A morte da enfermeira Jonnavila Mendes, de 32 anos, registrada na noite do último domingo (29), em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Segundo Distrito de Rio Branco, está sendo investigada como possível caso de feminicídio pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). A vítima foi levada à unidade pelo namorado, identificado pelas iniciais A. P. S. L, após relatar dores no corpo e dificuldade para respirar. Ainda na triagem, Jonnavila perdeu a consciência e foi levada para a sala vermelha, onde sofreu uma parada cardiorrespiratória. A equipe médica tentou reanimá-la, mas ela não resistiu e faleceu por volta das 22h.
Durante os procedimentos realizados após a confirmação da morte, profissionais de saúde identificaram múltiplos hematomas distribuídos pelo corpo da enfermeira. A situação levantou suspeitas de agressão, o que levou à comunicação imediata à Polícia Militar e ao Instituto Médico Legal (IML). O caso foi direcionado à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), que passou a conduzir a investigação.
Familiares relataram à polícia que Jonnavila vinha sofrendo agressões dentro do relacionamento com A. P. S. L. Segundo os depoimentos, ela se distanciou de amigos e parentes nos últimos seis meses, período em que as atitudes do companheiro teriam se tornado mais controladoras. O suspeito monitorava o celular da vítima, desativou suas redes sociais, a pressionou a deixar um dos empregos e restringia seu convívio social. A família afirmou ainda que ela costumava usar roupas longas, inclusive em dias quentes, para esconder marcas no corpo. Em 23 de maio, uma denúncia anônima sobre violência doméstica foi registrada, mas, ao ser abordada, Jonnavila negou as agressões, supostamente por medo de represálias.
Vizinhos do prédio onde o casal morava também relataram brigas frequentes e disseram ter ouvido discussões intensas. Alguns moradores pediram que a proprietária do imóvel solicitasse a desocupação do apartamento. Em tentativas de intervir, relataram ainda que foram ameaçados por A. P. S. L.
Após a morte da enfermeira, familiares tiveram dificuldades para recuperar o carro e o celular que estavam sob posse do suspeito. Com apoio da Polícia Militar, os bens foram devolvidos. Segundo a família, o celular foi acessado pelo companheiro que teria apagado todas as mensagens antes da entrega.
Com base nas denúncias formais, nos relatos de ameaças e no histórico de violência, a Justiça concedeu medida protetiva à família da vítima. A presença do suspeito no velório era uma das principais preocupações, o que motivou o reforço na segurança do local. A. P. S. foi preso na noite de segunda-feira (30) e encaminhado à Delegacia da Mulher. Ele permanece detido, por enquanto, pelas ameaças e pelo avanço da investigação. O laudo cadavérico do IML deve esclarecer a causa da morte e será peça central na apuração do caso. A audiência de custódia está marcada para esta terça-feira (1º), quando a Justiça decidirá se o investigado continuará preso ou responderá em liberdade.
Até o momento, a Delegacia de Atendimento à Mulher não divulgou detalhes sobre os próximos passos da investigação.