Foto: Cristiano Bastos, delegado I Whidy Melo/ac24horas
O delegado Cristiano Bastos, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que está à frente das investigações sobre o atropelamento e morte de Juliana Chaar Marçal, de 36 anos em frente a uma casa noturna em Rio Branco, e dos disparos de arma de fogo efetuados pelo advogado e amigo de Juliana, Keldheky Maia da Silva, na mesma cena, no último sábado (21), disse ao ac24horas que todos os envolvidos na ação prestarão novos depoimentos e caso haja o entendimento de que alguém mentiu durante a primeira declaração na Delegacia de Flagrantes (DEFLA), o depoente poderá ser indiciado pelo crime de falso testemunho.
Entenda o caso:
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No inquérito ao qual o ac24horas teve acesso, o casal João Felipe de Oliveira Mariano e Bárbara Maués Freire – ambos advogados – disseram não lembrar ou não ter visto nem ouvido disparos de uma arma utilizada por Keldheky. Os três estavam juntos a Juliana Chaar tanto na casa noturna quando na confusão que se sucedeu lá fora. João Felipe disse que não se lembra de ter escutado algum disparo de arma de fogo no local e que não viu ninguém efetuando disparo.
Trecho do depoimento de João Felipe I depoimento/obtido pelo ac24horas
Já a esposa dele, Bárbara Maués, disse à autoridade policial que não viu ninguém armado no local nem que tenha ouvido disparos de arma de fogo. Keldheku Maia optou por ficar em silêncio. Ocorre que as imagens que surgiram da cena dos crimes após os depoimentos mostram João Felipe, Bárbara Maués e Juliana Chaar, literalmente a centímetros de distância de Keldhecy durante os disparos, tornando improvável que nenhum dos dois tenha ouvido ou visto os disparos.
Trecho do depoimento de Bárbara Maués I depoimento/obtido pelo ac24horas
“Se foi identificado que as pessoas mentiram em depoimento, esse depoimento foi narrado lá na delegacia flagrante, cabe o delegado de lá tomar alguma providência, caso ele entenda que os depoentes faltaram com a verdade ali. Agora, aqui na DHPP nós temos as imagens e saberemos como e as circunstâncias em que foram realizados os disparos. As pessoas têm o compromisso legal de dar esse depoimento verdadeiro, toda pessoa que presta um depoimento é advertida sobre a obrigação de falar a verdade, sob pena de responder um processo por falso testemunho. Se no curso da investigação a gente entender alguém faltou com a verdade, pode ser indiciado pelo crime de falso testemunho”, afirmou Cristiano Bastos.
A advogada Bárbara Maués Freire é a primeira advogada a presidir o Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Acre, cadeira que ocupa até hoje, além de ser procuradora de Justiça Desportiva do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol no Acre. Sobre ter ou não visto Keldheky Maia portar e atirar durante a confusão na rua da casa noturna, ao ac24horas na tarde desta segunda-feira (23) ela disse que o que afirmou em depoimento foi que não tem lembrança nenhuma do ocorrido, e que deixou isso claro à autoridade policial, embora o que conste no seu depoimento seja o que a matéria descreve no segundo parágrafo desta reportagem.
“O que eu falei é que não lembro de ter visto ou escutado. Eu não tenho lembrança nenhuma do ocorrido, eu deixei isso bem claro no meu depoimento. Eu fui agredida, perdi minha irmã, é natural que eu não me lembre. Se você acha que deve fazer essa matéria tendenciosa para levantar suspeita contra mim, que sou vítima, faça. Nada vai ser pior do que a dor que já estou sentindo pela partida da minha irmã”, afirmou a advogada.
A reportagem tentou contato com João Felipe, mas o telefone está indisponível. Um recado foi deixado no WhatsApp e o jornal está disponível caso ele queira dar sua manifestação.
Keldheky Maia é sócio do presidente da OAB/AC, Rodrigo Aiache, numa empresa de consultoria e assessoria jurídica.