Foto: Sérgio Vale
O secretário de Governo do Acre, Luiz Calixto, foi o entrevistado desta terça-feira, 8, no programa Bar do Vaz. Conduzida pelo apresentador e empresário Roberto Vaz, a conversa abordou temas relevantes da administração estadual e do cenário político local. Entre os assuntos discutidos, Calixto destacou obras do governo Gladson Cameli, a condução da saúde pública, a repercussão de reportagens nacionais sobre a educação no estado e, principalmente, sua convicção de que Mailza Assis será reeleita governadora em 2026.
Calixto abriu a entrevista abordando a recente polêmica com a conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC), Naluh Gouveia, que sugeriu ao deputado estadual Edvaldo Magalhães a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a concessão de renúncias fiscais no estado — que devem alcançar quase R$ 600 milhões em 2026 — durante audiência pública na Assembleia Legislativa. Segundo ele, “um velho ditado serve para a ocasião: cada macaco no seu galho”.
“Não sei se ele é preconceituoso, mas a gente sempre usa: ‘cada macaco no seu galho’. Sim, dá até para ver o uso também. O Judiciário tem que cuidar das funções do Judiciário, o Ministério Público tem que cumprir a sua função de fiscalizar, de controle externo, a Assembleia [tem que] legislar, o Governo do Estado executar, o Tribunal também — o órgão de controle externo — [tem que] fiscalizar a correta aplicação dos recursos públicos. Então, se houver uma irregularidade, o TCE tem como afrontar, através da investigação. Agora, eu tenho muita preocupação quando uma instituição, quando um membro da instituição passa a fazer uma espécie de militância política. É muito preocupante. Então, as pessoas têm que ter cuidado, muito cuidado. Imagina se um juiz de direito, se um desembargador, começa a fazer militância política. Significa que, no dia que ele for julgar um político, a sociedade vai enxergar como uma pessoa parcial. O Tribunal de Contas da mesma forma. Nós temos o maior apreço, o maior respeito, a maior consideração por todos e pelo Tribunal de Contas também. Mas os membros do Tribunal de Contas têm que ter muito cuidado para que não deixem passar para a sociedade que eles estão indo além do papel de fiscalização, além do papel de controle de trabalho. E por que o Tribunal de Contas tem que ter muito mais esse cuidado? Porque a deputada Naluh Gouveia — eu gosto muito dela, tive muitos embates com ela — ninguém pode esquecer que a deputada Naluh Gouveia foi deputada pelo PT, pelo Partido dos Trabalhadores. E, a partir do momento em que ela faz gestos, toma atitudes que se confundem com o parlamentar, muitas pessoas podem entender, de forma equivocada ou não, que ela está fazendo militância política. Então, isso a gente tem que diferenciar, porque existe uma coisa que vai ser chamada liturgia do cargo”, explicou.
Ao comentar o pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a concessão de renúncias fiscais no estado — que devem alcançar quase R$ 600 milhões em 2026 —, o secretário de Governo, Luiz Calixto, saiu em defesa da política de incentivos adotada pela gestão estadual.
Foto: Sérgio Vale
Segundo Calixto, os benefícios fiscais têm como objetivo principal fomentar a economia local, gerar emprego e renda, e proteger as indústrias do Acre da concorrência externa. “É uma forma que o Estado encontrou de facilitar a mobilidade das pessoas, como na compra de veículos com isenção de impostos. O Estado tem esse poder discricionário. Vamos retirar os incentivos fiscais das nossas indústrias? Não podemos. Se tirarmos, vamos condená-las à falência, ao fechamento, ao desemprego”, argumentou.
O secretário citou como exemplo as indústrias de cerâmica, a recém-inaugurada beneficiadora de café em Cruzeiro do Sul e outros empreendimentos locais. “Se tirarmos ó incentivo das indústrias de cerâmica, elas fecham. Se tirarmos o incentivo da beneficiadora de café — um empreendimento magnífico, estive lá —, eles não têm como competir com produtos de fora. O incentivo fiscal é para proteger nossa indústria e dar a ela uma vantagem comparativa. Nossa indústria é incipiente, precisamos estimulá-la”, completou.
