Prédio fica em chamas no centro de Israel após novos ataques do Irã • Magen David Adom
Irã e Israel trocaram novos ataques na manhã deste sábado (21), no horário local, um dia depois de Teerã rejeitar negociar seu programa nuclear enquanto estiver sob ameaça e a Europa tentar manter as negociações de paz vivas.
Pouco depois das 2h30 da manhã em Israel (20h30 de sexta-feira, no horário de Brasília), o Exército israelense alertou sobre um bombardeio de mísseis do Irã, disparando sirenes de ataque aéreo em partes do centro de Israel, incluindo Tel Aviv, bem como na Cisjordânia ocupada por Israel.
Interceptações eram visíveis no céu sobre Tel Aviv, com explosões ecoando pela área metropolitana enquanto os sistemas de defesa aérea de Israel respondiam.
Ao mesmo tempo, Israel lançou uma nova onda de ataques contra locais de armazenamento e lançamento de mísseis no Irã, disseram os militares israelenses.
Sirenes também soaram no sul de Israel, disse o Magen David Adom, serviço nacional de emergência de Israel. Um oficial militar israelense disse que o Irã disparou cinco mísseis balísticos e que não havia indícios imediatos de impactos de mísseis.
De acordo com a mídia estatal iraniana, duas pessoas morreram após um bombardeio israelense contra um prédio residencial na cidade sagrada de Qom.
Não houve outros relatos iniciais de vítimas.
O serviço de emergência israelense divulgou imagens mostrando um incêndio no telhado de um prédio residencial de vários andares no centro de Israel.
A mídia local noticiou que o incêndio foi causado por destroços de um míssil interceptado.
Israel começou a atacar o Irã na sexta-feira passada, alegando que seu inimigo de longa data estava prestes a desenvolver armas nucleares.
O Irã, que afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos, retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel.
Acredita-se amplamente que Israel possua armas nucleares. Israel não confirma nem nega isso.
Seus ataques aéreos mataram 639 pessoas no Irã, de acordo com a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos, uma organização de direitos humanos com sede nos EUA que monitora o Irã. Entre os mortos estão o alto escalão militar e cientistas nucleares.
Em Israel, 24 civis foram mortos em ataques de mísseis iranianos, de acordo com autoridades.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os números de vítimas de nenhum dos lados.
Negociações com o Irã mostram pouco progresso
O Irã tem repetidamente como alvo Tel Aviv, uma área metropolitana de cerca de 4 milhões de pessoas e centro econômico e empresarial do país, onde também estão localizados alguns ativos militares críticos.
Israel disse que atingiu dezenas de alvos militares na sexta-feira, incluindo locais de produção de mísseis, um órgão de pesquisa que, segundo ele, estava envolvido no desenvolvimento de armas nucleares em Teerã e instalações militares no oeste e centro do Irã.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que não havia espaço para negociações com os EUA “até que a agressão israelense cesse”.
Mas ele chegou a Genebra na sexta-feira para conversas com ministros das Relações Exteriores europeus, nas quais a Europa espera estabelecer um caminho de volta à diplomacia.
O presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou na sexta-feira que levaria até duas semanas para decidir se os Estados Unidos devem entrar no conflito ao lado de Israel, tempo suficiente “para ver se as pessoas recobram o juízo”, disse ele.
Trump disse que é improvável que pressione Israel a reduzir seus ataques aéreos para permitir que as negociações continuem.
“Acho que é muito difícil fazer esse pedido agora. Se alguém está ganhando, é um pouco mais difícil do que se alguém está perdendo, mas estamos prontos, dispostos e capazes, e temos conversado com o Irã, e veremos o que acontece”, disse ele.
As negociações de Genebra produziram poucos sinais de progresso, e Trump disse duvidar que os negociadores conseguiriam garantir um cessar-fogo.
“O Irã não quer falar com a Europa. Eles querem falar conosco. A Europa não vai poder ajudar nisso”, disse Trump.
O enviado de Israel às Nações Unidas, Danny Danon, disse ao Conselho de Segurança na sexta-feira que seu país não interromperia seus ataques “até que a ameaça nuclear do Irã fosse desmantelada”.
O enviado do Irã à ONU, Amir Saeid Iravani, pediu ação do Conselho de Segurança e disse que Teerã estava alarmada com os relatos de que os EUA poderiam se juntar à guerra.
Rússia e China exigiram redução imediata da tensão.
Um alto funcionário iraniano disse à Reuters que o Irã estava pronto para discutir limitações ao enriquecimento de urânio, mas que rejeitaria qualquer proposta que o impedisse de enriquecer urânio completamente, “especialmente agora, sob os ataques de Israel”.