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Francisco Piyãko diz que bioeconomia “é como viver sem destruir a floresta”

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Da redação ac24horas

Durante participação no Seminário Internacional Txai Amazônia, que começou nesta quarta-feira, 25, em Rio Branco, o líder indígena Francisco Piyãko, representante do povo Ashaninka do Acre, afirmou que a chamada bioeconomia, hoje debatida como inovação pelo mundo ocidental, já é parte natural da forma de vida dos povos originários da Amazônia.


Em entrevista ao ac24horas Play, o líder indigena afirmou que o conceito nada mais é do que a própria lógica tradicional de relação equilibrada com a floresta.


“Eu acho que os povos indígenas em si têm um sistema de comércio interno que é diferenciado e é muito ligado à própria natureza. Quando vocês estão agora falando da bioeconomia, talvez vocês estão se aproximando, essa cultura não indígena, de um mundo da realidade indígena”, declarou.


Segundo Piyãko, para os povos da floresta, a bioeconomia é algo intuitivo e ancestral. “Por isso que, para nós, falar de bioeconomia é muito simples, é como você viver numa relação de extrair da floresta com sustentabilidade, sem destruir. Então eu acho que a bioeconomia tem essa intenção de criar uma cultura de que na bioeconomia você é uma relação do comércio da floresta com esse mundo aqui fora”, ressaltou.


Questionado sobre como a bioeconomia pode ser efetivamente estimulada no Acre, ele explicou. “Eu acho que é tudo. Ao mesmo tempo que é antigo, é muito novo, essa aproximação. O que a gente está vendo agora é um momento de encontro entre a ciência do homem branco com os saberes da floresta, com a tradição da floresta. Então esse é um encontro”, explicou.


O líder também destacou o diálogo crescente entre comunidades tradicionais e o setor empresarial: “O outro são os empreendedores, as empresas também dialogando com a sabedoria da floresta. Eu acho que esse ponto de encontro, um ponto como esse, é um momento de fazer uma grande reflexão sobre esses dois mundos. A floresta não é só a floresta verde como você vê, é um mundo muito complexo que é preciso ser entendido”, argumentou.


Francisco Piyãko também abordou as relações comerciais atuais envolvendo produtos da floresta. Ele ponderou que nem sempre os valores pagos aos povos indígenas são justos, mas há avanços. “Eu acho que tem vários níveis de mercado. Quando você tem um mercado que leva em conta o valor agregado de quem está na floresta, que tudo o que faz é para dar sustentabilidade a essa natureza e também ali agregado o conhecimento tradicional, isso é um mercado que compensa, é um mercado que dá retorno para a floresta”, explicou.


O Seminário Internacional Txai Amazônia ocorre até sábado, 28, com atividades no espaço eAmazônia da Universidade Federal do Acre. A programação inclui 15 painéis temáticos, mostra de bioeconomia, feira de empreendedores e apresentações culturais com artistas da Amazônia e países vizinhos, como Peru e Bolívia. O evento é gratuito e tem como foco a promoção de políticas públicas e modelos sustentáveis de desenvolvimento para a região.


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