Calixto também demonstrou incômodo com a postura da conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC), Naluh Gouveia, que sugeriu a criação da CPI em audiência pública na Assembleia Legislativa. Para ele, a fala da conselheira pode ser interpretada como um gesto político. “Quando isso parte de uma conselheira do Tribunal de Contas, é preocupante. Ela praticamente nos coloca sob suspeita. A CPI é um instrumento do Legislativo, não do Executivo. Se um deputado quiser propor, é uma iniciativa do Parlamento. O que podemos fazer — e faremos — é defender a coerência, a razão e a proteção às nossas indústrias”, declarou.
Para o secretário, a política fiscal do estado é responsável e voltada ao desenvolvimento. “Não fazemos concessões fiscais para privilegiar grupos, e sim para privilegiar a geração de emprego e renda. O Acre é um estado que vive com incentivos fiscais. Temos três zonas de livre comércio: Epitaciolândia, Brasileia e Cruzeiro do Sul, todas com os mesmos benefícios da Zona Franca de Manaus. O empresariado acreano é beneficiado por incentivos previstos na legislação federal”, explicou.
O secretário de Governo, Luiz Calixto, comentou a atual polêmica envolvendo o pleito de reajuste salarial apresentado pelos servidores públicos ao governo do Acre. Segundo ele, o Estado enfrenta limitações orçamentárias severas que dificultam qualquer avanço significativo nas negociações. “Temos que ter em mente que administramos um Estado com escassez de recursos. Um Estado cuja receita é quase toda vinculada a algum destino específico. Por exemplo, de tudo que arrecadamos, entre impostos e transferências constitucionais, uma parte precisa ser repassada aos poderes e instituições: Defensoria, Ministério Público, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa”, explicou.
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Calixto afirmou que, com os valores que restam, o Estado ainda precisa arcar com os salários dos servidores, pagar dívidas, custear a Previdência e manter os serviços públicos em funcionamento. “Suplementamos o pagamento da Previdência com quase R$ 90 milhões por mês. Sobra muito pouco para investimento. Ainda temos que manter a estrutura do Estado: um hospital precisa de água, gás, injeções, limpeza. Tudo isso gera custo. Nossa capacidade de investimento é muito pequena”, acrescentou.
O secretário disse entender as demandas do funcionalismo, mas argumentou que há uma grande distância entre o desejo de conceder reajustes e a real possibilidade financeira do Estado. “Perguntei ontem na Assembleia: qual governador não gostaria de atender a todos os pleitos dos servidores? Somos um Estado com mais de 52 mil servidores entre ativos e inativos. Nenhum governador deixaria de atender por birra ou intolerância a um segmento tão forte politicamente. A vontade existe, mas falta viabilidade”, disse.
Ele também destacou que, apesar das dificuldades, o governo Gladson Cameli já concedeu avanços, incluindo um reajuste de 20,32%, parcelado em quatro vezes. “Este mês de junho foi creditada a terceira parcela, e a quarta está prevista para junho do próximo ano. Isso tem um custo financeiro muito alto. Sabemos que era preciso fazer mais, mas os recursos são limitados”, reforçou.
O gestor apontou que o governo conseguiu reduzir o índice de comprometimento da receita com a folha de pagamento, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Quando o governador assumiu, esse índice era de 54%. Hoje está em 46,99%. Isso comprova que houve uma gestão eficiente das finanças públicas”, concluiu.
O secretário de Governo, Luiz Calixto, afirmou que a atual gestão do governador Gladson Cameli já quitou quase R$ 4 bilhões em dívidas deixadas por administrações anteriores, especialmente do período em que o Estado era governado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). “Foram contratações como o frigorífico de peixe, aquele prédio branco, que está parado; o complexo industrial em Tarauacá, que está caindo aos pedaços; a fábrica de móveis em Feijó, que nem existe de fato. Ou seja, foram investimentos que não foram sustentáveis, que não se pagaram e deixaram apenas dívidas”, declarou.
Segundo Calixto, parte dessas dívidas foram contraídas com juros altos e até mesmo em dólar, o que agrava ainda mais o impacto nos cofres públicos. “É preciso fazer essa conta com exatidão. É impensável, para um governador ou para a economia do Acre, atrasar pagamentos. Aqui, a principal força motriz da economia é a folha de pagamento dos servidores”, enfatizou.
O secretário também destacou a importância do pagamento em dia dos salários para a movimentação do comércio local. “Você pode conversar com qualquer empresário. Eles dizem que nos dez dias após o pagamento há um movimento comercial intenso. Depois disso, esfria, até começar de novo. Por isso, o compromisso do governador Gladson Cameli é não atrasar salários. Ele pode atrasar qualquer outra conta, menos o pagamento do servidor”, concluiu.
