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Do Vale do Silício chinês ao Acre: ZPE pode se tornar ponte estratégica com a Ásia

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Da redação ac24horas

Com uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) autorizada desde 2007, fruto de um projeto do então governador Jorge Viana, e uma rota que conecta o estado diretamente ao Oceano Pacífico, o Acre tem agora uma chance concreta de ocupar seu lugar no mapa das exportações brasileiras.


“O Acre não pode perder novamente essa oportunidade. Vivemos uma janela de oportunidade que pode mudar a história das exportações do nosso estado. Temos localização e temos uma ZPE já criada. Precisamos fazer dela um motor de desenvolvimento, está tudo pronto, mas é preciso agir”, afirmou Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.


Enquanto Shenzhen, no sul da China, se consolidava como um dos maiores polos tecnológicos do mundo após ser escolhida como a primeira Zona Econômica Especial (SEZ) do país, em 1980, o Acre vislumbrava um caminho semelhante, apostando no comércio exterior como vetor de desenvolvimento.


A ZPE do Acre, localizada em Senador Guiomard, foi concebida com o objetivo de atrair investimentos produtivos voltados à exportação e posicionar o estado como uma nova porta de saída do Brasil para o mundo.


“Nessa agenda que eu fiz na China, fiz questão de tratar tanto da perspectiva da ferrovia quanto da importância e da oportunidade que temos de fato de implementar a ZPE, que foi concebida na época em que eu fui governador do Acre. Depois chegou o projeto seguiu no governo do governador Binho e nossos governos, mas não foi implementada. O melhor caminho para fazermos uso pleno da Estrada do Pacífico, que também foi concebida na minha gestão, em parceria com o presidente Fernando Henrique Cardoso e depois com o presidente Lula, é ativar essa ZPE e integrá-la ao esforço nacional de exportação”, destacou Viana.


Esse potencial se fortalece agora com a entrada em operação do Porto de Chancay, no Peru, uma megainfraestrutura logística na costa do Pacífico, que se conecta ao Acre pela Rodovia Interoceânica (BR-317). Essa rota representa um novo corredor logístico para o Brasil, encurtando o tempo de exportação para a Ásia e abrindo caminho para reposicionar a Amazônia no comércio internacional.


A inspiração vem de Shenzhen, onde está instalada a gigante da tecnologia e logística Meituan, responsável por cerca de 90 milhões de entregas diárias na China. Em missão recente à cidade, o presidente da ApexBrasil anunciou o terceiro endereço da Agência na China, agora também presente em Shenzhen. Esse é um desdobramento de um anúncio realizado em maio deste ano, durante o Fórum Empresarial China Brasil que contou com a presença do presidente Lula. Outro desdobramento e o anúncio da entrada da Meituan no mercado brasileiro, com um investimento de R$ 6 bilhões por meio do aplicativo Keeta.


Outro passo importante será dado ainda este ano: está prevista a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a ApexBrasil, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o governo de Shenzhen, para implantação das Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) já criadas. “A participação do governo da cidade de Shenzhen é essencial no ensinamento de como operar, já que é a mais eficiente estrutura implantada no mundo”, afirmou Jorge Viana.


A medida reforça o compromisso institucional com o modelo de integração produtiva voltado ao mercado externo, e pode dar novo fôlego à ZPE do Acre dentro de uma estratégia nacional mais ampla.


“A ideia de termos agora um escritório da Apex em Shenzhen é justamente essa: permitir que, não só a ZPE do Acre, mas outras demandas do Brasil, possam se tornar realidade. Aprendemos com o que foi feito aqui nos anos 80, o desenvolvimento a partir das Zonas Econômicas Especiais, e, como presidente da ApexBrasil, estou empenhado em trazer empresas brasileiras para atuarem em parceria com empresas chinesas, instaladas neste polo de livre comércio. Queremos transformar expectativas em realizações concretas para a população”, concluiu Jorge Viana.


Com o alinhamento entre diplomacia econômica, infraestrutura logística e uma estratégia assertiva de atração de investimentos, a ZPE do Acre pode, enfim, cumprir o papel para o qual foi concebida : integrar o estado às cadeias globais de valor e transformar a Amazônia em um novo eixo estratégico do comércio internacional, especialmente com os países do Pacífico e do Sudeste Asiático.


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