Um vídeo obtido pelo ac24horas revela detalhes da agressão sofrida por Said Rodrigues Leôncio, de 34 anos, morador em situação de rua e dependente químico, na noite da última sexta-feira, 4 de julho, na Praça da Revolução Coronel Plácido de Castro, localizada na Avenida Getúlio Vargas, região central de Rio Branco.
As imagens mostram Said se aproximando de uma lixeira quando, repentinamente, um homem do grupo de pelo menos oito pessoas pega uma ripa de madeira de um dos bancos da praça e o atinge violentamente com diversos golpes. Said é agredido pelo menos cinco vezes, enquanto os demais observam. Em seguida, o agressor retorna ao banco, deixa o pedaço de madeira onde estava originalmente e se senta, como se nada tivesse acontecido.
A versão registrada em vídeo contradiz relatos de testemunhas, que afirmaram que a confusão teve início após gritos de “pega ladrão”, supostamente vindos de uma mulher que estava nas escadarias que ligam a praça à Avenida Brasil. Said teria sido acusado de tentativa de roubo, o que, até o momento, não foi confirmado por nenhuma autoridade.
Diante da repercussão do caso, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para apurar a agressão. A portaria foi assinada pelo promotor de Justiça Thalles Ferreira Costa, da Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania.
Segundo o documento do MPAC, a agressão teria ocorrido em frente ao quartel da Polícia Militar e foi registrada em vídeo, o que fortaleceu os indícios da gravidade do crime. As denúncias recebidas pelo órgão relatam que Said foi brutalmente agredido e que o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) teria sido negado ou realizado de forma inadequada.
O Ministério Público apura, ainda, a eventual omissão de socorro por parte de agentes públicos e a responsabilidade penal dos envolvidos na agressão, que pode configurar crime de lesão corporal grave ou tentativa de homicídio, dependendo da apuração dos fatos.