O secretário de Governo também comentou sobre as obras executadas ao longo das gestões do governador Gladson Cameli. Segundo ele, diversas frentes de trabalho estão em andamento em várias regiões do Acre. “Temos obras em estradas em Cruzeiro do Sul, investimentos em ramais por todo o estado, somando quase 20 mil quilômetros. Há também a nova maternidade, a recuperação da passarela que estava comprometida, e outras intervenções importantes. Estamos retomando o que ficou inacabado na gestão passada”, afirmou.
Calixto também citou a conclusão de obras que estavam paralisadas, como o pronto-socorro de Rio Branco. “O pronto-socorro, por exemplo, ficou parado por muito tempo e foi concluído já na primeira gestão do governador Gladson. Tem muita coisa sendo feita”, reforçou.
O secretário de Governo, Luiz Calixto, também comentou a recente reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, que mostrou as dificuldades enfrentadas por comunidades isoladas do Acre no acesso à educação. Segundo ele, a oposição utilizou o conteúdo para atacar o governo de forma desproporcional. “O programa quis mostrar a realidade da educação no Acre, com todas as suas dificuldades, e, de repente, a oposição veio para cima como se o mundo tivesse acabado. Essa situação já existia em gestões anteriores”, afirmou.
Calixto explicou que, quando a atual gestão assumiu, havia cerca de 430 salas de aula improvisadas, número que atualmente gira em torno de 160. “Era para não ter nenhuma, claro, mas temos que entender que essas estruturas são temporárias, usadas em locais de difícil acesso. O Fantástico mostrou uma dessas escolas e também mostrou que uma nova estrutura estava sendo construída ao lado”, explicou.
Ele acrescentou que existem regiões em que os ramais chegam a 80 km de extensão e, durante parte do ano, são intrafegáveis. Em alguns desses locais vivem poucas famílias, com oito, dez ou quinze crianças. “Nessas situações, temos duas opções: ou instalamos uma sala de aula emergencial, como as chamadas NETs (Núcleos de Ensino Temporário), ou deixamos as crianças fora da escola. O que você faria?”, questionou.
Sobre a crítica de que uma das salas funcionava em um antigo curral, Calixto argumentou que a denúncia foi distorcida. “Tentaram dizer que era um curral, que não era adequado, mas depois corrigiram, dizendo que era onde as pessoas realizavam cursos. Às vezes, a necessidade impõe escolhas difíceis”.
Calixto também abordou a situação da saúde pública no Acre, reconhecendo os desafios da área, mas elogiando as medidas adotadas pelo titular da pasta, Pedro Pascoal. Ele destacou, como exemplo, a apuração rápida sobre o caso de uma criança que sofreu queimaduras nos pés durante atendimento médico. “Nada na saúde é suficiente, porque a demanda é imensa. Mas quero abrir um parêntese para elogiar a atitude do secretário Pedro Pascoal, que determinou a realização de uma perícia sobre o caso da criança que teve os pezinhos queimados e precisou ser transferida para fora do estado. A profissional envolvida foi afastada e, ontem, o secretário confirmou que houve imperícia. Ele informou que irá demitir a servidora para evitar que outras crianças passem por algo semelhante. Foi um ato honroso”, afirmou Calixto.
O secretário citou uma frase do ex-presidente Itamar Franco para reforçar o argumento de que o mais importante em uma gestão não é a quantidade de denúncias, mas sim as providências adotadas diante delas. “Existe uma máxima na política, dita por Itamar Franco: o governo não se mede pela quantidade de denúncias que recebe, mas pelas providências que toma. O secretário Pedro, jovem e dinâmico, está fazendo a parte dele. É criticado, claro, mas me diga: qual a culpa que ele tem pela imperícia ou negligência de um servidor que não está sob os olhos dele o tempo todo? Se ele não tivesse feito nada, a crítica seria justa. Mas ele agiu, e rapidamente”, reforçou.
Calixto ressaltou que erros podem acontecer em qualquer lugar, especialmente em regiões remotas. “Imagine um erro cometido no Jordão, por exemplo. Muitas vezes o gestor só toma conhecimento depois. Mas, a partir do momento que sabe, tem que agir com firmeza. É isso que estamos fazendo. As falhas existem, todos os sistemas públicos têm, mas o importante é a resposta”, disse.
