Foto: Pedro Devani/Secom
A área atingida pela seca no Acre passou de 40% para 64% entre abril e maio deste ano, segundo a última atualização do Monitor de Secas, divulgada na terça-feira (24), pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Com esse avanço, o estado registrou o maior percentual de área seca da região Norte no mês de maio, com a severidade do fenômeno também em crescimento: a seca moderada subiu de 18% para 20% do território acreano.
O levantamento aponta que, apesar da melhora da situação em alguns estados, o fenômeno se intensificou em oito unidades da federação, incluindo o Acre. Outros estados com agravamento foram Maranhão, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
Diante do avanço da estiagem, o governo estadual tem reforçado ações de prevenção e enfrentamento. No dia 18 de junho, foi realizada a 3ª Reunião Técnica de Ações Integradas, promovida pelo Gabinete de Crise e pelo Grupo Operacional de Comando e Controle (Gocc), no Museu dos Povos Acreanos, em Rio Branco. O encontro reuniu representantes de instituições ambientais, Defesa Civil e pesquisadores que apresentaram projeções para os próximos meses.
Durante a reunião, foram apresentados dados do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), que ajudam na gestão de riscos durante a seca. Entre as ações destacadas pela Defesa Civil estadual estão a formação de brigadas comunitárias em áreas de conservação, a Operação Contenção Verde — voltada ao combate ao desmatamento e às queimadas ilegais — e a implementação de planos de contingência.
“O Gabinete de Crise conta com mais de 26 instituições que se reúnem periodicamente para discutir estratégias operacionais. Com base nos indicadores dos anos de 2023 e 2024, estamos nos organizando para mitigar os efeitos da seca em áreas críticas como saúde pública, combate a incêndios florestais e abastecimento de água, com foco especial no saneamento básico”, afirmou o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista.
Ele ressaltou ainda que o agravamento da seca já era esperado e que o monitoramento está sendo feito de forma contínua. “Maio costuma ser mais seco que abril, e a tendência de redução das chuvas se mantém nos meses seguintes, junho, julho, agosto e setembro, o que naturalmente favorece a expansão das áreas afetadas pela seca”, explicou. “No Amazonas, por exemplo, os níveis dos rios estão um pouco mais altos, o que explica uma área seca proporcionalmente menor em relação ao Acre. Mas esse comportamento segue um padrão esperado.”
Segundo o coordenador, há uma preocupação com a possibilidade de um cenário mais severo nos próximos meses. “Esses efeitos atingem diretamente o abastecimento de água e o transporte de itens essenciais para municípios de difícil acesso. Por isso, estamos promovendo discussões integradas entre as instituições, a fim de tomar decisões conjuntas que ajudem a reduzir os impactos sobre a população em todo o estado do Acre.”
O Monitor de Secas acompanha a evolução da estiagem em todo o país e serve como base para o planejamento de políticas públicas. O mapa mensal é construído a partir da colaboração entre estados e instituições parceiras e está disponível no site monitordesecas.ana.gov.br e no aplicativo gratuito Monitor de Secas, para Android e iOS.
Foto Agência de Notícias do Acre