Em tempos de crise prolongada, qualquer fôlego para os setores produtivos deve ser valorizado — e a Expoacre Juruá se apresenta como muito mais do que uma simples feira agropecuária ou vitrine de negócios: ela é, na prática, uma poderosa ferramenta de aquecimento da economia regional.
Durante os dias da feira, hotéis operam com ocupação máxima, restaurantes registram filas constantes, salões de beleza e barbearias veem a demanda crescer significativamente, e o comércio em geral se revitaliza. Para uma economia como a do Acre — marcada pelo esgotamento do modelo público-dependente e pelo baixo dinamismo produtivo —, eventos como esse são verdadeiros respiros econômicos.
Os árabes investem bilhões no futebol, conscientes de que o petróleo não durará para sempre. Eles enxergam no entretenimento e no turismo o futuro de sua prosperidade. Os Estados Unidos tratam o turismo como sua maior fonte de riqueza indiscutível, movimentando trilhões de dólares anualmente. A Europa, por sua vez, sustenta parte significativa de seu PIB com a visitação internacional.
E o que todos esses lugares têm em comum? Um entendimento estratégico de que eventos, cultura e hospitalidade são ativos econômicos reais.
A Expoacre, em Rio Branco, e a Expoacre Juruá, em Cruzeiro do Sul, são os maiores palcos de expressão econômica, cultural e de entretenimento do estado. Elas movimentam diversos setores simultaneamente:
• O agronegócio e os empreendedores locais, que têm espaço para expor seus produtos;
• O setor de eventos, com dezenas de shows e atrações que geram emprego direto e indireto;
• O turismo regional, que leva visitantes do interior à capital e vice-versa, fortalecendo hotéis, além de trazer dinheiro novo para o estado com turistas do norte e outras regiões do brasil;
• O comércio, que sente o impacto positivo imediato no caixa com aumento significativo no volume de vendas;
Serra do Divisor: o próximo passo do nosso potencial turístico
Se os eventos aquecem a economia e atraem visitantes, a natureza preservada do Acre oferece a continuidade dessa experiência com alto valor agregado. E nada representa melhor esse potencial do que a Serra do Divisor, em Mâncio Lima — um dos parques mais exuberantes da Amazônia brasileira e uma joia ainda subaproveitada no ecoturismo, nacional.
A porta de entrada da Serra é o Vale do Juruá, o mesmo que pulsa durante a Expoacre Juruá. Conectar o entretenimento da feira com pacotes turísticos sustentáveis, trilhas ecológicas, turismo étnico, religioso, gastronomia regional e comunidades tradicionais pode transformar o evento em gatilho de um novo modelo de desenvolvimento baseado no ecoturismo — a exemplo do que o Vale Sagrado dos Incas representa para o Peru.
Um novo modelo de prosperidade começa por aqui
Enquanto o velho modelo econômico do Acre dá sinais de esgotamento, o caminho para uma nova fase passa por apostas inteligentes e sustentáveis em turismo, cultura, biodiversidade e serviços. E isso começa com o que já temos à mão: eventos como a Expoacre Juruá e atrativos como a Serra do Divisor, que unem entretenimento, natureza, negócios e oportunidades em uma única experiência integrada.
Se os grandes centros do mundo entenderam o valor do turismo como vetor de riqueza, nós, acreanos, também precisamos enxergar com ousadia as ferramentas que temos. A Expoacre Juruá e a Serra do Divisor não são apenas símbolos regionais — são estratégias reais de desenvolvimento econômico e social. E talvez, mais importante do que apenas realizá-los, seja tratá-los com a seriedade e o planejamento de uma verdadeira política pública de futuro.
Marcello Moura é empresário, presidente do CDL Rio Branco e Líder do Movimento Cidadania Empreendedora.