Foto: Sérgio Vale
Calixto ainda afirmou que o governador Gladson Cameli é um forte nome na disputa ao Senado Federal nas eleições de 2026. Segundo ele, as pesquisas apontam que Cameli já estaria praticamente garantido como um dos eleitos. “O Gladson é candidato ao Senado. As aferições de pesquisas indicam que ele já tem uma vaga quase garantida. Portanto, a disputa será pela segunda vaga. Ele é maior do que o próprio governo. Tem uma relação empática com as pessoas que é difícil de explicar”, disse Calixto.
O secretário destacou ainda que o governador não adota postura autoritária e se aproxima da população com naturalidade. “Não venha querer definir o Gladson, porque ninguém consegue. Ninguém sabe que mistério é esse que ele tem, de tanta simpatia. Mas eu posso apontar algumas razões: ele não se coloca como alguém absoluto, que o povo precisa dele. Pelo contrário, ele demonstra que é ele quem precisa do povo”, afirmou.
Calixto também ressaltou que Cameli costuma ouvir críticas e sugestões de forma aberta e respeitosa. “Quando alguém reclama, ele diz: “Pode me dizer, me diga onde estou errando, que é para eu corrigir”. Ele estabelece uma relação muito próxima, de amizade. Não é uma pessoa rancorosa. Uma vez ele me disse: Calixto, ninguém me peça para perseguir ninguém. Ninguém me peça para usar o governo contra alguém”,concluiu.
O secretário de Governo garantiu que a atual vice-governadora do Acre, Mailza Assis (PP), será candidata à sucessão de Gladson Cameli nas eleições de 2026. Segundo ele, a candidatura já é dada como certa dentro do Progressistas. “Eu estava lá, e poucas vezes vi o governador Gladson falar com tanto coração. Foi uma empolgação verdadeira. O que posso te afirmar é que a governadora Mailza Assis será candidata ao governo pelo PP. E, nessa condição, nós vamos lutar para viabilizar isso. As condições objetivas existem, e ela vai melhorar ainda mais”, afirmou Calixto.
O secretário destacou que, apesar do estilo mais sereno e cordial de Mailza, ela tem preparo e força para disputar o cargo. “O que as pessoas ainda precisam é se acostumar com o jeito meigo, sorridente… As pessoas não estão acostumadas com carinho, com alguém que trata bem, sem gritar, sem ofender, sem dar carteirada. Aqui a gente se acostumou com político que bate na mesa e diz: “Eu sou o governador”. A Mailza é o oposto disso”, disse.
Calixto também respondeu se a vice-governadora teria força para enfrentar adversários como o senador Alan Rick. “Ela tem tutano, tem fígado, tem coração, tem um cabelo bonito, tem um sorriso bonito — e vai ser governadora”, declarou.
Durante entrevista, o secretário de Governo, Luiz Calixto, reafirmou sua convicção de que a governadora Mailza Assis será reeleita nas eleições de 2026 e tomará posse para um novo mandato. “Confio, sim, na vitória da Mailza. Com certeza. Acredito que, no dia 1º de janeiro de 2027, ela tomará posse como governadora. Quer um convite antecipado? Está convidado. E quero ver você na primeira fila”, declarou Calixto, em tom bem-humorado.
Ao comentar sobre o cenário político local, Calixto citou o atual prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, e demonstrou confiança de que ele cumprirá seu mandato até o fim. “Acredito que o prefeito Bocalom vai honrar a palavra que deu ao eleitorado do Gilbran, de que exerceria o mandato até o final. Ele é um homem de palavra e certamente vai cumprir”, disse.
Calixto ainda fez uma crítica indireta a ex-prefeitos que deixaram o cargo para disputar outros mandatos. “Flaviano abandonou a prefeitura e perdeu. Marcos Alexandre também largou a prefeitura e perdeu. Espero que o Bocalom não queira cair na mesma maldição”, finalizou.
Calixto diz que amadurecimento trouxe leveza à sua postura pública
Durante a entrevista, o secretário de Governo, Luiz Calixto, comentou sobre a mudança em sua postura ao longo dos anos, especialmente em comparação com o período em que atuava como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Acre. “Eu era muito “caracudo”, muito firme. Mas precisava ser assim naquela época. Com o tempo, a experiência e a maturidade vão chegando, e a gente aprende. Para ser sério, eu não preciso deixar de brincar. Posso tentar descontrair, e isso não tira minha seriedade. Esses memes que fazem por aí fazem parte disso”, afirmou Calixto, em tom bem-humorado.
Assista à entrevista completa:
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