O boi-bumbá Garantido conquistou o título de campeão do 58º Festival Folclórico de Parintins. A vitória foi confirmada na tarde desta segunda-feira (30), após a apuração das notas dos jurados na Ilha Tupinambarana, a 369 km de Manaus, no Amazonas. Representando a Baixa do São José, o boi encarnado venceu as três noites do festival, garantindo seu 33º título na história da disputa.
Com o tema ‘Boi do Povo, Boi do Povão’, o Garantido levou para o Bumbódromo uma celebração das raízes amazônicas e da força do povo tradicional, com espetáculos que uniram crítica social, espiritualidade e exaltação cultural. Cada uma das três noites apresentou subtemas que dialogaram com a ancestralidade, a resistência e a identidade popular.
Primeira noite
Na estreia, o Garantido levou a Lenda Amazônica ‘Tapyra’yawara’. Um dos pontos altos foi a apresentação da nova rainha do folclore, Lívia Christina, na alegoria ‘O Povo Negro da Amazônia’, que deu visibilidade à herança afro-amazônica.
A segunda apresentação do boi encarnado começou em clima de carnaval, com a presença de um casal de mestre-sala e porta-bandeira, unindo o samba carioca ao boi-bumbá. Isabelle Nogueira, a cunhã-poranga, brilhou em uma indumentária inspirada no urubu, reforçando a simbologia da vida e da morte nos povos da floresta.
A apresentação teve ainda um momento de forte impacto político e cultural com a toada ‘Olhar de Curumim’, cantada por David Assayag. A música denuncia o genocídio indígena e, durante sua execução, o Garantido formou uma bandeira do Brasil humana no centro da arena.
Na noite decisiva, o Garantido encerrou sua participação com o espetáculo ‘Garantido, o Boi do Brasil’, enaltecendo a cultura popular como símbolo de resistência nacional. O início trouxe uma homenagem aos bois de outras regiões do país, seguida pela lenda de Iara, encenada por Lívia Christina.
A toada ‘Vermelho’, em tributo a Chico da Silva, emocionou o público, enquanto um desfile de artesãs indígenas ressaltou o protagonismo feminino ancestral. A apresentação se encerrou com um ritual de cura do povo Tukano, encerrando o festival com espiritualidade e emoção, apesar de pequenos problemas técnicos com algumas alegorias.