Mais de 110 mil acreanos vivem fora do Estado, diz IBGE

Por
Orlando Sabino

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na última sexta-feira (27/6), os dados referentes ao Censo Demográfico 2022: Fecundidade e Migração — Resultados Preliminares da Amostra. Os dados sobre migração no Acre estarão em destaque no artigo de hoje. A comparação será feita entre os Censos de 2022 e 2010.


Mais de 110 mil acreanos vivem fora do estado, aponta Censo 2022


Com uma população total de 827 mil habitantes em 2022, os acreanos natos somavam 755,3 mil, correspondendo a 91,3% do total. A diferença de 8,7% corresponde ao saldo migratório de 38,8 mil pessoas, resultante de 71,7 mil imigrantes (nascidos fora do Acre) e 110,5 mil emigrantes (nascidos no Acre que se mudaram para outros estados), o que gerou uma taxa líquida de migração de -4,48% em 2022.


Entre os 71,7 mil imigrantes, a maioria veio do Amazonas (38,8%), seguido de Rondônia (12,9%), Paraná (7,3%) e Ceará (6,2%).


Número de acreanos vivendo fora do estado cresce 57% em 12 anos.


O Censo de 2022 registrou um total de 110,5 mil acreanos morando em outros estados. Esse número é 57% maior do que o apontado pelo Censo de 2010, que contabilizou 70,6 mil pessoas.


Cerca de 60 mil (56,0%) imigraram para estados da Região Norte — principalmente Rondônia (27,2%), Amazonas (24,5%) e Pará. Para a Região Centro-Oeste, foram 15%; para as Regiões Sul e Sudeste, 11% e 10,4%, respectivamente.


Destaca-se que, contrariando o perfil do grande contingente que ocupou o território acreano a partir do século XVIII, em 2022 apenas 7,1% dos emigrantes se deslocaram para estados da Região Nordeste. Na tabela a seguir constam os principais destinos dos emigrantes do Acre registrados pelo Censo de 2022.


A emigração detectada pelo Censo de 2022 teve maior incidência em Rondônia (27,2%), Amazonas (24,5%), Mato Grosso (6,3%), Santa Catarina (6,1%) e São Paulo (5,7%). Os 11 principais estados com presença de migrantes acreanos estão listados na tabela a seguir.



Número de acreanos em Santa Catarina cresce mais de 1.100% em 12 anos.


Os maiores crescimentos intercensitários foram registrados nos estados de Santa Catarina e da Paraíba. O número de acreanos residentes em Santa Catarina passou de 529, em 2010, para 6.710 em 2022. Já na Paraíba, o total saiu de 281 para 2.183 no mesmo período.


Veja o gráfico a seguir:



Jovens e mulheres lideram migração acreana para Santa Catarina e Paraíba


Destacamos, no gráfico a seguir, a faixa etária dos acreanos que residiam em Santa Catarina e na Paraíba em 2022. Esses dois estados, como vimos anteriormente, apresentaram os maiores crescimentos relativos na emigração de acreanos entre 2010 e 2022.


Um resumo rápido mostra que os jovens — em sua maioria, mulheres — são os principais emigrantes para esses estados. Na Paraíba, 75% dos migrantes acreanos têm entre 0 e 39 anos; em Santa Catarina, esse percentual é ainda maior: 80,2%. Em ambos os estados, 54,5% dos migrantes são mulheres.


Por outro lado, entre os migrantes com mais de 49 anos, Santa Catarina abriga apenas 6,6%, enquanto a Paraíba concentra 14,9% dos emigrantes acreanos nessa faixa etária.



Os dados do Censo Demográfico 2022 revelam transformações significativas no perfil migratório da população acreana ao longo da última década. Com um saldo migratório negativo e um crescimento expressivo na emigração, especialmente para estados como Rondônia, Amazonas, Santa Catarina e Paraíba, observa-se uma mobilidade populacional crescente, impulsionada por fatores sociais, econômicos e demográficos.


Chama atenção o predomínio de jovens e mulheres entre os migrantes, sinalizando não apenas mudanças na dinâmica populacional, mas também possíveis impactos futuros no mercado de trabalho, na estrutura familiar e nas políticas públicas tanto no Acre quanto nos estados de destino.


Esses resultados reforçam a importância do planejamento local e da formulação de estratégias que considerem o fluxo migratório como fenômeno central para o desenvolvimento equilibrado e inclusivo do Acre.


Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas


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Orlando Sabino