“Atenção, seu Raimundo [nome fictício], na Colocação Papiri…” Era assim que, aos sábados, Reginaldo Cordeiro dava voz à saudade e ao reencontro, conectando famílias e amigos separados pelas grandes distâncias e pelas peculiaridades das regiões mais remotas do Acre.
Com sua voz inconfundível, Reginaldo levava informações que ultrapassavam os limites do rádio, com o compromisso de quem sabia que, para muitos ouvintes, aquele era o único meio de comunicação possível.
No programa Correspondente Difusora, transmitido pela rádio Difusora Acreana, era ele quem anunciava notícias sobre o estado de saúde de um parente, o nascimento de um filho, notas de falecimento ou até mesmo recados do tipo “não esquece de comprar açúcar e sabão”.
O programa fazia a “ponte” entre os que estavam isolados e os que esperavam notícias, e era através da voz de Reginaldo que a barreira da distância era rompida, fazendo ecoar pelos rios e seringais, a certeza do outro lado tinha alguém aguardando notícias.
A importância desse trabalho está registrada no documentário A Voz das Selvas, produzido e roteirizado por Amarildo Bassi, José Costa e Landsteyner Weyner, com direção e edição de Nicola Di Grazia.
No vídeo, Inácio Santos, morador do Rio Purus, resume o sentimento de muitos. “O programa do Reginaldo é legal demais, que a gente ouve as mensagens. […] Eu queria, Reginaldo, que vocês mandassem uma mensagem, e lembrasse da gente aqui (Rio Purus)”, disse, na época. Pedido que foi prontamente atendido.
Reginaldo Cordeiro faleceu neste sábado (28), em Rio Branco. O radialista acreano conhecido como o “Rei do Brega” faleceu aos 72 anos.
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