolsonaristas fossem tão fortes, teriam votado nele. Ninguém defendeu mais o Bolsonaro na última eleição do que ele, e mesmo assim não se elegeu. Cadê essa força da direita?”, questionou.


O programa Boa Conversa também repercutiu a recente declaração da vice-governadora Mailza Assis (PP) sobre a possível candidatura do prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), ao governo do Acre em 2026. Ao ser questionada, Mailza adotou tom conciliador, afirmando que “todo mundo tem o seu direito” e destacou as parcerias institucionais entre o governo estadual e a prefeitura da capital.


A resposta da vice-governadora foi vista como uma tentativa de manter o equilíbrio dentro da base governista, evitando atritos em um momento em que os bastidores da política acreana se movimentam em torno da sucessão estadual.


Durante o debate, o jornalista Marcus Vinícius reforçou a crença de que Bocalom é, de fato, candidato ao governo. Para ele, o prefeito tem uma trajetória marcada por persistência e estratégia, além de estar no momento ideal para disputar o cargo. “Eu não duvido. O homem tem história. Como ele mesmo disse num evento: ganhou cinco, perdeu cinco. Quem tá no jogo, tá no jogo. E volto a dizer: por que acho que o Bocalom é candidatíssimo? Estamos falando do tempo biológico. Hoje ele está apto a bancar uma candidatura. A gente não sabe como ele vai estar daqui a quatro anos. Se deixar passar, pode perder a chance”, analisou.


Marcus também destacou que vê sinais claros de que o secretário João Marcos Luz age em sintonia com o prefeito. “Pra mim, está gritante que João Marcos não faz nada sem a anuência do Bocalom”, completou.


O jornalista Luís Carlos Moreira Jorge, o Crica, afirmou que o ex-senador Jorge Viana (PT) está atuando nos bastidores para ampliar a base partidária da federação liderada pelo Partido dos Trabalhadores.


Foto: Iago Nascimento

Segundo Crica, Jorge estaria articulando, em nível nacional, a entrada do PDT e do PSB na federação que já reúne PT, PCdoB, PV, e possivelmente contará também com PSOL e Rede Sustentabilidade. “A gente sabe que ele está trabalhando para trazer o PDT e o PSB para a federação. Ele está atuando nacionalmente nesse sentido”, destacou o colunista.


Luiz Carlos Moreira Jorge, o Crica, fez uma avaliação crítica sobre a ausência do ex-senador Jorge Viana (PT) nas articulações políticas dentro do Acre.


Segundo Crica, Viana deveria estar mais presente no estado, especialmente diante das expectativas em torno de uma eventual candidatura em 2026. “Ele já devia estar aqui, conversando em uma pré-campanha. Pelo menos nos finais de semana, reunido entre os municípios. Mas isso não está acontecendo. O Jorge Viana está muito ausente do Estado”, afirmou.


ressaltou ainda que Jorge Viana tem um legado reconhecido — como ex-prefeito de Rio Branco e ex-governador do Acre — mas que precisará reconquistar espaço político. “Ele foi um bom prefeito, um bom governador. Mas hoje não dá mais autógrafo. Ele vai ter que correr atrás do boi”, ironizou.


O jornalista também comparou a postura de Viana à da ex-deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), que, segundo ele, tem se mostrado mais ativa politicamente. “A Perpétua está mais no Acre do que o Jorge. Muito mais”.


Luiz Carlos Moreira Jorge, o Crica, comentou a ausência do procurador Sammy Barbosa na lista de indicados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo ele, a decisão representa uma perda para o Acre e evidencia a pouca influência política do estado nos grandes centros de poder. “Foi uma pena o Sammy Barbosa ter ficado de fora do STJ. Ele é um profissional qualificado, com todos os requisitos para assumir a vaga”, afirmou Crica,


O programa Boa Conversa relembrou nesta sexta-feira (11) um dos episódios que mais repercutiram na semana: o momento em que o prefeito do Bujari, João Edvaldo Teles de Lima, conhecido como “Padeiro”, jogou dinheiro público durante a abertura da ExpoBujari.


A atitude gerou críticas e polêmica nas redes sociais, sendo considerada por muitos como inadequada para um gestor público. Apesar da repercussão, o jornalista Marcos Venícios avaliou que o caso dificilmente terá consequências legais.“Se fosse no ano eleitoral, aí eu acho que daria uma confusãozinha. Mas, como ainda estamos a mais de um ano da eleição, acredito que não vai dar em nada”, comentou.


O colunista Luiz Carlos comentou o principal tema político da semana: as tensões comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos, após o governo americano anunciar a possibilidade de taxar em até 50% produtos brasileiros. O contexto ganhou contornos políticos com a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.


Para Crica, a tentativa de atribuir a taxação ao presidente Lula é uma estratégia equivocada e contraproducente. “Ali vai ser um tiro no pé do bolsonarismo. Quem está articulando tudo nos Estados Unidos é o Eduardo Bolsonaro, mas quem vai sofrer é o agronegócio, que é justamente a base de apoio do bolsonarismo. Você não está taxando o Lula. Está taxando o país”, analisou.


Segundo ele, a medida atinge diretamente o setor do agronegócio, que ainda representa um dos maiores pilares econômicos e políticos da direita no Brasil. “O templo do bolsonarismo é o agronegócio, e ele está sendo atacado com essas taxas. Lula é o menos prejudicado nessa história. Politicamente, ele ganhou força com isso”, afirmou.


Crica também destacou o desgaste político provocado por decisões apressadas dentro do Congresso. “Foi um erro grotesco o PL ter aprovado uma moção de aplauso a Donald Trump na Câmara e, horas depois, o ex-presidente americano anunciar uma taxação pesada contra o Brasil. Pegou muito mal”, pontuou.


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