Foto: Thay Lima/ac24horas
Na edição desta segunda-feira (30) do programa Médico 24 Horas, exibido nas redes sociais e no site do ac24horas, o apresentador e médico Dr. Fabrício Lemos entrevistou o ortopedista especializado em cirurgia de coluna, Dr. Carlos Marques. Em um bate-papo descontraído, os médicos discutiram o crescente problema das dores na coluna, com ênfase no aumento das dores cervicais, especialmente entre jovens.
Dr. Carlos Marques revelou uma mudança significativa no perfil das queixas em seu consultório. “Hoje, praticamente metade dos pacientes que atendo vem com dor cervical, quando antes, em 2015, de cada 20 pacientes, apenas um ou dois tinham esse problema”. Ele atribui essa alteração ao uso prolongado de smartphones, que provoca má postura. “Em 2019, saiu o primeiro estudo sobre a Síndrome do Pescoço Dolorido do Leitor de Texto. Essa postura de flexão da cabeça, olhando para o celular, aumenta a pressão sobre os discos cervicais. A cada 15 graus de inclinação, o peso sobre a coluna praticamente dobra”, explicou.
O especialista destacou um dado alarmante: “Hoje, tenho pacientes de 16 anos com degeneração cervical no consultório. Antes, isso era comum em pessoas de 40, 50 anos, como bancários ou profissionais de tribunal”. Para prevenir, ele recomenda ajustar a postura: “O certo é trazer o celular à altura do rosto, não levar o rosto ao celular. Não dá pra dizer que o celular faz mal, ele é um mal necessário, mas precisamos de ergonomia”.
Para tratar dores cervicais, Dr. Carlos enfatizou a importância de intervenções iniciais: “A primeira fase é a fisioterapia, com alongamentos e medidas analgésicas junto ao fisioterapeuta. Isso melhora a dor na maioria dos casos”. Ele também destacou o papel do exercício: “O corpo foi feito para o movimento. Yoga, pilates e, principalmente, exercícios na água, como hidroginástica e natação, têm estudos que comprovam eficácia no fortalecimento para a cervical”.
Nos casos mais graves, como hérnias de disco, a cirurgia pode ser necessária, mas avanços recentes tornaram os procedimentos mais eficazes. “A cirurgia por vídeo mudou tudo. Para hérnias lombares, fazemos cortes de meio centímetro, o que é quase microscópico. A recuperação é muito melhor”, afirmou. Ele também destacou o impacto do fortalecimento muscular: “No ano passado, tive seis pacientes com hérnias cervicais no limite para cirurgia. Cinco evitaram a operação com fisioterapia e fortalecimento adequado”.
Dr. Fabrício mencionou suas observações em cidades como Tarauacá e Feijó, onde idosos sofrem com problemas de coluna devido ao trabalho rural. Dr. Carlos explicou: “O corpo não foi feito para sobrecarga. Trabalhadores rurais enfrentam esforços repetitivos que levam à degeneração dos discos e à formação de osteófitos, os ‘bicos de papagaio’”. Sobre esses, ele esclareceu: “O bico de papagaio é o corpo tentando estabilizar a coluna. Quando o disco perde altura, o corpo cria osso para aumentar a área de contato entre as vértebras, distribuindo melhor a pressão”.
“A dor crônica é a patologia número um que vejo hoje. Para hérnias de disco, por exemplo, o tratamento conservador com medicação e fisioterapia resolve em muitos casos, mas sem um atendimento multidisciplinar, o paciente pode evoluir para dor crônica”, alertou Dr. Carlos.
Assista à entrevista completa:
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